Alô pessoal! Pensou que eu ia deixar de reportar para vocês o material propagandista especial dos Jogos Vorazes de 2015? Pois é! Não poderia deixar, até porque a campanha já começou com força total e como tal, merece um post aqui, especial para mostrar os detalhes:
A gente já começa com o excelente teaser trailer que foi lançado em março e já mostra vários detalhes de um final que parece ser eletrizante, cheio de ação e muita transformação em Panem, fora os jogos políticos, que tão bem marcaram essa saga. Vai ter casamento, morte a doidado, ostentação e claro muita coragem.
Depois tem os dois primeiros teasers posters sobre o que esperar nessa parte final. O primeiro é o que vem sendo divulgado desde o ano passado, onde vemos o tordo completamente livre e em chamas. O segundo é a estátua de Snow completamente destruída e atrás uma pichação do símbolo da revolução, bem aos moldes das imagens geradas pelo aplicativo, Nosso Líder o Tordo. Por sinal estou ansiosa para atualizações nesse app!
A terceira novidade é a campanha #unite, em que em lugares estratégicos do mundo (segundo a fanpage serão 25) você vai se deparar com uma das imagens abaixo, de mãos fazendo o símbolo dos tributos _|||_. O convite da ação é que qualquer um pode fazer a sua saudação e postar nas redes sociais com a #unite e/ou fotografar os locais onde os outdoors com as imagens originais forem vistos.
E aí, o que você achou das ações até agora? Vai se juntar à revolução?
Campeã de críticas positivas, porém não tanto de audiência, a novela Sete Vidas de Lícia Manzo mantém a linha humanista e reflexiva do cotidiano, já vista é muito bem explorada pela mesma autora em A vida da Gente.
Sete Vidas é exatamente isso, uma comprida reflexão sobre a família, amigos, liberdades e amores muito próximos da família média brasileira, organizada de forma dialogal para dar ênfase nessas questões e transformar o banal em extraordinário, sem usar de artificialidades ou grandes acontecimentos.
Sim, porque a novela de Lícia passa a constante impressão de que não acontece nada. De que os grandes momentos ali representados são tão simples e ordinários que poderiam, com o perdão do trocadilho, acontecer na vida da gente. A mãe que, do seu jeito torto e precário ama sua filha; os irmãos extremamente opostos que se degladiam para se entenderem; a mulher muito bem sucedida profissionalmente, que precisa fazer escolhas significativas para ser mãe; entre tantos outros personagens, complexos personagens, que de tão próximos das pessoas que 'conhecemos', faz com que nos identificamos e também nos perdemos em tais semelhanças.
Esses complexos personagens não são apenas identitários para nós, mas são também cheio de nuances, que determinam quem eles são e pelo que serão responsáveis. As cenas, que são firmadas em situações corriqueiras, guardam a ação extraordinária, para dar espaço a reflexao de atitudes, escolhas e momentos, sempre com a noção de que tais escolhas é que são determinantes do que vai acontecer e como vai acontecer; bem parecido com a forma como a nossa vida parece funcionar.
Apesar de se usar de gatilhos ou motes centrais, os personagens de Lícia estão bem longe dos estereótipos da teledramaturgia, isso porque a autora parece optar por montar seu "mundo" em camadas, as quais conhecemos de modo significativo o motivo de elas serem relevantes, realmente entrando em todas as razões que fazem desses personagens indispensáveis para trama e, principalmente, tangíveis para nós que acompanhamos o enredo.
Talvez por conta desse mundo construído através de camadas, ao final de Sete Vidas é possível ser arrebatado por uma vontade de avaliar nossas próprias camadas, isto porque Lícia tem um texto verdadeiramente poético, onde mistura com sabedoria as conversas banais e corriqueiras, com intensas reflexões sobre hipocrisias, manias e dramas, que de tão pessoais podem ser universais. Particularmente, não tem um dia que eu não veja a novela e que nao me surpreenda com o fato daquilo ter tanto a ver comigo e o fato de não acontecer nada, na verdade, ser capaz de determinar incríveis acontecimentos nas vidas daqueles que se deixam levar pela delicadeza textual de Lícia e sua visão complexa de uma vida. Ou de sete. Ou de muitas.
Se em "Amarga Despedida" fiz questão de dar ênfase em todos os motivos pelos quais Em Família deixou a desejar, nesse texto aproveito para levantar que Lícia talvez seja a verdadeira herdeira de Manoel Carlos, em seus anos áureos, achando eu que supera o mestre, mesmo partindo de um núcleo igual, quando priorizava a família, suas questões internas e seus loops eternos em tentar compreender o ser humano. O ser humano que vive ao seu lado. O ser humano que você é. E é simplesmente ótimo encontrar uma autora que se encaixe no meu desencaixe.
Não ache você que eu esqueci do "Música de Orkut", não! É que na verdade estou numa vibe tão fílmica esses tempos (e meio que desde que nasci) que nunca mais organizei minha biblioteca musical para cavar algum cantor que eu tenha conhecido pela extinta rede social. Mas aqui vai mais um ótimo exemplo de cantora que conheci pelas comunidades: Marit Larsen.
Vinda diretamente da Noruega, Marit Elizabeth Larsen é uma cantora, compositora e musicista de mão cheia. De voz delicada e presença doce, Marit está no mercado fonográfico desde muito nova, chegando a fazer parte da extinta M2M, em que cantava com Marion Raven e que lhes rendeu uma música na trilha sonora do primeiro filme de Pokémon Don't Say You Love Me. Em 2006, quando partiu para uma carreira solo, conseguiu ganhar certa notoriedade com a música Under the Surface (sendo com esta música que essa que vos fala conheceu o trabalho da moça), logo depois com a Only a Fool e Don't Save me. Todas do seu primeiro álbum Under the Surface.
O estilo da moça é bem parecido com a tão citada aqui Nina Nesbitt, Jadyn Maria (antes da mudança citada aqui), Vanessa Carlton, Joyce Jonathan, Leighton Meester e outras cantoras que priorizam uma sonoridade mais leve, com batidas feitas com um violão acústico ou um piano sem distorção. Algumas pessoas diriam que Marit faz o estilo indie, relacionando-a à Zooey Deschannel, mas é bem mais perceptível as influências do popdos anos 60 de estilo radiofônico, que do indie.
Sonoridade que ficou muito evidente no segundo álbum solo da moça, intitulado The Chase, possui músicas deliciosas como The Chase, If a song could get me you, This is me and this is you, I've heard your love songs e Solid Ground (favorita dessa que vos relata). O álbum foi o suficiente para deixá-la nas paradas, sendo muito bem considerada nesse meio, fazendo-a lançar uma re-produção de The Chase, com o nome If a song could get me you, que foi o single mais bem vendido da primeira versão do cd.
Ano passado a moça lançou o When the Morning Comes, que eu considero o seu trabalho mais maduro e mais completo, com as músicas mais bem produzidas e sonoridades mais complexas, explorando o potencial vocal dela com mais intensidade. Faith & Science é um presente audível, assim como Please don't fall for me, Traveling Alone e I don't want to talk about it.
Clique na imagem do álbum para ouvir um sample das músicas do novo álbum de Marit. As músicas mais antigas citadas no post estão com links para você ouví-las no Youtube.
O filme Projeto Almanaque, que está na minha lista de 15 filmes para o 1º semestre de 2015 acabou saindo melhor que a encomenda e por isso mereceu um post aqui, com muita admiração pela forma como um bobo drama adolescente conseguiu se desligar desse fator e se tornar uma boa discussão sobre escolhas, futuro e passado. Mesmo que a primeira parte do filme seja um pouco lenta.
Projeto Almanaque conta a história de cinco jovens que descobrem indícios de construção de uma máquina do tempo. Os personagens, se envolvem no projeto por diferentes razões e motivações, mas David (Jonny Weston) é quem leva a ideia para frente, acreditando piamente que essa máquina é a sua chance para entrar na faculdade, pagar suas contas e conseguir o que quer. O que inclui Jessie (Sofia Black-D'Elia). Sim, as motivações iniciais de todos eles são bastante adolescentes, assim como as suas próprias viagens no tempo, que são movidas por desejos de curtidas no facebook, vingança contra bullying, a oportunidade de aumentar uma nota e assim por diante.
A questão que logo salta os olhos, é que o filme é todo filmado com uma câmera participante, dando a noção de que é constituído por séries de planos sequências, havendo uma aparente despreocupação quanto à estética, ou mesmo a organização da cena, mesmo que percebamos que não é bem assim. Também não somos como uma terceira figura na história, que apenas observa o movimento desses personagens, somos personagens, que realmente tem algo a ver e algo a dizer sobre cada um desses momentos.
O filme também é um ótimo presente para quem é fã de Sci-Fi e filmes com a temática de viagem no tempo, uma vez que eles vão citando vários durante a narrativa, além de prestar claras homenagens ao De volta para o futuro, provavlemente por que o futuro do 2º filme, dirigido por Robert Zemeckis, é 2015.
Interessante ressaltar que, mesmo com as suas conexões diretas com antigos filmes desse tipo, Projeto Almanaquedeixa espaço para diversas interpretações sobre o motivo da máquina funcionar e sobre o próprio tempo, a minha interpretação é de que, apesar da relatividade, o tempo é cíclico e a questão do efeito borboleta é quase fixa, significando que o passado sempre determina um futuro, não necessariamente o mesmo, mas um aspecto dele, que não pode ser alterado, apenas redirecionado ou guardado para mais tarde. O filme trata muito bem da questão das camadas espaço-temporais e graças a elas que essa ideia de que o passado é sempre o mesmo e por isso vai determinar uma parte do futuro, é possível, afirmando a ideia de que independente de quantas vezes você retorne, certos eventos vão acontecer. Inevitavelmente.
O filme Projeto Almanaque integra a minha lista de 24 filmes para 2015, proposto pelo Blogs que Interagem, na categoria Tecnologia.
Mais um retrato que disserta sobre a geração que tem tudo, About Alex é um delicado filme que "não acontece nada", ao mesmo tempo que escancara medos, dramas e questões filosóficas sobre a própria vontade de ser alguém, de não perder contato com quem se ama e viver das efemeridades do mundo, sem vontade de vivê-las, realmente.
About Alex conta a reunião de seis amigos de faculdade, em torno de Alex (Jason Ritter), o sensível e artístico amigo deles que, por alguma razão tentou suicídio. Neste grupo temos Ben (Nate Parker) e Siri (Maggie Grace) um casal aparentemente sólido e que estão juntos desde a universidade; Josh (Max Greenfield), o desbocado e cético acadêmico que seguiu a sua vida duvidando de tudo e usando como mote principal o "low expectations, low frustrations"; Sarah (Aubrey Plaza), uma leal, porém depressiva advogada que não vê sentido na vida, apenas na comida, e Isaac (Max Minghella) o bem sucedido advogado, que mantem um relacionamento intenso com a jovem Kate (Jane Levy), o que coloca todos os seus amigos de orelha em pé, por ela ser tão jovem e tão crente num futuro promissor.
A partir do gatilho de algo que aconteceu com um dos amigos, todos estes personagens flutuam ao redor de Alex e também de si mesmos, batendo de frente com os seus próprios demônios, suas próprias dúvidas, além de ficarem certos da clara irrelevância que eles próprios têm dado às suas vidas. Essas vidas têm se mantido em compensações, reclamações, depressões, descontentamentos e bloqueios. Logo o passado (ou uma parte dele) é desvelado para nós (e também para Kate, que é uma estranha na reunião) e percebemos o quanto são pessoas com questões mal resolvidas, planos adiados e paixões não realizadas.
Assim como o gatilho de Alex funciona para reuní-los e mostrar tudo isso, também funciona para que eles passem a ter a necessidade de seguir em frente, mudando alguma coisa, impulsionados por uma excelente trilha sonora, que faz o extracampo de cenas melodiosas para que nos fixemos nos olhares, nas suspeitas e nos sorrisos.
E num retrato sensível de relações nos moldes contemporâneos, About Alex não trata apenas de redenção, mas trata de significado e da primária diferença entre ser sozinho e ser solitário. A metáfora é a de limpar a nossa própria bagunça, mas se permitindo pedir ajuda. Se permitir sentir que precisa pedir ajuda. Acho que a grande leveza da história está justamente em mostrar que, apesar de ser uma geração que tem tudo, essa mesma geração tem medo de sentir o mundo a flor da pele, porque se jogar pode signficiar sair deveras machucado. Muitas vezes machucado por si mesmo.
Um filme que narra três histórias de amor e não necessariamente só disso. Este é Stuck in Love.
Quando eu descobri que existia um filme no mundo em que Lily Collins e Logan Lerman atuavam juntos e como um casal, não podia deixar de correr para assistir e me deliciar com os devaneios de tê-los interpretando Olívia e Viktor em uma futura-possível-imaginável-propensa-quero-muito-que-se-realize adaptação de A Irmandade das Olívias para o cinema. Acabou que me deparei com um filme interessante, delicado e bastante digno de um post à lá "eu indico" aqui no Mesa.
Stuck in Love conta a(s) história(s) de um pai e seus dois filhos em torno dos (des)encontros e (des)crenças sobre o amor. Isso porque cada um deles tem a sua própria interepretação do que significa estar apaixonado, bem como cada um deles deixa-se levar por aspectos diferentes do que é entregar-se a relacionamentos, mesmo que eles sejam fugazes, dolorosos, reais, intensos e, em certo termo, decepcionante. Assim, seguimos Bill (Greg Kinnear), Sam (Lily Collins) e Rusty (Nat Wolff) em suas próprias descobertas sobre o tema.
Bom, não vou me ater às questões de cada um, mas é interessante perceber como elas se sobrepõe e complementam umas as outras, desde o medo de amar, até se apaixonar completamente e o ato de esperar, nos fazendo questionar em que medida estamos envoltos de um amor que realmente significa algo, ou apenas um joguete da própria humanidade que está intríseca em todos nós, de querer alguém e não nos sentirmos tão sozinhos no mundo. Nesse momento vale ressaltar a personagem de Lily Collins, Sam. Sam é uma perfeita descrente quanto às potencialidades do amor, isso porque viveu o drama da separação dos pais de forma muito intensa, não acreditando que isso poderia dar certo para ela. Seu mote é "evite o amor a qualquer custo", sendo exatamente o que ela faz, até que o seu caminho se cruza com o de Lou (Logan Lerman), que "cheira a romance e boas intenções", levando-a a se soltar de modo gradual e entrar nessa nova aventura. Está certo que em termos práticos a relação dos dois é bastante clichê desse estilo de filme, mas é importante notar como os diálogos dos dois são afiados, enquanto Lou tenta mostrar para Sam que não é sempre que você sairá ferrado de uma relação, mesmo que isso signifique jogar na cara de Sam seus próprios cinismos.
Falando em relação, de fato o centro do filme são as relações românticas, mas vale dizer também, que o constante estado de negação que uma pessoa que passou por um final muito abrupto, também é bastante trabalhado, enquanto nos enrolamos na situação digna de pena de Bill, preso em um passado que não parece ser sadio.
Embaladas por uma trilha sonora incrível, que passa por Elliot Smith, Beatles e Edward Sharpe & The Magnetic Zeros, Stuck in love tem diversas camadas, mas faz questão de deixar todas elas abertas, para que não sejamos julgados por nossas interpretações e nem julguemos a dos envolvidos, isto porque o ano que segue na película é, além de conturbado, bem recheado de reviravoltas, onde nem tudo é o que parece ser, ao mesmo tempo em que algumas coisas são exatamente da forma como se espera que a sejam.
Do outro lado vemos como Rusty se joga bravamente em um relacionamento: "I'm a sucker for happy endings" (Sou um bobalhão por finais felizes) ele diz em certo momento, mas conforme o filme se encaminha passamos a perceber que esses finais felizes não são exatamente o que a gente espera, ou mesmo que nem um final seja, de verdade. Afinal das contas, para um escritor (que é caso dos três personagens) o que importam são as experiências...
Com 12 músicas, o café pra ouvir desse mês tem músicas pra dançar só, dançar acompanhado, curtir só, jogado no sofá, ou mesmo no busão. Ela também revela as duas bandas favoritas minhas dessa temporada de Superstar, assim como os vícios fílmicos desse período "Begin Again", "The Last 5 years" e "Pitch Perfect 2". Tem também Tiê, Maria Gadú, Sabrina Carpenter e Two Door Cinema Club para te deixar relaxadinho, curtindo Junho delicadamente.
Com uma premissa que vai um pouco na contramão dos filmes neste estilo, Bachelorette (4 amigas e um casamento) se centra na despedida de solteira de Becky (Rebel Wilson), organizada por suas três melhores amigas do High School, Regan (Kirsten Dunst), Gena (Lizzy Caplan) e Katie (Isla Fisher). Acontece, porém, que as três amigas na verdade estão se sentindo completamente subjulgadas e diminuidas pelo fato de Becky, entre todas elas, estar se casando primeiro. Pois é, de modo bem mesquinho mesmo!
Então longe de ser apenas uma comédia convencional, que acontece numa confusão sem limites de uma noite insana, esse filme foca em cada uma das moças e como elas estão tendo dificuldade de lidar, não só com o casamento da "patinho feio" da turma, mas com a própria situação de suas vidas. Becky, a gorda e fora do padrão estético vigente confia nas amigas, porque via nelas as figuras para se espelhar, pelo menos durante a adolescência e quando esse quadro começa a se inverter, as três bonitas e populares garotas percebem o quanto ser linda não significa nada, se a sua vida está um desastre.
Sim, no caso delas a vida está realmente uma droga! Elas são representações de futuros nada animadores para aqueles que, não só viveram os melhores anos na adolescência, mas acreditaram piamente nisso, se mantendo refém de um passado idealizado, enquanto tenta lidar com um presente ridicularmente deprimente e restrito à profissões sem sentido, relacionamentos por conveniência, drogas e bebidas como válvulas de escape e a solidão como única companhia.
O filme, então, usa de estereótipos como a certinha que busca a perfeição, a vadia perdida e a boyish sexy para construir um verdadeiro tapa na cara de quem pensa que as vidas delas são incríveis, usando de um gatilho para disparar a psiquê de cada uma delas, assim como escracha o comportamento medíocre de uma sociedade que finge aceitar muito bem pessoas que são diferentes do padrão (padrão de quê? padrão de quem?), desde que essa pessoa esteja 'abaixo' de mim, é claro. Mas não se engane, Becky também usa do casamento para mostrar que não é mais a "pig face" que costumava ser no colégio, justamente ao escolher Katie, Gena e, principalmente, Regan como madrinhas.
Assim, entre romances antigos, fugazes e irreais, expectativas frustradas, comportamentos ambíguos e vícios incoerentes, o grande detalhe do longa, é falar sobre parar de "mimimi" e seguir em frente, se desatrelando das idealizações do passado.
4 amigas e um casamento faz parte da minha lista de 24 filmes para 2015, proposta pelo Blogs que Interagem, na categoria Casamento.
O blog começou em 2009 e desde lá muita coisa mudou, inclusive o Google acrescentou essa ferramenta lindeza chamada Analytics, a qual a gente pode saber quais os posts mais acessados em cada ano que se passa. A ferramenta foi criada em 2010 para o blogger e desde então eu organizo, todos os anos, os 10 posts mais acessados. Confira a lista completa;
De Quentin Tarantino a Blade Runner, passando por Sucker Punch e Sin City, até desembocar em Tron e Dollhouse, o novo clipe de Taylor Swift, além de ser uma aula de pastiche, trata-se de uma clara demonstração do que vivenciamos hoje, em termos imagéticos, referenciais e subjetivos. A música é Bad Blood, o clipe é o quarto do novo álbum da cantora que começou no country e hoje dedilha as suas notas numa próxima e bastante híbrida sonoridade de pop e eletrônico. O clipe, alinear e bastante indicial "conta a história" de um grupo de matadoras de aluguel, onde dentro dela Taylor, ou Catastrophe é traída por Selena Gomez, ou Arsyn numa cena tão Matrix que dá vontade de assistir ao filme novamente.
Tá, mas alguém aqui disse que esse clipe se trata de um 'must' incrível e imperdível de originalidade e criatividade? Não exatamente, justamente porque parece que estamos cada vez mais acostumados com a noção de que referências das referências, imagens de imagens e hologramas de personagens, que não são, exatamente reais, são as grandes 'sacadas' da contemporaneidade. Bad Blood, assim, é uma (outra) aula de pastiche, entre tantas outras no mundo da cultura pop.
O que Frederic Jameson chama de Pastiche, são "as referências a conteúdos anteriores, uma imitação que copia o que já fora realizado. Essa referência não critica o anterior, não cria estilos autênticos (como certa estética modernista se propunha), e sim reaproveita a forma e o imaginário que já fora formado sobre esses elementos estéticos para ser reconhecível, digerível." (OLIVEIRA, 2010), sendo exatamente o que o clipe faz, não apenas na sua demasia de referências estéticas, mas nas referências da própria contemporaneidade e seus elementos da cultura pop, se transformando num desafio esquizofrênico reconhecer cada uma das mulheres que aparecem no clipe transvertidas de personagens como "Dilemma", "Frostbyte", "Trinity", "Destructa X" entre outros.
Nesse elenco, que os blogs chamam de estrelado, temos representantes do cinema, moda e música, fazendo com que mudemos de repertório com uma rapidez surpreendente e também, como já dito esquizofrênica. Mas que tipo de esquizofrenia estamos falando? Sim, porque o conceito patológico da mesma, não dá conta dessa sensação de presente constante, fluxo contínuo de imagens e cortes constantes. Falamos novamente de Jameson e o seu conceito de Esquizofrenia, já citado aqui no Mesa, quando resenhamos sobre Birdman; Jameson fala da Esquizofrenia de modo descritivo e não patológico, fazendo referência a um indivíduo que vive em um presente perpétuo e por conta disto não consegue se reconhecer em sua própria identidade pessoal, visto que o sentimento de identidade depende do "eu" e de "mim" através do tempo. (JAMESON, 1985; p. 21 a 23, grifo nosso). O "eu" que se perde atráves de uma identidade que não se reconhece em lugar nenhum e que se dilui em reinterpretações ralas de si mesmo. Ralas, no caso do clipe, porque a apresentação de tantas personas na verdade não serve para que uma narrativa seja desenvolvida e sim, se perde na pretensão de "girl power", abusando de um figurino futurista, perucas à lá Toxic e muito couro sintético. Mas nada disso tira o fato de que Taylor faz uma super produção (como tem sido seus últimos videoclipes) e que isso enche os olhos (e o imaginário) dos lovers e chega mais próximo de públicos que curtem referências trash, sci-fi, gamers e outros que podem achar a moça muito girly.
Ei, mas não tem nada de errado nisso. Porque se estamos frente a um clipe "pastichado" (com a liberdade poética do neologismo), ele se trata de um, entre tantos outros, e como um bom exemplo empírico do que é o pastiche, Bad Blood também ajuda a pensar nas prováveis razões pelas quais nos perdemos dentro de um contexto de imagens distópicas e demasiadas, mesmo que essa discussão fique fechada na qualidade técnica do clipe e no grudento refrão: "cause baby now we got bad blood..."
*Esse texto faz referência ao texto de Relivaldo de Oliveira, "Lady Gaga, uma aula do Pastiche" publicado no blog do professor e também no Digestivo Cultural em 2010. O professor irá lançar hoje (5 de junho de 2015) o livro da sua Tese premiada "Antropologia e filosofia: experiência e estética na literatura e no cinema da Amazônia” no Hangar, em Belém do Pará. Já que não poderei estar no lançamento, esta foi a forma de homenagear o meu orientador da graduação. Referências: JAMESON, Fredric. Pós Modernidade e Sociedade de consumo. Disponível em: http://migre.me/bfuNs acesso em 19 out. 2010. OLIVEIRA, Relivaldo de. Lady Gaga, uma aula do Pastiche. Disponível em: http://migre.me/q9zzb acesso em 05 de jun. 2015.
Descrita como uma "poética viagem de carro, através da vida de C.K Williams, ao longo de 40 anos" (IMDb), o filme The Color of Time é um presente visual tão delicado e complexo, que mexe com você de diversas maneiras.
Sem dar certeza sobre o que são as lembranças, os pensamentos e a realidade, somos levados através de uma película sensível, narrada pelos escritos do escritor C.K Williams, ganhador do Pulitzer, que basicamente disserta sobre o tempo, as implicações e como um mesmo momento pode ser visto de diferentes formas, conforme crescemos e mudamos de perspectiva.
Com uma fotografia mais do que linda, a edição da película dá conta de nos imergir na constante sensação de fazer parte de uma vida, que na verdade parece ter acontecido em três ou mais partes. Essa mesma fotografia, que prima por uma estética que lembra bastante as imagens postadas no tumblr, nos faz compreender como cada momento ali retratado é digno de muita apreciação, isso porque os diretores (foram 11) usam de planos detalhes e planos abertos para compor as cenas, quase não utilizando planos médios (ou americano). Isso mostra sempre uma perspectiva aberta e uma fechada, contrapondo-se sucessivamente, quase como quem diz: esta é a noção geral do momento, esse é o grande detalhe do momento.
Além disso, os personagens não tem nomes, pelo menos não de maneira específica. São "mãe", "amor", "pai", "eu", e aqueles que são chamados de alguma coisa, podem ser qualquer um, dando ainda mais ênfase ao fato de que, essa história (ou melhor, essas histórias) poderia ter acontecido na vida de qualquer ser. Assim sendo, não sabemos exatamente quem são Mila Kunis, Jessica Chastain, James Franco, Henry Hooper e por aí vai. É claro que se você pesquisar pela vida de C.K Williams vai saber quem são cada um deles, mas acho que o belo nesse sentido é se deixar levar por não saber desses detalhes.
A trilha sonora, inclusive, é outro presente para nós, já que é composta de tal maneira que parece dançar com as palavras dos poemas, sendo a partir desses poemas que entendemos que o tempo tem cor, assim como a memória e a necessidade de encontrar, de novo, aquele sentimento, daquele momento, que determinou toda uma história e uma inspiração. Porque entre danças mecâncias, invenções de sensações e uma ficção de si mesmo, esse momento parece ser o que verdadeiramente importa.
Ao olhar pela minha janela hoje em dia, eu vejo prédios. Também têm quadras de futebol, psicina e play. Têm algumas tímidas árvores, em alguma(s) parte(s) escondida(s) entre as edificações.
Mas basicamente são prédios.
Feitos de vigas, concreto, vidros e telas. Contendo térreo, 1ª andar, 2º andar e cobertura. Vendo o mundo do alto, sentindo o vento um pouco (mais) frio. Cortando o céu e aparando raios.
De vem em quando acho que vi humanos. Pessoas (?), cabeças flutuantes em meio a janelas teladas, vedades e trancadas. Ou talvez sejam seres, de indefinidas mentes, corpos e identidades, que se metamorfoseam, enquanto eu mesma estou distraída durante o café da manhã.
São janelas que me encaram cinzas. Prédios que me olham amarelados. Cortinas que escondem o sol.
Uma janela que se abre e o símbolo dela faz sentido. Ou talvez seja só o vento, refletindo a minha necessidade de dar nome às coisas.