Sobre a minha Pegada Ecológica

Quem segue o Mesa há um tempo, provavelmente acompanhou o #DesafiodaCapsula e percebeu o quanto o assunto me interessa. Pois é, além da questão de sustentabilidade nas roupas, sapatos e afins peças de vestuário, eu comecei um processo de ressignifiação de elementos do meu dia a dia. 

A intenção sempre foi a de melhorar a minha qualidade de vida, ao mesmo tempo em que era possível ajudar o meio ambiente e proporcionar melhorias para o mundo, mesmo que seja um pouquinho e que seja apenas uma pegada ecológica.
Sete hábitos têm me acompanhado durante esse percurso e eu vou compartilhar com vocês alguns deles agora, se você se sentir inspirado para tentar também, fica a vontade e depois me conta o que decidiu tentar fazer ;D

7 - Separar o lixo:
Ensinar meus hamsters a fazer coleta seletiva é um sonho meu.
Tenho duas latas de lixo na minha casa, uma para o lixo reciclado e outra para o lixo orgânico. Parece algo difícil e chato de se fazer, mas a verdade é que se você começa, depois fica tranquilo e natural. E nem precisa dividir em subcategorias, como plástico, papel e vidro. Acredite, se você já divide o que pode ser reciclado do que não pode, já faz uma grande diferença. Aumenta mais ainda a relevância, se você separa pilhas, bateria e lâmpadas para descartar em local apropriado.

6 - Água em garrafinhas:
As mãos da Mindy representam a minha geladeira
Sabe aquelas milhares de garrafinhas de água que a gente compra e/ou ganha na vida? Então, comecei a guardar, encher de água e deixá-las na geladeira. Assim, toda vez que eu saio de casa levo uma garrafa geladinha dentro da bolsa e daí é só reencher nos locais com bebedouro, ou levar de volta pra casa e refazer o processo. Essas garrafas duram muito e quando começam a entortar e/ou furam, é só descartá-las em um local com coleta seletiva (ou na sua casa mesmo, se você separa o lixo). 

5 - Não usar mais canudos descartáveis:
Só pq é um gif da Audrey, mesmo...
Sim, é um trampo e tanto, mas é possível! Os canudos descartáveis são tão ruins quanto os copos descartáveis, eles agridem o meio ambiente, pois se acumulam nos nossos oceanos, são engolidos por seres marinhos e demoram muitos (MUITOS) anos para degradar. Com as andanças da vida, já tinha uns quatro canudos, daqueles que vêm em copos de presente, então comecei a andar com um deles na bolsa, em caso necessários os uso, mas em via de regra, eu não tenho usado.

4 - Shampoos e demais produtos de beleza orgânicos e/ou veganos:
Ainda coloco um pouco de água pra render mais!
Todos sabemos que não são os produtos mais baratos, mas quanto mais orgânica a sua fórmula e o quanto mais próxima do conceito vegano, melhor para o meio ambiente, pois são produtos que levam menos processamento químico, de modo que, quando saem ralo abaixo, não poluem tanto o nosso meio ambiente. Fora isso, esses produtos também se preocupam com a fabricação das suas embalagens, a ponto de as fazerem de materiais reciclados e/ou biodegradáveis. 

3 - Dar preferência para refis:
Finge que está enchendo um copo de Whiskey
Hoje em dia, o valor de mercado dos refis é muito próximo ao de um produto com embalagem completa, mas ainda sim o lixo produzido por um item de refil é bem menor que um pote maciço de plástico. A ideia por trás dos refis, não é apenas o de jogar menos lixo fora, mas a de aprender o quanto um produto rende e quantas vezes você precisa ou não comprá-lo. Esse processo ajuda, inclusive a economizar.

2 - Abandonar o carro:
Saio andando por aí, ouvindo uma musiquínea...
Dirigir é uma paixão pessoal minha. Adoro o sentimento de independência, liberdade e da possibilidade de ir onde eu quiser e como eu quiser. Mesmo assim, quando me mudei de cidade e vi que as linhas de ônibus funcionavam bem, escolhi morar no centro e os aplicativos de motoristas particulares apareceram, não precisei pensar duas vezes quanto a possibilidade de vender o meu carro e ficar andando de outras formas. Hoje, para me locomover pela cidade vou a pé, vou de ônibus ou de uber, ou de carona e, em caso de uma viagem um pouco mais longa, alugo um carro. Minha intenção no próximo ano é testar o uso de biciclestas na cidade, vamos ver o resultado.

1 - Abandonar o uso de absorvenes descartáveis:
Fonte: Pantys
Essa é, provavelmente, a decisão sustentável mais recente minha. Já fazem cinco meses (ou cinco ciclos) que eu parei quase que completamente de usar absorventes descartáveis e mudei para a calcinha absorvente. Digo que ainda não abandonei completamente, pois ainda estou testando os limites das minhas calcinhas e as vezes alio o seu uso ao de um absorvente interno, só para me sentir mais tranquila durante o dia. Mesmo assim, se no primeiro mês eu ainda usei uns seis descartáveis, no último ciclo foram apenas dois. A minha intenção é abandonar completamente o seu uso.
Não foi de um dia para o outro que eu tomei essa decisão e precisei pesquisar muito sobre as possibilidades, as marcas e os feedbacks das pessoas que já tinham usado. Hoje eu tenho 8 calcinhas absorventes, divididas nos tipos de ciclo moderado e ciclo intenso, que eu troco a cada 5 horas em média. Tirando a questão da lavagem (que eu faço à mão com sabão de coco, mas você pode fazer na máquina com o seu sabão regular), o único "incoveniente" nesse método é o fato de ter que trocar de calcinha, às vezes, em banheiros não tão confortáveis como o da sua casa (tal como banheiro de faculdades, restaurantes, casa de amigos...), mas você acostuma. 
Fora isso, quando comento com as amigas que fiz essa mudança na vida, elas me costumam perguntar três coisas, que podem ser as suas dúvidas, então aqui vão:
1 - Mas não é nojento?
   - Não é. A calcinha é super absorvente e você não fica vendo o sangue ali (que pode ser o negócio nojento para muitas pessoas), quando você lava a calcinha que vê o sangue indo pelo ralo, mas é bem menos "eww!" do que fazer um curativo em uma ferida aberta, por exemplo.
2 - Mas não vaza?
   - Todo método de absorção pode vazar, se você levá-lo a esse ponto. A calcinha é interessante, no entanto, pois a área de absorção dela é bem maior e como é na calcinha, você não precisa ficar se preocupando se o absorvente saiu do lugar.
3 - É confortável?
   - Muito! É uma calcinha comum, na verdade, com esse há mais de ser absorvente. 
A marca que eu uso é a pantys, que segue a vibe que eu tenho aplicado na minha escolha de roupas - é brasileira, ecofriendly, gerenciada (e executada) por mulheres e tem um conceito por trás da ideia. 

E você, faz alguma coisa para diminuir a sua pegada ecológica? Que tal fazer o teste para saber o quão grande é a sua pegada? Clique aqui.

Moldura Bonita

[review sem spoilers]
Robin Hood - A Origem é uma aventura com cara de novidade, mas que usa de algumas formuletas para alcançar o efeito desejado, mesmo que não seja alcançado de fato.


Ao lado de histórias milenares como Rei Arthur e Peter Pan, o príncipe dos ladrões já esteve diversas vezes nas grandes telas, desde em versões animadas, até versões baseadas em, mas talvez nenhuma tenha flopado tanto quanto esta, dirigida pelo estreante Otto Bathurst. Com vários gaps de roteiro, incoerência na direção de arte e muita influência da estética dos videogames de gráficos mega detalhistas, esse Robin Hood (Taron Egerton - Kingsman: Serviço Secreto), apesar de carismático, não tem mais do que isso e acaba sendo um personagem de uma história sem nuances e que passa de um objetivo a outre, sem de fato transceder, ou demonstrar complexidade. Não fica claro o foco dele, como personagem, muito menos o foco do filme em si, que até parece uma colagem de referências de aventuras variadas.

Apesar de tentar ser um filme de origem da lenda do Robin Hood, a sensação que fica do filme é que poderia ter sido a história de vários outros personagens, inclusive um não conhecido pelo grande público, de modo que só o nome dos personagens, de fato, nos remete ao ser Robin Hood, já que da natureza dos personagens nada se aproveita. A pouca expressão do casal Robin e Marian (Eve Hewson) também não colabora, assim como um suposto triângulo amoroso entre os dois e Will (Jamie Dornan), que é meramente cenográfico e não tem tanta importância assim na trama, de fato.
Entre os nomes que compõem o elenco, entra Jamie Foxx, interpretando o braço direito de Hood, Little John da melhor forma que deve ter sido possível, com um diretor inexperiente e um enredo que não ajudava muito. O excelente ator acabou perdendo força no meio de uma trama sem viradas, sem dinâmica e um tempo de filme que não flui. 

As quase duas horas de filme passam como se fosse o dobro do tempo na sala. Sendo que o único ponto positivo dessa mistureba, seja a galera dos efeitos e da finalização, que está de parabéns em ter conseguido passar alguma veracidade nas batalhas anacrônicas que utilizam carruagens como carros de velocidade e flechas como balas. 
O plot do filme é muito fraco, especialmente com um vilão falastrão e sádico, que não convence e não contribui, se perdendo na tentativa de conseguir um efeito mais contemporâneo, em uma história já clássica. Trata-se de um filme que é uma compilação de mesmas coisas de filmes de ação, numa moldura bonita.




Robin Hood - a origem foi mais uma cabine feita na parceria entre o Mesa e o Culturadoria.

À Moda da Casa

[review sem spoilers]
A temporada dos filmes de família chegou com tudo mesmo! 
Não é de se estranhar que os lançamentos estão recheados de temas natalinos, de redescoberta dos valores e da magia que essa época pode proporcionar. Surfando nisso, De Repente uma Família (Instant Family) se destaca como uma das dramédias do momento, juntando a delicadeza de uma história sobre relações familiares e a descoberta de uma paternidade/maternidade, com a diversão de personagens bem humorados e cativantes nas suas personalidades próprias (e alguns estereótipos, também).


Baseado nas experiências reais do diretor do longa Sean Anders (que dirigiu Pai em Dose Dupla e Quero matar meu chefe), De Repente uma Família aceita o desafio de falar de adoção de um jeito despretensioso e muito (fofo) leve, sendo extremamente bem sucedido nisso. A história se foca em Ellie (Rose Byrne) e Pete (Mark Wahlberg),  um casal branco e de classe média, que nunca pensou em ter filhos, se aventurando na vida de serem pais. É assim que Juan (Gustavo Quiroz), Lizzy (Isabela Moner) e Lita (Julianna Gamiz), três irmãos de descendência latina e de idades (e personalidades) totalmente diferentes, entram nas suas vidas.
A partir daí, a relação dos cinco, assim como as desventuras e sabores da vida familiar são os elementos que preparam essa história gostosa de assistir, enquanto somos servidos de acompanhamento: momentos muito bem pensados de alívio cômico e pitadas de melodrama, com cenas feitas para chorar. Tudo feito de forma muito redonda, para fluir sem ficar cansativo e sempre naquela gostosa sensação de que tudo vai dar certo no final, para essa improvável família.

A responsabilidade que a narrativa assume, também deve ser levada em conta. Levar informação sobre adoção, ao mesmo tempo em que decide mostrar que isto se trata de uma missão e tanto, traz tons de "pé no chão" para a trama, que poderia descambar facilmente para algo bem monotom e sem graça. É aí que o conhecimento de causa de Anders não nos deixa na mão, assim como o entrosamento e afinidade com que Rose e Mark entregam o casal protagonista, segurando muito bem a peteca e mostrando uma amizade e cumplicidade que não falham.
É preciso entender que, apesar de tentar esclarecer muita coisa em relação aos processos de adoção (nos EUA), De Repente uma Família não está interessado em se ater a cada elemento e tramite legal envolvido nisso, na verdade tem mesmo a vontade de contar sobre essa experiência e (talvez) fazer mais pessoas considerarem essa possibilidade em suas vidas. Então, desde o elenco até o plot dessa história, a intenção fica muito clara, que é a de mostrar como família é família, independente de como se forma. 

De Repente uma Família foi uma cabine do Mesa, em parceria com o Culturadoria.


Lá pelo meio desse filme, me veio um trecho do livro "Arroz de Palma", de Francisco Azevedo: 

O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem! Tudo ilusão! Família é afinidade, é à Moda da Casa. E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.

Deixa pro próximo

[review sem spoilers]
À convite da parceira Culturadoria participei de uma sessão especial de Animais Fantásticos e onde habitam: crimes de Grindelwald e pude assistir em primeira mão essa continuação tão esperada e comaprtilhar com vocês o que o filme me trouxe e o que vocês podem esperar sobre ele.


Provavelmente existe mais de um motivo para você se considerar um fã de Harry Potter. Pode ter a ver com o fato de ter crescido lendo essas histórias, esperando ano a ano uma nova parte. Pode ser que você tenha se identificado com algum(ns) dos personagens e tenha encontrado uma inspiração literária que conversava com você. E, claro, pode ser nada disso e você nem se considerar fã da história...
Mas uma coisa é certa, existe uma constante expectativa em cima de qual será a próxima investida do Wizarding World, que hoje engloba muito mais coisas que inicialmente, talvez, a própria JK tenha previsto. Para quem não se atualizou sobre essa questão, esclareço que o Wizarding World é o universo mágico de Harry Potter, expandido mesmo (a coisa da transmídia que vez ou outra aperece por aqui), em que outras histórias tomam lugar de destaque, dependendo da mídia, da época e do conjunto de elementos a serem explorados. Nesse universo já temos outros livros, parques temáticos, filmes, crônicas e muito mais!
Assim, é importante manter em mente que nem tudo vai sair como a gente espera e alguns elementos não foram feitos para serem particularmente geniais, sendo Os crimes de Grindelwald um bom exemplo disso. 

Calma lá, uma fã dizendo que o filme não é genial?! Como assim?!
É preciso separar algumas coisas, quando estamos olhando pra a complexidade de um longa é preciso entender em que lugar ele está situado e como isso influencia na narrativa, de modo que o resultado da soma dessas partes pode não ser o melhor, sempre. Sendo essa uma continuação super aguardada e precisando dar sequencia à excelente empreitada inicial da história de Newt e companhia, Os crimes de Grindelwald meramente cumpriu sua tarefa de filme de transição, mas nos deixou com o famoso gostinho de "é... poderia ter sido melhor". 
E, pasmem, não se trata da presença do controverso Johnny Depp que integra o elenco, num papel de destaque, sob uma enxurrada de oposições e ressalvas do público. Depp está competente como Grindelwald e entrega um personagem com sutilezas e ares de psicopata, sem as caricaturas que vinham lhe perseguindo em filmes anteriores. 
Então não foi Depp, trata-se de uma série de soluções para questoes complexas e ganchos que na história ficaram na superficialidade. E tudo isso numa sensação de que poderia ter sido tratado nesse filme, mas que foi sobreposto para se ter mais um filme.
Fãs que somos não reclamamos de mais filmes desse universo, não é o caso.

Mas perceba, um filme intermediário, em tese, traz uma continuidade do primeiro e espaço para que novas questões sejam levantadas e tratadas em filmes posteriores, ou seja, costuma resolver algumas dúvidas e até trazer informações novas sobre essas mesmas dúvidas.
Em Crimes de Grindelwald houve uma tentativa de fazer isso, ou seja, de fazer com que alguns espaços do primeiro filme pudessem ser explorados, mas foram tantas informações novas e personagens novos, que a história ficou patinando no mesmo lugar. Inclusive, o próprio título não faz muito sentido, já que não são explicados os crimes do vilão em questão, muito menos Grindelwald é o grande centro da narrativa. Credence é. 
Ezra, infelizmente, está apagado nesse filme. Ficcionado em descobrir algo sobre o seu passado, Credence, nessa empreitada, se filia a Nagini (Claudia Kim) e ambos aparecem em cenas de diálogos rasos e correm de um lado para o outro, fugindo das coisas. Nagini, por sinal, que foi um dos pontos altos do trailer, inaugura uma nova "espécie" de seres mágicos nesse universo e isso foi malmente comentado no longa, muito menos teve o destaque que achávamos que teria.
Jude Law como Dumbleodore foi uma grata e muito satisfatória escolha. Excelente ator, estudou Michael Gambon com maestria e entrega uma versão mais jovem totalmente plausível e coerente com a construção de seu antecessor. 
Outra ótima oportunidade de avançar na história...

O mistério envolvendo a família Lestrange também tem papel protagonista nessa sequência, saciando a vontade e curiosidade de saber o que rolou com Newt e Leta no passado, assim como guardando as duas grandes viradas narrativas da vez. Zoe Kravitz está fabulosa, optando trabalhar nos olhares e no não óbvio. Uma figura trágica, de fato, mas com bastante força e potencial.
Último, mas não menos importante, novamente a direção de Yates, que vem dirigindo os longas do Wizarding World desde Harry Potter e a Ordem da Fênix, entrega o que os potterheads querem, com tomadas majestosas dos cenários, acompanhados de planos detalhes nos momentos-chave, como lançamento de feitiços. Assim como, a qualidade de efeitos visuais, direção de arte e fotografia permanecem, numa direta conversa com o primeiro filme da nova sequência, mas com muita referência a história de Harry dos anteriores.
Segundo a própria J.K veremos o Brasil no terceiro longa. Esperamos que seja lindo, esperamos que seja melhor que esse e esperamos que não seja o mesmo Brasil de Crepúsculo, faz favor. 
#obrigadadenada

A garota da casa ao lado


[review sem spoilers] Betty Cooper tem tudo o que uma garota boazinha precisa. É filha de um casamento estável, super envolvida com as questões da escola e muito bem tratada pelos seus pares na escola.
#sqn
Betty esconde um conflito interno e uma intensa confusão sentimental, que talvez seja destoante demais da aparente natureza dessa doce criatura. Esse é outro ledo engano, achar que uma fofa como ela, não pode ser uma bomba como outras almas torturadas...
Isso porque Betty é uma bomba, tanto no sentido de ser uma "bomba relógio", prestes a explodir a qualquer instante, quanto uma "bombshell", femme fatale, empoderada.
É até surpreendente, porque, se você conhece Betty (ou conhece alguma Betty, ou é uma Betty), pode achar que ser uma bomba nunca vai fazer parte da vida dela. Pode achar que ela não é capaz de ousar, de dizer não é até de gozar.

Mas Betty nos dá esperança! 
A nós, garotas do "mundo real", que têm a aura da "garota da casa ao lado", que crescemos sendo castradas emocional, física e mentalmente. A nós, que não podemos e nem queremos ser uma Veronica, uma Cheryl, uma Josie.
Ela nos representa, pois não mudou suas crenças só as aprimorou. Nem anulou sua história, apenas seguiu construindo a sua própria. Betty não precisa ser ninguém além dela mesma e por completo. E ela quer se conhecer a fundo e se permitir errar, explorar e experimentar.
shippamos bughead com todoas as forças existentes nesse blog!

Vocês conseguem entender o que isso representa em uma personagem de série, que está fazendo tanto sucesso?
Se ainda assim não te convenci de que Betty Cooper é essa puta personagem, que merece ser acompanhada, levada como referência e até discutida num post de review sobre Riverdale, no lugar de falar sobre a série como um todo, então fica aqui o meu comentário geral da série, que provavelmente você já viu algo parecido:
Para quem cresceu com as referências de séries teens dos anos 00s, Riverdale é uma grata surpresa, tanto pela sua fotografia chuvosa e levemente melancólica quanto porque dá conta de trazer um frescor na complexa teia de usar adolescentes e seus dramas de idade para construir o corpus de uma série.
Diferente de algumas séries teens mais recentes, que logo saíram do radar e não conseguiram ganhar os corações do público, Riverdale tem uma cadência que mistura os tais dramas, com uma colcha de retalhos de mistério, política e interesses. Apesar de adolescentes, esses personagens precisam tomar decisões muito importantes e ao mesmo tempo, enfrentar o que está acontecendo com eles mesmos. É cobrada uma atitude mais adulta deles, mesmo assim os hormônios estão a flor da pele e a fase de amadurecimento está acontecendo. 
É dessa questão que vem um dos maiores pontos positivos dessa narrativa: é possível ver humanidade nesses personagens, sem perder a coerência deles, muito menos se tratar de um lapso temporário e incoerente  de personalidade. Tudo o que eles vão se tornando vem deles, mesmo que sejam influenciados por fatores externos, cada um dos personagens é uma cebola cheia de camadas, que vao sendo retiradas aos poucos... 
E Betty é o nosso maior exemplo. 

Sobre os Sete


Em determinados momentos das nossas vidas a gente precisa começar a ponterar sobre o que quer fazer dali pra frente e o que fez dali pra trás.
Algumas culturas dizem que esses momentos acontecem com uma média de 7 anos e que, quando elas ocorrem, servem para colocarmos as nossas escolhas, nossos caminhos e as nossas realizações em perspectiva. Sejam essas perspectivas positivas, ou negativas. Sejam elas focadas em descobrir se o caminho estava certo, ou para desconstruir tudo que foi posto até aquele ponto.
Se somos frutos de nossas escolhas e essas escolhas são moldadas pelo que queremos ver nos próximos sete anos de existência, eis que me parece que estamos vivendo para cumprir as ideias que criamos sobre nós mesmos.
Mas fico ponderando se as ideias que criamos sobre nós são nossas mesmo, ou se seriam do que outros (daí você pode colocar quais outros quiser) fazem de nós. 
"Somos quem podemos ser...sonhos que podemos ter...", já diz a música, só que o quanto do que somos e sonhamos, de fato vem da gente?
Será que vem da gente fazer as amizades que fazemos? Almejar a profissão que almejamos? Amar quem amamos?
Será que realmente somos frutos das nossas escolhas, ou seria o inverso?
Será que essas escolhas foram realmente tomadas por nós, ou pelo que achávamos que seria o melhor?
O que seria o melhor, então?
Difícil, né?!
E nesse hiato de tempo sem dar as caras por aqui, talvez você esteja se questionando: "Mas para quê esse bando de perguntas sem pé nem cabeça?"
Sendo que a única resposta que eu posso dar é: "Seja muito bem vinda, crise dos 7!".
Que ela não seja uma crise só por causar pensamos negativos, dúvidas homéricas e reviravoltas malucas. Que seja uma crise também de incertezas, de colocar em questão os desafios aceitos, cumpridos, em curso e os que virão.
Que seja uma crise de des(re)encontros, despedidas, novas vistas e algo à almejar. Também, que seja uma crise de identidade, sagacidade e vontade de travar as batalhas que vierem.
Para questionar a estabilidade e encontrar a sanidade, que muitas vezes passa pela insanidade. 
Em busca da claridade, mesmo que veja penosa, um pouco turva no início, mas com a vontade de se achar e, quem sabe, aventurar.
Como há algum tempo não se faz...

Vai aqui uma lista de cinco itens que têm me ajudado nessa jornada:

A odisseia de Dick Whitman

[review com spoiler]


Mad Men foi uma das séries que mais me marcaram e mesmo que já tenha  terminado há um tempo, achei importante voltar nela por motivos acadêmicos e meramente observatórios, depois de ler alguns daqueles textos que dão nós na nossa cabeça.
Deixa eu começar falando, que nesse review, apesar de terem spoilers, tô querendo fazer uma composição um pouco diferente de uma resenha comum, não tô querendo me ater a aspectos que você, muito provavelmente, já leu sobre, mas tô querendo falar especificamente do final, que tem tudo a ver com a narrativa de Don e o seu lugar no mundo.
Para quem acompanhou a série, deve se lembrar de como, aos poucos, fomos nos encontrando com um tal de Dick Whitman, a identidade verdadeira e derradeira de Don Draper (Jon Hamm). Um personagem que, numa sucessão de encontros e desencontros, vive numa melancolia (por falta de palavra melhor) de si mesmo. Até ler alguns textos para o doutorado, eu fiquei tempos tentando entender de onde vinha essa melancolia e porque ela poderia ser tão persistente nesse personagem que, em via de regra, parecia tão completo. Daí me bateu, talvez Don sentisse nostalgia de Dick.
Calma, não estou falando que ele sente falta de viver nas condições que ele vivia. Mas tem algo mais aí...

Dick foi para guerra, mas quem voltou foi Don, que sentiu que aquela oportunidade a qual tantos de nós humanos queremos, pudesse ocorrer: começar de novo, sem que ninguém te conhecesse. E foi o que ele fez.
Construiu uma nova vida, sem se parecer com Dick, mas buscando seus maiores almejos. Uma boa grana, uma linda família de comercial de margarina, um bom trabalho que desse a boa grana, uma boa casa: the American dream.
Mas e Dick?
No processo dessa nova existência, Don suprimiu Dick e o colocou em um bolso de trás, num lugar onde o esquecido se balanceia com o lembrado e é lindamente subjugado, mas como venho observado na academia, para lembrar é preciso escolher o que esquecer, mas nem sempre essa escolha é possível de se manter estável. Na verdade, nossas sombras sempre acabam voltando de um jeito ou de outro. E Dick veio a tona.
Com a sua própria vida indo a loucura e o que ele tinha construído para si como perfeito simplesmente acabando, é aí que traz de volta a lembrança daquele Dick deixado para trás, seja na visita inesperada de seu irmão que se suicida; na forma como Betty descobre que ele tem outra identidade; na sua decisão de não mentir para Megan sobre seu passado; na perda de Ana...
O ponto é: Dick nunca foi embora de verdade.

Dick ainda estava em guerra, estava um lugar inóspito, sem a possibilidade de voltar quando quisesse e lutando para fazer algum sentido sobre o que é um lar. Dick não tinha para onde voltar, então volta como Don, mas a partir do momento em que Don percebe que ele também não tem para o que, ou quem voltar, Dick tem a chance de voltar da guerra.
Odisséia significa "a volta do herói, depois da aventura" e nesse processo que vimos em Mad Men, que pode parecer extremamente depressivo, num primeiro momento (da mesmo forma a qual eu achei que foi, da primeira vez que assisti), e totalmente desconsertante na nossa concepção de um final digno desse personagem, deixamos escapar a complexidade dessa camada de odisseia sobre a cena final.
Don construiu para Dick o que ele acreditava ser um lar e fez isso mais de uma vez. Don pavimentou o caminho para que Dick retornasse de sua aventura ileso e, em algum momento depois, pudesse viver isso. Don fez o possível para Dick tivesse uma razão para existência e que ele se sentisse amado.
Mas Dick nao se identificava de verdade com nada disso.
Entre as mentiras, as angústias e até a necessidade de ser outra pessoa, Dick retorna continuamente como uma sombra esquecida de propósito, mas não apagada. Dick está intrínseco nesse homem e não se dará por satisfeito, enquanto estiver em guerra.
Na cena final da série, meditando e sorrindo, Dick chegou em casa e não no sentido físico da palavra, não no interesse de conquista de bens e de realização de um sonho que parecia precisar de Don para se concretizar. Mas em casa por ter simplesmente se deixado ser ele mesmo e abraçado sua história e seus demônios. Dick finalmente voltou da guerra.

Volta Triunfal

[review sem spoilers]
Na noite passada eu terminei de assistir a série do YouTube Red Cobra Kai e devo dizer que concordo com o que estão dizendo, de ser uma das melhores séries (até então) que estrearam esse ano.


Numa expansão do mundo de Karatê Kid, que é um dos grandes sucesso da sessão da tarde, Cobra Kai acompanha os dois grandes personagens, Daniel LaRusso (Ralph Macchio) e Johnny Lawrence (William Zabka) 30 anos depois do torneio que Daniel venceu Johnny e, aparentemente, mudou tudo na vida deles e das pessoas ao seu redor.
A série tem um ritmo bem descontraído e conta uma narrativa até que simples, mesmo que faça um movimento importante, invertendo significativamente a lógica maniqueísta do filme de origem. Talvez essa inversão tenha a ver com o episódio de HIMY em que Barney explica porque Johnny é o verdadeiro Karate Kid (que faz total sentido), ou talvez não, mas dessa vez temos mais do que o vilão e o mocinho, de modo que outras nuances desses personagens são exploradas, especialmente Johnny, que era o simples e babaca bully.

Os atravessamentos de outros personagens do filme, como os respectivos senseis, as figuras paternas e maternas e Ali, foram determinantes para quem esses caras são hoje e isso é resgatado continuamente, além de aparecerem de fato (ou não), através desses atores também 30 anos mais velhos, das lembranças que eles deixaram e/ou seus flashbacks do filme. Esse jogo do antes e agora é uma das melhores partes da série, que traz aquela nostalgia que quem viu e reviu o filme tanto estava querendo e ao mesmo tempo é importante para revelar uma série de outras questões que o filme não mostrou.
Com cada episódio de 30 a 40 minutos, Cobra Kai tem leveza na história que conta e introduz uma releitura dos acontecimentos do filme, através de uma segunda geração muito parecida (só que totalmente diferente) da dos anos 80. Essa geração, pelo menos na primeira temporada, é significativa para criar um diálogo com o passado também, de modo que a sua presença não é simplória e sim coloca tudo em diálogo.
Se viramos a cópia de nossos pais, é preciso levar em conta, então, quem é o pai, não é verdade?

Particularmente, ver uma série que, mesmo que beba dos anos 80, não permanece apenas nele é gratificante, simplesmente porque isso indica que ela não vai se perder em si e muito menos ficar obsoleta daqui uns anos. Mais ainda que tem personagens que já fazem parte do imaginário da cultura pop, assim como das nossas lembranças infantis/adolescentes sendo resgatados lindamente!
Karatê está de volta e parece super estiloso, viu?! 

*Cobra Kai está disponível no Youtube, os dois primeiros episódio são gratuitos e os oito seguintes são pagos. 

Cada um com os seus problemas

Essa semana eu tive a alegria de assistir o filme Extraordinário e, como uma boa história que faz a gente colocar as coisas em perspectiva que é, me peguei bem mais reflexiva, do que emocionada. 

Acontece que Extraordinário não se trata de uma história tristinha, como num primeiro momento o mote do garoto com deformidade facial pode soar. Auggie (Jacob Tremblay) está longe de ser um personagem choroso, ou que se ressente de sua condição e é, justamente, essa sua personalidade que inebria positivamente essa narração, que poderia facilmente, virar uma obra do Nicholas Sparks, ou algo semelhante, beirando o chororô diabético. Até em momentos em que isso poderia acontecer, rolam umas viradas que mudam a direção da história, colocando em cheque qualquer vitimismo desse garoto esperto.
Amparado por uma família dedicada e descobrindo o potencial de ter amigos, Auggie contagia pela sua vontade de ser alguém com os mesmo direitos e deveres, aceitando que pode ser diferente e isso dá um tom muito positivo para o filme, que segue de modo (quase que totalmente) leve, enquanto intercala a voz desse adorável menino, com a de sua irmã Via (Izabela Vidovic), seu amigo Jack Will (Noah Jupe), sua amiga Summer (Millie Davis) e a amiga de sua irmã Miranda (Danielle Rose Russell), que em comparação com Auggie não teriam "nada" o que reclamar, mesmo que se encontrem de frente com as suas próprias vidas.

Talvez a grande virada desse filme esteja, justamente, na hora que ficamos de frente com a simples (porém poderosa) constatação de que todos temos problemas e que não é por causa de uma coisa, ou outra, que eles são menos importantes que os dos outros, mesmo que sejam, simplesmente diferentes.
É muito interessante como a narrativa explora esse ponto, traçando um caminho que passa pelos problemas específicos da condição de Auggie e pelas questões de cada idade e realidade que circunda os personagens que o cerca, de um modo que é visto em pé de igualdade a crise existencial de Miranda, presenciando sua família desmoronar e se sentindo insegura com sua própria história; com a sensação de abandono de Via, em frente a sua família que coloca em primeiro lugar as necessidades e dificuldades de Auggie.
Afinal de contas, nenhum problema é menor do que o outro, desde que você entenda que são diferentes. 
Vale aqui ressaltar a interpretação de Izabela Vidovie, que trouxe uma personagem a qual me identifiquei totalmente, enquanto conseguiu dar o tom de suas frustrações, felicidades, tristezas e realizações com o seu olhar; além do incrível Jacob Tremblay, que continua impressionando, com uma interpretação envolvente e dessa vez com o seu rostinho envolto de uma maquiagem que o deixou irreconhecível. 
Ademais, trata-se de um filme adorável em sua constituição, que conta uma história adorável, de personagens adoráveis e de um jeito que deixa a gente pensando e avaliando se é possível, ou não aprender algo com aquilo e até aplicar em nossas vidas.
Na verdade, como bem Auggie conclui em sua narrativa, somos todos pessoas que precisam de um aplauso de pé, pelo menos uma vez na vida

Porque, por razões diferentes, enfrentamos nossas batalhas, vencemos nossos medos, conquistamos nossas vitórias e lidamos com os nossos problemas. 
Sejam eles quais forem.
P.S: atenção pela maravilhosa (sempre) Sonia Braga no filme, hein?! Não vai perder!

Estilo Nota 10: Lojinhas Brasileiras que eu amo III!


Continuando a série de posts (veja a parte I e a parte II) sobre lojinhas brazucas que eu amodoro, dessa vez trago mais cinco, de estilos próprios e com muita coisa linda pra, talvez, chamar de sua. Vale dizer que todas as lojas que eu trago para pro blog são lojas que eu comprei peças, usei, amei, repeti e continuei amando. Algumas eu descobri pelo Instagram, outras por indicação, então nenhuma delas foi jabá, rss.
Também acho legal reforçar, que essas lojas são do meu gosto pessoal, pode ser que ele não seja exatamente parecido com o seu, mas de qualquer modo, é possível encontrar coisas ótimas e variadas em todas elas, beleza?!

Laços de Filó


Sobre: Uma marca carioca, com estilo urbano e contemporâneo, inspirada no Brasil e revendendo marcas internacionais ótimas! Essa é a Laços de Filó, que se especializou em acessórios lindozos, de todos os tipos, enquanto foca em peças conceituais e para dar um toque há mais no seu estilo.
Lá vende: Colares, brincos, anéis, relógios, pulseiras e tornozeleiras.
Dinheiros: Você encontra peças a partir de R$20,00 e todas vão com certificado de garantia. 
Recomendo: eles revendem os relógios da Casio (que é uma marca que faz peças super bonitas) e as peças em prata 925.
Onde encontrar: site, instagram, fanpage.

ZPZ Calçados


Sobre: Com mais de 10 anos de mercado, a ZPZ faz sapatos artesanais de altíssima qualidade, e com carinha retrô. Atualmente eles oferecem linhas de sandálias, kids, artsy, rasteira, botas e muito mais. Ampliando sempre mais, adoro o formato de rosto mais arredondando e como são confortáveis!

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Lá Vende: Sapatos de todos os tipos, inclusive masculinos e infantis.
Dinheiros: É possível encontrar sapatos a partir de R$100,00, lembrando que eles têm uma sessão de "sale", onde você encontra peças de coleções passadas e a pronta entrega a preços excepcionais.
Recomendo: Sapatos retrôs (os de saltinho especialmente) e as sapatilhas.
Onde encontrar: site, instagram, fanpage e blog

Cherry Pie


Sobre: Criada por duas amigas, a Cherry Pie é uma marca retrô super ligada à estética pin-up e rocker, para compor peças femininas e ao mesmo tempo bem acabadas.  Especialista em roupas coloridas e flertando forte com acessórios, a Cherry Pie tem uma variedade muito boa de opções.
Lá Vende: saia, vestido, blusa, moda praia, acessórios de cabelo, casacos e shorts.
Dinheiros: Peças a partir de R$30,00 e sempre com ótimas promoções para você esbaldar!
Recomendo: saias e casacos, especialmente, mas todas as peças tem excelente acabamentos.
Onde encontrar: site, instagram e fanpage.

Maddie Store


Sobre: Fofura pura define o estilo dessa lojinha especial, romântica e que tem peças que parecem sonhos de algodão doce. A loja tem uma proposta sustentável e artesanal, com uma pegada retrô e ladylike.
Lá vende: vestidos, blusas, macaquinhos e saias
Dinheiros: A partir de R$45,00, com algumas liquidações de vez em quando.
Recomendo: saias e vestidos, são lindos, bem acabados e têm uma variedade bastante democrática de tamanhos.
Onde encontrar: site, instagram, fanpage, blog e pinterest.

Projeto Base


Sobre: pense num sapato confortável, lindo e totalmente ecofriendly...pensou em Projeto Base, então! Com produtos sustentáveis, de produção local e artesanal, os sapatos são veganos e tem um valor de custo bastante acessível, especialmente para quem quer investir o dinheiro bem, em peças boas e de qualidade (tipo eu).

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Lá vende: sapatos baixos, semi abertos e fechados.
Recomendo: qualquer um, na verdade, fiquei tão impressionada com o conforto, que já to me programando pra levar todos pra casa.
Onde encontrar: site, instagram e fanpage.

Curtiu?! Quer indicar uma lojinha que você acha que os bebedores de café vão gostar? Então deixa nos comentários!!

Fora do holofote

Em uma narrativa linear, porém interessante, The Post levanta a questão de imprensa x política e ainda defende com unhas e dentes o lado da imprensa. Mas parece ser basicamente isso mesmo...

Com um caminhar de filme complexo, The Post vai contando a história real (mesmo que não apareçam os caracteres "baseado em fatos reais" em nenhum momento do filme) de Katherine Graham (Meryl Streep), Ben Bradlee (Tom Hanks) e o The Washington Post, que decidiu, mesmo contra uma liminar judicial, continuar as publicações relativas aos documentos vazados da Guerra do Vietnã, que foi iniciada pelo The New York Times.
Com essa decisão, uma avalanche importante de jornais locais passam a publicar matérias sobre os mesmos documentos, levantando uma discussão consistente e significativa sobre o papel da imprensa e até um pouco do seu romantismo.
O momento é oportuno, é verdade, já que há uma palpável tensão entre Trump e os veículos de comunicação, mas a verdade é que o filme não tem o mesmo brilho de Spotlight (que foi escrito, também, por Josh Singer) e nem é o melhor trabalho de Spielberg, Streep e Hanks.

Dito isto, vale ressaltar pontos positivos dessa obra, como o restante do elenco, que carrega com fibra a equipe de jornalistas do The Post e ainda temos os núcleos familiares e dramas pessoais de cada personagem. Apesar de trazer um pouco mais de questões pessoais, do que Spotlight (sim, a comparação persiste), algumas foram um pouco desnecessárias, é importante dizer, mesmo que para a personagem de Streep isso tenha contado.
Também vale falar da discussão feminista que o filme incita, não apenas por Kay Graham ter tido a coragem de assumir o jornal depois de dois homens e contra a crença de todos os envolvidos direta ou indiretamente no jornal, mas da maneira como a narrativa em si mostra como ela foi oprimida por isso. Fosse numa reunião com a sua diretoria, formada apenas por homens, fosse no momento em que ela passa por um grupo de secretárias para entrar num mar de ternos masculinos da bolsa de valores; fosse na conclusão pomposa, porém honesta da Sra Bradlee (Sarah Paulson) sobre a valentia dela em assumir o risco da publicação, mesmo com tanto em jogo.

Poderosa, de fato, milionária também, mas com certeza ela perderia tudo (ou quase tudo) se a decisão judicial sobre as publicações fosse diferente.
Mesmo que didática, a narração do passo a passo jornalístico dá um up à história, que enriquece com um pouco de romantismo o fazer dessa profissão que já mudou tanto desde essas publicações. Aí vemos algumas questões que não são tão primorosas assim: estando à sombra de Todos os homens do Presidente, The Post não consegue se sobressair tanto assim nos filmes jornalísticos que o antecederam.
Também traz uma Streep e um Hanks que já fizeram outros tantos filmes que exigiram mais deles. O gestual de Streep impressiona, assim como o olhar acuado que ela entrega em diversos momentos, mas no geral, sua personagem não brilha. Do outro lado, Hanks está bastante monótono, com um personagem que mais tem rompantes, do que vai construindo sua evolução ao longo da narração.
Por fim, é coeso e oportuno, mas vale dizer que se trata de um filme onde, muito mais pesou os nomes envolvidos, do que o todo.

Pitacos: O filme concorre a Melhor Filme e Melhor Atriz. Não acredito que leve um dos dois prêmios para casa e ainda acho que o seu lugar em Melhor Atriz foi conquistado pela cota anual da Meryl Streep nessa categoria, porém, vale uma atenção em Melhor Filme, pois é possível que ganhe como um manifesto atual a Trump. Veremos.

Três elementos para um grande filme

Um filme que se suporta sobre 3 pilares: atuações excepcionais, uma montagem excelente e um enredo bem construído, Três anúncios para um crime parece ser, mesmo, um dos grandes favoritos da temporada.

Sendo uma das grande estrelas da época de premiações deste ano, Três anúncios para um crime é um conjunto coeso de ação filmográfica, aliando um roteiro que evolui através dos personagens, uma edição que constrói enlaces de momentos em aberto e um elenco que dá a dose certa de potência aos seus personagens.
Se levarmos em conta o contexto atual de Hollywood (com suas denúncias contra assédio sexual, várias carreiras destruidas por tais situações e diversos casos sendo escancarados), Três anúncios para um crime não poderia ter vindo em melhor hora, já que, entre as várias questões que levanta, chama a atenção a crítica velada (porém presente) de uma população que finge não ver a ineficiência na resolução de crimes como esses.
O fato de ser Mildred (Frances McDormand) questionada pelos outdoors que coloca na cidade e não a polícia, mais especificamente Bill Willoughby (Woody Harrelson), traz essa questão com força, pois a coroa como vilã de uma história em que ela só quer um desfecho. Além disso, a postura dura e quase anti-feminina de Mildred também incomoda a cidade, sendo ela rotulada como essa mulher que não sorri, "perdeu" o marido para outra, e que "obviamente" não tinha condições de manter uma família sozinha. É quase como se ela fosse culpada pelo que aconteceu com a filha.
"Estuprada enquanto morria" // "E ainda nenhuma prisão?" // "Como, chefe Willoghby?"

Pouco é comentado (ou mesmo levado em conta pelos vizinhos) sobre a forma como o ex marido a tratava, como seus filhos enxergam ela e como ela mesma é atingida por essas questões e, novamente, a crítica está presente e precisa ser levantada, especialmente porque é necessário estar atento para ver tais detalhes.
Com isso em mente, vemos de outra forma o sensacionalismo voraz que é instaurado em cima dos três outdoors de Mildred. Pois passamos a notar o mal estar coletivo que toma conta da cidade, onde os moradores sentem a necessidade de tomar lados e, assim como os dois protagonistas dos anúncios ficam no centro das discussões, sofrendo com as repercussões, Dixon (Sam Rockwell) se sobressai, representando o tom extremo que essas questões podem tomar, enquanto escancara lindamente algumas das hipocrisias sociais, especialmente norte americanas.


Apesar de uma direção menos leve que em obras anteriores, é importante ressaltar que Martin McDonagh apresenta um amadurecimento estético, se colocando como um diretor que não abusa de acessórios para contar uma história e sim na potência de um roteiro bem construído (e escrito por ele mesmo) e de um elenco afinado. Com toda certeza veremos com ainda mais anseio futuras obras dele.
Pitacos: Três anúncios para um crime concorre duas vezes na categoria de ator coadjuvantes, melhor filme, melhor roteiro original, melhor diretor, melhor atriz, melhor edição e melhor trilha sonora. É meu favorito nas categorias de melhor atriz e na de melhor ator coadjuvante para Sam Rockell.