Essa semana eu tive a alegria de assistir o filme Extraordinário e, como uma boa história que faz a gente colocar as coisas em perspectiva que é, me peguei bem mais reflexiva, do que emocionada.
Acontece que Extraordinário não se trata de uma história tristinha, como num primeiro momento o mote do garoto com deformidade facial pode soar. Auggie (Jacob Tremblay) está longe de ser um personagem choroso, ou que se ressente de sua condição e é, justamente, essa sua personalidade que inebria positivamente essa narração, que poderia facilmente, virar uma obra do Nicholas Sparks, ou algo semelhante, beirando o chororô diabético. Até em momentos em que isso poderia acontecer, rolam umas viradas que mudam a direção da história, colocando em cheque qualquer vitimismo desse garoto esperto.
Amparado por uma família dedicada e descobrindo o potencial de ter amigos, Auggie contagia pela sua vontade de ser alguém com os mesmo direitos e deveres, aceitando que pode ser diferente e isso dá um tom muito positivo para o filme, que segue de modo (quase que totalmente) leve, enquanto intercala a voz desse adorável menino, com a de sua irmã Via (Izabela Vidovic), seu amigo Jack Will (Noah Jupe), sua amiga Summer (Millie Davis) e a amiga de sua irmã Miranda (Danielle Rose Russell), que em comparação com Auggie não teriam "nada" o que reclamar, mesmo que se encontrem de frente com as suas próprias vidas.
Talvez a grande virada desse filme esteja, justamente, na hora que ficamos de frente com a simples (porém poderosa) constatação de que todos temos problemas e que não é por causa de uma coisa, ou outra, que eles são menos importantes que os dos outros, mesmo que sejam, simplesmente diferentes.
É muito interessante como a narrativa explora esse ponto, traçando um caminho que passa pelos problemas específicos da condição de Auggie e pelas questões de cada idade e realidade que circunda os personagens que o cerca, de um modo que é visto em pé de igualdade a crise existencial de Miranda, presenciando sua família desmoronar e se sentindo insegura com sua própria história; com a sensação de abandono de Via, em frente a sua família que coloca em primeiro lugar as necessidades e dificuldades de Auggie.
Afinal de contas, nenhum problema é menor do que o outro, desde que você entenda que são diferentes.
Vale aqui ressaltar a interpretação de Izabela Vidovie, que trouxe uma personagem a qual me identifiquei totalmente, enquanto conseguiu dar o tom de suas frustrações, felicidades, tristezas e realizações com o seu olhar; além do incrível Jacob Tremblay, que continua impressionando, com uma interpretação envolvente e dessa vez com o seu rostinho envolto de uma maquiagem que o deixou irreconhecível.
Ademais, trata-se de um filme adorável em sua constituição, que conta uma história adorável, de personagens adoráveis e de um jeito que deixa a gente pensando e avaliando se é possível, ou não aprender algo com aquilo e até aplicar em nossas vidas.
Na verdade, como bem Auggie conclui em sua narrativa, somos todos pessoas que precisam de um aplauso de pé, pelo menos uma vez na vida.
Porque, por razões diferentes, enfrentamos nossas batalhas, vencemos nossos medos, conquistamos nossas vitórias e lidamos com os nossos problemas.
Sejam eles quais forem.
P.S: atenção pela maravilhosa (sempre) Sonia Braga no filme, hein?! Não vai perder!
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