Uma intensa e nem um pouco maniqueísta discussão sobre espiritualidade, crenças, ciência, fatos e história. Este é I Origins.
À primeira vista I Origins parece um daqueles filmes que tratam de teorias "malucas" da ciência, justamente porque centra a sua história em um obstinado Dr. Ian Gray (Michael Pitt), que dedicou a sua vida para o estudo da descoberta da origem da visão. Purista, Ian não acredita na existência divina e sua pesquisa se centra, também, em provar que a visão não foi uma dadíva divina e sim um processo evolutivo; para tal ele conta com a ajuda de Karen (Brit Marling) e de Kenny (Steven Yeun). Conforme manda o figurino, Ian precisa de um grande gatilho para que saia de sua zona de conforto e isso acontece quando conhece Sofi (Astrid Berges-Frisbey), uma modelo extremamente espiritualizada e crente nas magias do mundo. Depois de uma série de eventos ~no spoiler~ Ian é arrancado de suas pragmáticas, indo atrás de sentidos que são, aparentemente, inexplicáveis.
Logo de cara somos arrebatados por Sofi, uma personagem envolvente e que exala uma complexidade exótica, nos fazendo entender o fascínio que exerce sobre Ian. Também nos encontramos completamente envoltos pelas linhas que o relacionamento dos dois tomam, uma vez que são realmente opostos e, principalmente, complementares. Suas crenças não se encontram nem mesmo no meio do caminho, mesmo assim a sintonia deles é invejável.
Aproveitando o gancho da crença, é impressionante perceber no filme como o assunto é tratado, de modo a mostrar claramente como nosso mundo se choca e/ou entra em colapso por conta de uma mudança significativa naquilo que pensamos ser verdade, assim como ressalta que o homem, até aquele da ciência, não vive sem crenças, mesmo que elas sejam em defender a evolução como força motriz e a única razão determinante da existência, movimento e mudança de tudo. Em certo momento do filme temos dois personagens falando sobre Dalai Lama e um deles comenta: "Perguntaram ao Dalai Lama se encontrassem provas que refutassem as suas crenças, o que você faria? E Dalai Lama respondeu, eu olharia as provas e se de fato fizessem sentido, eu mudaria as minha crenças".
Errado é uma palavra que não parece caber no vocabulário de Ian, que mesmo depois de ser levado à Índia, para o que tudo indica ser uma prova contra seus anos de pesquisa, continua movido pelo ímpeto científico, mesmo que este sofra abalos sísmicos durante o processo, inclusive nos abalando sismicamente pela forma como a discussão é conduzida, até o seu desfecho.
Fato também, que com o sucesso que A Teoria de Tudo fez neste ano, é dada a abertura para que, cada vez mais, o público se interesse pelas discussões científicas humanistas, ressaltando como uma coisa está ligada a outra, indo além, emaranhada na outra. Dessa forma, podemos superar os jalecos brancos e suas explicações engessadas, voltando o nosso olhar curioso para um meio termo, onde a epiritualidade também pode ser levada a sério, compreendendo que, não se tratam de ideias falhas explicadas como: um carma pelo carma, mas de que tudo vem ao mundo para servir de um propósito. Qual será o seu?
Destaque para a música Dust it Off da banda The Dø.
P.S: Assista até depois dos créditos, lá você verá uma cena extra.
P.S: Assista até depois dos créditos, lá você verá uma cena extra.
O filme I Origins integra a minha lista de 24 filmes para 2015, do grupo Blogs que Interagem, na categoria Ficção Científica.
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