Tinha perdido as anotações que fiz sobre esse filme, mas as reencontrei, então achei que já estava mais do que na hora de contar pra vocês o que achei de Garota Exemplar.
Como muitos filmes que tem saído nos últimos tempos, este foi baseado em um livro homônimo, cujas vendas foram excelentes e teve uma ótima receptividade. Mas diferente de muitas dessas histórias, Garota Exemplar é um thriller realmente interessante, que aborda as psicoses humanas de um modo bastante peculiar e até aterrorizante.
A história gira em torno do desaparecimento de Amy (Rosamund Pike) e como essa história acaba virando um circo midiático, justamente porque a moça é filha de um casal de escritores famosos. Vendo a possibilidade de ser condenado por um suposto crime, Nick (Ben Affleck) fica no centro desse show de horrores, sem saber o que aconteceu com sua esposa.
Assim, somos levados por dois lados de uma narrativa, onde Amy é, em diversas situações uma verdadeira vilã, ardilosa, cruel, fria e extremamente calculista. Capaz de diversas artimanhas psicológicas para ter as coisas do seu jeito. Controladora nata, ela traça um caminho perigoso até superar Amazing Amy, a personagem dos livros que seus pais escreveram baseados nela, mas que sempre esteve um passo a frente da Amy original. Amazing Amy é a personificação de todas as expectatias de pais que queriam nada menos do que uma perfeição criada e quase imposta de sua única filha e esse fato é determinante para a compreensão da relação de Amy e Nick, uma vez que a esposa vê nas imperfeições de seu marido a possibilidade de ser superior. Talvez a única forma de se ver como superior.
A perfeição torta que seus pais implicam nela, acabam fazendo com que a moça busque de qualquer jeito viver da forma como foi ensinada a viver. Nada além da excelência. Custando, inclusive, a sanidade de terceiros, como Desi (Neil Patrick Harris), Margo (Carrie Coon), que acabam se envolvendo na história por acaso.
Outra discussão bem interessante que a história consegue tratar sabiamente é como uma realidade de quatro paredes, ao ser exposta é elevada à qualidade de escândalo público, transformando mocinhos em bandidos, vilões em heróis, enquanto escancara e critica a volatilidade da imprensa, das massas e de como uma versão é tão facilmente aceita, mesmo que ela contenha lacunas.
Apesar do ritmo lento no começo da história, principalmente causado pela falta de movimento e por um Ben Affleck que personifica o Nick de modo blasé e quase desinteressante, é rapidamente superado por uma Rosamund interessante, complexa e enérgica, que nos incomoda diretamente com a forma com que lida com as coisas, inclusive a sua armação toda. De fato é um bom filme por conta dela, que consegue transcender o incômodo inicial de "ela é uma gênia do crime", para uma quase admiração de sua psicose: "Nossa! Ela é uma Gênia do Crime!".
Um comentário
Interessante... Vou ver =D.
Essa coisa da espetacularização social é um assunto de uma atualidade sem precedentes, e me interessou muito quando você falou disso =). Eu confesso que não estava muito animada para ver esse filme, não, até porque, como você já bem citou, Ben Affleck... xD.
Só que depois dessa resenha mara, não tem como não se interessar =D
Um beijoo! =DDD
Postar um comentário