Born to be Contrary

Com um indie retro feel, "God Help the Girl" é adorável em toda a sua essência, marcando músicas, pensamentos e diversas poesias sobre os aspectos de viver em um mundo maluco e fazer parte de uma geração que parece estar o tempo todo em terapia.

A história de "God Help the Girl" começa quando Eve (Emily Browning) resolve sair da clínica de reabilitação em que está internada para dar uma volta pela bela Escócia (onde se passa o filme). Ela acaba por ir a um Pub durante uma open mic night, onde conhece o intrépido James (Olly Alexander), que a ajuda depois de um surto. De volta à clínica, descobrimos que Eve tem um distúrbio alimentar e que ainda está em tratamento. Também descobrimos que uma das formas que a moça encontrou para enfrentar a sua doença é compondo e assim ela fica lá, por alguns meses, até pensar estar pronta para encarar o mundo novamente. Fugindo da clínica.
Encontrando novamente com James, Eve tem a oportunidade de conhecer Cassie (Hannah Murray), uma rica adolescente que sonha em colocar seus sonhos em letras musicais; e os três juntos vivem um verão inesquecível, recheado de canções, sonhos, aventuras e auto-descoberta.

Como um bom filme musical que é, God Help the Girl tem suas músicas baseadas nos momentos em que as coisas acontecem e as mesmas são preciosas para o compreendimento geral da película, perpassando pelo estilo dos personagens, assim como o próprio estilo musical escolhido. Algo que remete She and Him, Nouvelle Vague, David Bowie e, claro, Belle & Sebastian e a própria God Help the Girl, recebendo referências diretas destes dois últimos. 
Por sinal, pesquisando na web descobri que "God Help the Girl" foi o nome que Stuart Murdoch (diretor do longa e também produtor musical) deu, a princípio, ao projeto Belle & Sebastian, mas que depois acabou dando outro nome e transformou o nome em um projeto musical que resultou em um álbum e uma ambição cinematográfica. Algumas músicas contidas na película são músicas existentes no álbum homônimo de 2009 (como 'Act of the Apostle', 'Pretty Eve in the tub', 'Down and Dusky blond', 'Come Monday Night', entre outras), além de algumas que no filme são interpretadas em forma de conversa ou discursos dos personagens, apenas com um piano ou sax ao fundo. Outras canções foram escritas para o filme (como 'The Psychiatrist is in', 'I dumped you first', 'Pretty when the wind blows' e 'Dress up in you') para complementar o clima do filme, dando toques de referências diretas ao passado dos personagens, assim como suas próprias crenças. Inclusive, a questão do passado é trabalhada de um modo bastante peculiar no filme. Não temos certeza sobre as motivações, sonhos e história de cada personagem, quase como se cada um deles tivesse vivendo duas vidasa deles mesmos e as que escolheram viver durante aquele verão, em que se juntaram para formar uma banda. Note como a história de Eve é confusa e você passa a se perguntar até que ponto ela não está mentindo para os outros e para si mesma.

Apesar de ser um filme sonoro, é importante, ao se ter acesso apenas à trilha, que muitas das canções não são canções propriamente ditas e ficam bem melhores na tela, do que no áudio. De fato, como Stephen Thomas Erlewine escreveu para o All Music, a parte musical do filme é muito mais uma série de notas de rodapé, com músicas entre elas escritas por um brilhante e sofisticado Stuart Murdoch.
Seguindo, o filme em si tem algumas jóias a serem destacadas, como o fato de discutir tão abertamente o ato de fugir do mundo, para buscar por si mesmo, além de como nos perdemos facilmente dentro das nossas próprias mentes. Sim, é uma geração que busca por um sentido na vida e sim, é um fato que vem sido bastante discutido em filmes mais recentes (vide Homens, Mulheres & Filhos; Boyhood; Two-Night Stand; entre muitos outros), mas God Help the Girl o faz de modo tão delicado e sutil, que é quase como se fóssemos espectadores de um pequeno trecho de uma vida comum, mas que foi significativa para alguém. Assim, esta é muito mais do que uma história com música, é uma história que, através da música, alguém tem a oportunidade de se descobrir.
Algumas cenas brincante de Pathé Baby, descortinam toda uma aura do novo que quer conversar com o antigo e mostra como eles se constituiram como uma banda sonoramente 60's, mas visualmente indie. Engraçado, inclusive, tentar denominar God Help the Girl como pertencente a algum gênero, mas que é um presente sonoro, é.

Com um final agridoce, ficamos com uma mistura de sentimentos: a vida assim mesmo e os caminhos para a plenitude são diversos por vezes podem cruzar-se com os caminhos dos outros, mas de modo geral, a vida de um grupo de pessoas é capaz de mudar, apenas pelo fato de que eles querem mudar.

"God Help the Girl" integra a minha lista de 24 filmes para 2015, do Blogs que Interagem, na categoria Musical.

Um comentário

Unknown disse...

Eu adoooooooro a Hannah Murray *-*
durante um bom tempo acompanhei o seriado que ela fazia "Skins" mas acabou que parou de passar, do nada! haha, não sabia do filme, mas vou procurar já para eu ver!
beijos
http://donamini.blogspot.com.br