De certa forma, um filme simples, mas que brilha através da complexa relação do casal principal, o brilhantismo de Hawking e a leveza das atuações. Este é "A Teoria de Tudo".
Partindo do momento em que Stephen Hawking conhece Jane Wilde, em meados dos anos 60, o filme indicado à 5 estatuetas Oscars (incluindo Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Atriz) e vencedor de dois globos de Ouro - conta os anos que se seguiram entre a descoberta da doença de Stephen, até o seu convite para se tornar cavaleiro da Rainha da Inglaterra. Para quem não sabe de quem o filme fala, aqui vai um pequeno resumo de quem é Stephen Hawking:
Brilhante físico contemporâneo, hoje com 72 anos, Stephen Hawking sofre de uma doença chamada Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que basicamente degenera o corpo, parando as funções voluntárias musculares, como andar, engolir, falar e escrever, porém a doença não atinge o cérebro de Hawking, que mesmo vivendo em uma cadeira de rodas e se comunicando através de um computador, continuou a sua pesquisa e hoje é considerado um dos mais importantes cosmólogos e pesquisadores da área.
No filme, porém, ficamos de frente com a história por trás do seu brilhantismo e entendemos de onde ele encontrou forças e suporte para que seguisse em frente e continuasse seus estudos. Tudo isso se resume a uma palavra: Jane.
Jane namorou e foi casada com Stephen por 26 anos e neste período dedicou-se a ele para que tivesse uma vida plena e de realizações. Eles tiveram 3 filhos e, apesar de separados, mantem uma relação de amizade até hoje. Também no filme, fica claro que mesmo tendo "o peso da ciência" contra ela na época, Jane não desistiu de estimular o ex marido para que ele usufruisse de todas as suas potencialidades. Sim, até aqui parece uma história recheada de clichês de superação, de momentos de glória e etc, porém é exatamente no contrário que está o grande mérito desta história: nunca a física foi tão humana quanto neste filme.
E como humanos, tanto Stephen, quanto Jane, passam por provações e se auto-questionam se estão fazendo a coisa certa. Também passam por desafios juntos e superam-se no dia-a-dia, mostrando que sem uma base sólida, não seríamos capazes de vencer, nem mesmo, os impecílios cotidianos.
O mais interessante neste belíssimo roteiro adaptado, é a forma como a força de Jane extrapola os limites, aparentemente impostos pelas probabilidades, de modo que na relação que constroi com Stephen, ambos se desafiam diariamente. Principalmente em ser uma pessoa melhor e realmente fazer a diferença. Ela coloca em cheque as crenças dele e vice-e-versa e, sinceramente, o quão forte que isso é na película, é mérito completo de Eddie Redmayne e Felicity Jones, que regem com maestria os momentos desta história, com um timing excelente, de modo que as indicações são merecidíssimas e o globo de ouro para Eddie foi mais do que necessário! Além de convencerem-nos de que são essas pessoas, temos a sensação de nos tornamos próximos a eles e capazes de nos relacionarmos com essa vida difícil, porém gratificante que levaram juntos. Identificação é, aqui, a chave para esse filme.
Nessa rotina diária, apresentadas para nós através de uma estética de vídeos caseiros, percebemos o tempo passando - mesmo que esse tempo não tenha sido deixado claro - nos dando conta de que, além de ter desafiado as probabilidades, Jane e Stephen desafiaram a própria existência de si mesmos, e mesmo que eles não tenham ficado juntos, viveram uma verdadeira história de amor, muito maior que outras tantas já contadas pela 7a arte. E já que o tempo não retorna, eles apenas fizeram suas escolhas e seguiram em frente. Tudo então, se resume a ele, o tempo, que parece ser a chave para compreender "A Teoria de Tudo".
Pitacos: Sem grandes detalhes técnicos, o filme prima pela simplicidade e por uma Trilha Sonora muito bem regida, que marca os momentos tratados ali, de modo que se torna uma grande estrela na construção da montagem da película e na fluídez da mesma. Para mim, ele é um grande favorito nesta categoria. Quanto às outras que concorre, acredito que ele possa ir contra as expectativas, uma vez que a Academia parece ser grande fã de histórias como esta. Não me surpreenderia se Eddie levasse a estatueta para casa, como Melhor Ator, porém Cumberbatch continua sendo o meu favorito. Felicity incorpora muito bem essa força motriz que é Jane Wilde, mas será bem dificil superar Julianne More.
Confira a lista completa dos indicados
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