Almas e Olhos

Uma intensa e nem um pouco maniqueísta discussão sobre espiritualidade, crenças, ciência, fatos e história. Este é I Origins.

À primeira vista I Origins parece um daqueles filmes que tratam de teorias "malucas" da ciência, justamente porque centra a sua história em um obstinado Dr. Ian Gray (Michael Pitt), que dedicou a sua vida para o estudo da descoberta da origem da visão. Purista, Ian não acredita na existência divina e sua pesquisa se centra, também, em provar que a visão não foi uma dadíva divina e sim um processo evolutivo; para tal ele conta com a ajuda de Karen (Brit Marling) e de Kenny (Steven Yeun). Conforme manda o figurino, Ian precisa de um grande gatilho para que saia de sua zona de conforto e isso acontece quando conhece Sofi (Astrid Berges-Frisbey), uma modelo extremamente espiritualizada e crente nas magias do mundo. Depois de uma série de eventos ~no spoiler~ Ian é arrancado de suas pragmáticas, indo atrás de sentidos que são, aparentemente, inexplicáveis.

Logo de cara somos arrebatados por Sofi, uma personagem envolvente e que exala uma complexidade exótica, nos fazendo entender o fascínio que exerce sobre Ian. Também nos encontramos completamente envoltos pelas linhas que o relacionamento dos dois tomam, uma vez que são realmente opostos e, principalmente, complementares. Suas crenças não se encontram nem mesmo no meio do caminho, mesmo assim a sintonia deles é invejável.
Aproveitando o gancho da crença, é impressionante perceber no filme como o assunto é tratado, de modo a mostrar claramente como nosso mundo se choca e/ou entra em colapso por conta de uma mudança significativa naquilo que pensamos ser verdade, assim como ressalta que o homem, até aquele da ciência, não vive sem crenças, mesmo que elas sejam em defender a evolução como força motriz e a única razão determinante da existência, movimento e mudança de tudo. Em certo momento do filme temos dois personagens falando sobre Dalai Lama e um deles comenta: "Perguntaram ao Dalai Lama se encontrassem provas que refutassem as suas crenças, o que você faria? E Dalai Lama respondeu, eu olharia as provas e se de fato fizessem sentido, eu mudaria as minha crenças".

Errado é uma palavra que não parece caber no vocabulário de Ian, que mesmo depois de ser levado à Índia, para o que tudo indica ser uma prova contra seus anos de pesquisa, continua movido pelo ímpeto científico, mesmo que este sofra abalos sísmicos durante o processo, inclusive nos abalando sismicamente pela forma como a discussão é conduzida, até o seu desfecho. 
Fato também, que com o sucesso que A Teoria de Tudo fez neste ano, é dada a abertura para que, cada vez mais, o público se interesse pelas discussões científicas humanistas, ressaltando como uma coisa está ligada a outra, indo além, emaranhada na outra. Dessa forma, podemos superar os jalecos brancos e suas explicações engessadas, voltando o nosso olhar curioso para um meio termo, onde a epiritualidade também pode ser levada a sério, compreendendo que, não se tratam de ideias falhas explicadas como: um carma pelo carma, mas de que tudo vem ao mundo para servir de um propósito. Qual será o seu?

Destaque para a música Dust it Off da banda The Dø.
P.S: Assista até depois dos créditos, lá você verá uma cena extra.

O filme I Origins integra a minha lista de 24 filmes para 2015, do grupo Blogs que Interagem, na categoria Ficção Científica.

Sobre 28/04/2015


Sob ritmos misturados de alguém que sabe o que faz e é apaixonado por isso, o ruivo Ed Sheeran fez a mim e todas as pessoas presentes na noite passada se encantarem mais ainda por suas sardas angelicais e cara de bom moço.
Está sacramentado! 
Ed Sheeran assina continuarmente seu nome na indústria musical, se tornando muito mais do que um popstar. Já é sabido que essa que vos fala tem uma relação que vai de longa data com ele, mas entre as milhões de expectativas que eu criara para esse show, posso dizer que nenhuma delas fez jus ao que os meus olhos e ouvidos presenciaram. Porque sim, Ed sabe o que faz, é verdadeiramente entregue ao que escolheu como profissão e mais do que isso, dá a cara a tampa fazendo reinterpretações e mashups com musicas que, inclusive não são suas. Realmente conhecedor do termo musicalidade, Edinho (para os íntimos) mostra todas as suas influências musicais, indo do rock, passando pelo soul, até cuspir (do modo mais delicado que se pode ser visto tal verbo) raps e hip hops treinados na frente do espelho ou debaixo do chuveiro. Bom, mas essa sou eu, que acho tudo isso, já que o banho do Ed é algo que fica só na imaginação....
Com aquela sua simpatia de menino fofo, daquele tipo que eu falei pra vocês aqui que daria para apresentar para mamãe, Sheeran fica encabulado quando dizemos (ou gritamos) que o amamos e emocionado quando cantamos em alto e bom som canções como "Don't", "Bloodstream", "All of the stars", "I'm a mess" e "Kiss Me". 
Entre os maiores destaques do show estão, a minha para sempre favorita "Give me love", "Photograph" (que me fez chorar como uma criança), o mashup de "Feeling good" e "I see fire", além da badalada "Drunk" e as amadas "Lego house" e "Nina" (que já até inspirou uma historinha aqui no Mesa). Sim, senti falta de "U.N.I", "One" e também de "The man", que dentro dos seus raps recitados durante o encore, Edinho chegou a falar partes dessas musicas, assim como "In da club" do 50cent e "Fancy" de Iggy Azalea que encaixaram mais do que perfeitamente com "You need me, i don't need You", finalizando com o bravo (e que me fez pular muuuuito) "Sing!".
Durante a parte de baladinhas, "Thinking out loud" deu as mãos para "The A Team" e também outras tantas que, por uma boa parte do tempo não consegui enxergá-lo, uma vez que havia tantos celulares levantados que nem mesmo o telão se fez necessário. Nota: nada contra você querer gravar um momento para que ele seja visitado quantas vezes você quiser, mas se você está pagando para ir ver um show, assista ao show. Tenho certeza que você vai encontrar excelentes vídeos do mesmo no YouTube, algumas horas depois! 
Bom, desabafo feito, para mim as lembranças são entre essas palavras e a eterna sensação de que, apesar das mil e tantas pessoas presentes, Edinho cantou para mim, em um íntimo momento de descrição de vidas em comum, porém tão longes uma da outra que não puderam se encontrar, a não ser naquele momento. E acho que esse é o grande trunfo desse tão jovem (olha quem fala) porém tão intenso músico, onde tocar, cantar e batucar não são o suficiente, indo além, numa verdadeira coletânea sonora que te mexe, te conquista e te faz vibrar com ele.  
Obrigada Ed!

*A foto não é do show em São Paulo, mas é da mesma turnê.

Blogagem coletiva: Livros que lembram a minha infância

Quero falar pra vocês que foi beeeemmmm difícil fazer uma listinha pequena com os livros que lembram a minha infância, especialmente porque eu lia consideravelmente mais nessa época. Para ajudar a diminuir essa lista, eu procurei recortar a minha idade infantil, considerando-a até os 13 anos. Depois pensei rapidamente sobre os livros que eu sempre me lembro e, principalmente os que eu mais gostei, daí cheguei nessa listinha com 10 livros, que me marcaram por motivos diversos e também que me levaram a gostar ainda mais de ler (e de contar histórias).


10 - HIVida - Francisco Soares
Esse livro eu li com 13 anos e eu lembro que ele me impressionou muito, porque contava a história de uma moça que ficara grávida na adolescência e ainda por cima se tornara portadora do vírus HIV. Eu lembro claramente de como ficara triste pela personagem e mais ainda por cima ele me ajudou a entender muito sobre a doença.

09 - A dádiva da Curiosidade - não lembro o autor
Eu tinha 8 anos quando a minha escola colocou esse livro na lista das leituras paradidáticas do ano. Lembro que na história acompanhávamos uma meninha, que na ilustração do livro era feita com traços que lembravam muito a Mafalda; e que queria saber tudo, sobre tudo. Perguntava aos pais desde coisas super complexas como "porque a minhoca não tem olhos", até mais simples, como "como se pinta uma parede". A história me marcou muito porque foi um dos primeiros livros que eu li e reli diversas vezes, sabendo até as falas! -Não encontrei imagens desse livro online-

08 -O ladrão de sorrisos - Marcelo Duarte
O livro de Marcelo Duarte conta a história de um grupo de adolescentes que passa a investigar o sumiço dos sorrisos de pessoas que, aparentemente não tem qualquer conexão entre si. Esse livro foi super significativo pra mim, porque eu já tava querendo ler alguma coisa um pouco mais madura e como se trata de um livro de mistério, na época eu achei sensacional! Acho que tinha uns 11 anos.

07 - Dom quixote - Miguel de Cervantes
Está certo que eu li uma versão bem mais condesada, que é exatamente esta da imagem, mas mesmo assim a história desse cavaleiro, seu amor por Dulcinéia e seu fiel escudeiro mexeu muito comigo, porque, inconscientemente eu passava a me perguntar o motivo da sua demência e se, de fato, se tratava de uma demência. Esse livro fez parte das minhas leituras obrigatórias do colégio, de quando eu estava na 5ª série.

06 - Visagens e Assombrações de Belém - Walcyr Monteiro
Quando você mora em uma cidade como Belém do Pará fica sabende de diversas lendas urbanas, entre elas aquelas que você quer porque quer descobrir se são verídicas, e aquelas que você morre de medo! Neste livro, que eu li com 10 anos, algumas das maiores lendas urbanas da capital paraense são reinventadas e reinterpretadas. 

05 - Um tesouro de contos de fada - Vários Autores
Esta 'bíblia' de contos de fada foi um presente da minha mãe, quando eu completei a alfabetização. Eu o tenho até hoje, servindo de base para algumas das minhas pesquisas em Contos de Fada, isso porque ele é uma verdadeira coletânea enriquecida com belas ilustrações e entre contos super conhecidos e 'desconhecidos'.

04 -Câmera na mão, O Guarani no coração - Moacyr Scliar
Um grupo de amigos decide fazer um filme adaptado da história de O Guarani, de José de Alencar, para participar de um concurso de cinema. O livro conta todo o processo de construção dessa produção, enquanto mostra os jovens comparando a obra clássica à atualidade e esbarrando em algumas questões pessoais de seus integrantes. Foi um livro que eu e a minha turma precisamos adaptar em peça, o que foi muuuuuuuito legal! 

03 - Tudo por um Pop Star - Thalita Rebouças
Esse livro de Thalita Rebouças foi o primeiro de uma série que a autora fez para contar as aventuras das melhores amigas Ritinha, Gaby e Manu. Neste primeiro, elas se aventuram entre mentirinhas e sonhos para connhecer e assistir ao show do Slavabody Disco Disco Boys. Esse livro me marcou bastante porque na época eu também tinha o sonho de conhecer meus grandes ídolos da música! Fora que o livro tinha todos os elementos que meninas dos seus 12 anos (que era o meu caso) mais querem em livros: aventura, amizade, caras lindozos e beijo na boca!

02 - O livro dos quase amores - Suzana Vargas
Foi uma obra que eu li na 4ª série e que conta a história de quase amores da própria autora, Suzana Vargas. A personagem se parecia demais comigo, que naquela altura estava achando que teria o mesmo destino que a moça, que só foi encontrar um quase-quase primeiro amor aos 14 anos. Boba, curiosa e desligada, Suzana deixa passar algumas oportunidades e em outras tantas simplesmente acha que não deve ser. 

01 - Crescer é perigoso - Márcia Kupstas
Eu cheguei a ler esse livro tantas vezes, que algumas partes eu já até sabia de cor. Crescer é Perigoso conta a história de Gustavo, um descendente de japonês, tímido e essencialmente adolescente, que começa a descobrir os detalhes de uma vida pré-adulta, entre acertos e erros do processo normal de amuderecimento. Se você quer saber, esse livro me marcou tanto que o tenho até hoje...

Essa listinha é do tema de Blogagem Coletiva do grupo de interação Blogs que Interagem.

Sem tempo

Seguindo na mesma linha do primeiro filme da franquia, Vingadores: a era de Ultron é um ótimo longa do gênero, mas não traz nada de novo, exceto talvez, uma possível necessidade de começar a pensar se essa fórmula já não tá ficando meio chata.

O caso é que começa a ficar repetitivo demais ver tantos filmes do mesmo estilo, feitos com as mesmas estruturas e ainda por cima girando em torno das mesmas ideias. Na verdade isso acontece com bastante frequência em sequência de filmes que fazem um grande barulho e isso não é demérito algum, se servir para inspirar a tomada de certos riscos e uma repensada em estruturas de uma linguagem já consolidada e segura, que tem sido a assinatura dos estúdios Marvel
Novamente, é de elogiar com veemência a forma como a gente fica apaixonado pelas cenas de ação e a forma como as lutas foram coregrafadas, montadas e finalizadas, deixando-as flúidas, incríveis e de cair o queixo. Essas cenas de ação, inclusive, são o grande motor do filme, fazendo com que consecutivas vezes, fiquemos sem nem vontade de piscar, fora que chega a ser impressionante como elas significam o espírito dos Vingadores: trabalho em equipe.

Equipe que é muito bem explorada na película, onde, pela primeira vez, ficamos sabendo um pouco mais da história de Clint, o Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) e de Natasha (Scarlett Johansson), a Viúva Negra. Deixando a mim e outras pessoas que também "reclamaram" pela falta de um desenvolvimento nas suas origens, mais felizes. É claro que o romance, ou pretenso romance, entre a Viúva e o Hulk (Mark Ruffalo) fica em segundo plano, mas nos deixa (a mim com certeza) mais leves ao acompanhar as entre-cenas que seguem as de porradaria, sabendo que existem histórias secundárias entre sangues e socos. 
As tensões entre os personagens diminui substancialmente, o que nos leva a crer que eles aprenderam mesmo as suas diferenças e conseguiram passar por cima delas.

Feiticeira Escarlate conseguiu me deixar felicíssima (como falei aqui, é uma das minhas personagens favoritas do mundo da Marvel) e até superou as minhas expectativas anteriores, ao optar por fazer uma personagem muito mais mental, do que sensual. Vale dizer que a novata Elizabeth Olsen criou uma assinatura magnífica para essa personagem. Mercúrio (Aaron Taylor-Johnson) conseguiu transmitir todo o deboche e a sua, digamos assim, danadice nata, mesmo que por pouco tempo.
Com, novamente, uma cena pós créditos, temos a certeza de que em 2017 teremos mais um filme com esses personagens, boa narrativa, jogos de palavras e piadas internas (que só quem se lembra dos outros filmes e/ou acompanhou os quadrinhos identifica), além da pré determinada porradaria. Do jeito que a Marvel tem feito. Sem tempo para grandes complexidades, sem tempo para grandes dramas. 
E como se diz: em time que está ganhando, não se mexe. 
Será?

Depende do ponto de vista

Tinha perdido as anotações que fiz sobre esse filme, mas as reencontrei, então achei que já estava mais do que na hora de contar pra vocês o que achei de Garota Exemplar.

Como muitos filmes que tem saído nos últimos tempos, este foi baseado em um livro homônimo, cujas vendas foram excelentes e teve uma ótima receptividade. Mas diferente de muitas dessas histórias, Garota Exemplar é um thriller realmente interessante, que aborda as psicoses humanas de um modo bastante peculiar e até aterrorizante.
A história gira em torno do desaparecimento de Amy (Rosamund Pike) e como essa história acaba virando um circo midiático, justamente porque a moça é filha de um casal de escritores famosos. Vendo a possibilidade de ser condenado por um suposto crime, Nick (Ben Affleck) fica no centro desse show de horrores, sem saber o que aconteceu com sua esposa.
Assim, somos levados por dois lados de uma narrativa, onde Amy é, em diversas situações uma verdadeira vilã, ardilosa, cruel, fria e extremamente calculista. Capaz de diversas artimanhas psicológicas para ter as coisas do seu jeito. Controladora nata, ela traça um caminho perigoso até superar Amazing Amy, a personagem dos livros que seus pais escreveram baseados nela, mas que sempre esteve um passo a frente da Amy original. Amazing Amy é a personificação de todas as expectatias de pais que queriam nada menos do que uma perfeição criada e quase imposta de sua única filha e esse fato é determinante para a compreensão da relação de Amy e Nick, uma vez que a esposa vê nas imperfeições de seu marido a possibilidade de ser superior. Talvez a única forma de se ver como superior.

A perfeição torta que seus pais implicam nela, acabam fazendo com que a moça busque de qualquer jeito viver da forma como foi ensinada a viver. Nada além da excelência. Custando, inclusive, a sanidade de terceiros, como Desi (Neil Patrick Harris), Margo (Carrie Coon), que acabam se envolvendo na história por acaso. 
Outra discussão bem interessante que a história consegue tratar sabiamente é como uma realidade de quatro paredes, ao ser exposta é elevada à qualidade de escândalo público, transformando mocinhos em bandidos, vilões em heróis, enquanto escancara e critica a volatilidade da imprensa, das massas e de como uma versão é tão facilmente aceita, mesmo que ela contenha lacunas.

Apesar do ritmo lento no começo da história, principalmente causado pela falta de movimento e por um Ben Affleck que personifica o Nick de modo blasé e quase desinteressante, é rapidamente superado por uma Rosamund interessante, complexa e enérgica, que nos incomoda diretamente com a forma com que lida com as coisas, inclusive a sua armação toda. De fato é um bom filme por conta dela, que consegue transcender o incômodo inicial de "ela é uma gênia do crime", para uma quase admiração de sua psicose: "Nossa! Ela é uma Gênia do Crime!".

Café para Ouvir #2


A playlist desse mês tem música para todos os gostos, mas devo dizer que tem três músicas especialmente que não saem das minhas playlists atuais e são de filmes que falamos aqui no Mesa God Help the Girl e Song One; a terceira é da banda Echostmith que eu conheci este mês, através do app da rádio Disney, rádio que tem me feito companhia nas noites insones e nos momentos que eu quero ouvir músicas além das presentes no meu Ipod.
Além dessas três, também temos três dançantes que me fazem querer dar uns passinhos no busão, também tem Cássia Eller e Juliana Sinimbú, cantoras brasileiras que eu adoro! Juliana, inclusive é minha conterrânea.
Alexz, que faz parte da Playlist da minha vida e a DIVA Luiza Possi. Curtiu?
Então aperta o play!

01 - In April - OST Song One
02 - Boom Clap - Charli XCX
03 - Pra te Lembrar - Luiza Possi
04 - En la Obscuridad - Belinda
05 - I want you to know - Zedd feat. Selena Gomez
06 - I'll have to dance with Cassie - OST God Help the Girl
07 - Cool Kids - Echosmith
08 - All Star Azul - Cássia Eller
09 - Vodka - Juliana Sinimbú feat. Otto
10 - Mary - Alexz Johnson

(Im)Paciência

Mais um filme bem ao estilo That's life, Like Crazy é fofo, mas ultrpassa esse detalhe para se infiltrar em uma discussão sobre estar na vida de alguém e realmente fazer parte dela.

Anna (Felicity Jones) é uma aluna britânica nos EUA, onde acaba se apaixonando por Jacob (Anton Yelchin). Os dois entram em um relacionamento intenso e profundo, enquanto constroem sonhos e expectativas juntos. Quando a moça precisa voltar para a Inglaterra, acaba passando da data permitida por seu visto e, ao tentar voltar entrar em terras norte-americanas novamente é proibida de entrar, fazendo com que o jovem casal precise se separar.
Com um oceano de distância entre eles, Anna e Jacob precisam viver vidas separadas, criando expectativas pessoais, de modo que aqueles sonhos que eles tinham construído juntos acabam parecendo inalcansáveis. Assim, mesmo longe, ambos estão conectados por tantos sonhos, que eles não aceitam o afastamento. Na verdade, não aceitam se tornarem estranhos um para o outro, mesmo que tenham em mente que é preciso pagar por erros do passado e ter paciência sempre.

Paciência, inclusive, é o que marca com bastante precisão esta Anna, interpretada lindamente por Felicity Jones. Anna é apaixonada pela vida, exagerada, se doa completamente para o que acredita, inclusive sendo crente absoluta do seu amor por Jacob, extrapolando seus próprios limites, orgulhos e medos para que eles fiquem juntos. Em diversos momentos nos perguntamos se o fato dela insistir tanto nesse amor, não seria pelos tais erros do passado, ao invés do sentimentos de pertencimento à uma vida ao lado de Jacob. 
Sim, life happens e é necessário seguir em frente. Jacob, inclusive, segue, ao lado de Sam (Jennifer Lawrence), mas aquele sentimento que é capaz de entornar todas as racionalidades de uma pessoa, só foi sentido por ele uma vez e ele parece precisar voltar para este sentimento sempre que pode, construindo e reconstruindo uma relação insistente, levemente desgastada, mas primariamente real com Anna.

Vale se questionar até que ponto relacionamentos não foram feitos para serem assim mesmo, confusos, intensos, malucos e cheios de obstáculos, que tornam tudo mais confuso, mais intenso, mais maluco e por aí vai. Afinal de contas, 'se faz sentir, faz sentido'.
De modo bem resumido, Like Crazy trata de como vidas se cruzam e se separam bastante fragmentadas e mudadas. Nem sempre para melhor, nem sempre para pior, apenas diferentes e talvez com o sentimento de que era possível que fosse diferente, se os pedaços não tivessem sido quebrados.

10 séries que acabaram, mas você precisa ver!

Vamos lá que eu sei que você estava com tanta saudade de ler essas listinhas, quanto eu estava de fazer! A desse mês tem a ver com séries que tiveram um final. Depois da série de 3 posts (post 1, post 2, post 3) sobre séries que foram cancelas e acabaram tendo uma sobrevida curta, achei que estava devendo uma com finais para vocês!
Foquei em séries que talvez você não conheça (ou não tenha tido estímulo para assistir) e também naquelas que acabaram há 2 anos ou mais, para que não entrassem séries tão recentes assim.
SEM SPOILER!
Então aqui vai:

10 - Heroes

A série que acompanha a vida de pessoas extraordinárias e como elas convivem com seus 'dons'. Na série, a parte extraordinária tem uma 'explicação' científica, logo todos os poderes dos personagens tem limitações, possibilidades e até mesmo 'fazem sentido' com a lógica da história. Saudades Hiro e Sylar S2
Quantas temporadas e episódios? 4 temporadas, 77 episódios.

09 - Buffy

Provavelmente, se você era pré-adolescente ou adolescente nos anos 90 - começo dos anos 00s, acompanhou essa maravilhosa série de TV. Nela seguimos Buffy, uma caçadora de vampiros que mobilizava milhões de pessoas na frente da telinha para saber qual a seria a sua próxima aventura. Considerada hoje um clássico do estilo, Buffy já tem disponível no Netflix. A series finale foi...inesquecível!
Quantas temporadas e episódios? 7 temporadas, 145 episódios. 

08 - Charmed

Mais uma série que vai para o lado da magia e sobrenatural, Charmed conta a história de bruxas irmãs, que tentam, não só amadurecer os seus poderes, mas conviver com eles e sobreviver de diversas aventuras e inimigos. Para quem gosta, minimamente de histórias com influência de mitologias nórdicas e celta, deve adorar essa série! Está disponível no Netflix.
Quantas temporadas e episódios? 8 temporadas, 178 episódios.

07 - Skins U.K

O drama acompanha a vida de um grupo de adolescentes que tentam viver a vida da melhor forma possível, mesmo com os diversos problemas e questões pessoais que têm, como famílias desestruturadas, disturbios alimentares, falsos amores, gravidez na adolescência e muitos outros. A série é quase como curtas-metragens sobre um mesmo tema, mas que em cada episódio é contado sob a ótica de um ou dois personagens diferentes, vale dizer que apesar da versão U.K ter terminado, eles continuaram com o projeto nos EUA. Está disponível no Netflix.
Quantas temporadas e episódios? 7 temporadas, 61 episódios.

06 - The Tudors

Uma das minhas séries favoritas, ela se centra na vida conjugal e política de Henry VIII, aquele monarca britânico que fundou uma igreja (a Anglicana) para poder se divorciar da sua primeira esposa e se casar com Anne Boleyn. A série acompanha o longo dos 6 casamentos do rei, além de suas diversas jogadas políticas, aventuras sexuais e muito mais. A série não pretende ser um relato histórico, então tenha isso em mente: eles usaram de muita liberdade poética. 
Quantas temporadas e episódios? 4 temporadas, 38 episódios.

05 - Merlin

Foi protagonista de um dos primeiros posts que eu fiz aqui no Mesa e por isso mesmo não poderia deixar de integrar esta lista! Merlin é uma releitura da história de Rei Arthur, focando em um Merlin jovem que tem como missão salvar o jovem príncipe Arthur, para que ele possa se tornar o grande Rei que Camelot precisa. Com um elenco lindozo, essa série envovle alguns dos elementos que eu mais gosto: magia, história, ótima ambientação e um roteiro certeiro. Já está disponível no Netflix.
Quantas temporadas e episódios? 5 temporadas, 65 episódios.

04 - Ghost Whisperer

Melinda Gordon é uma medium que aceita muito bens os dons que tem e vive uma vida normal numa cidade pequena dos EUA. Lá, ela vive com seu marido Jim, enquanto encontra espíritos que tentam se comunicar com ela das mais diversas maneiras (algumas nada agradáveis). A série te dá alguns sustos, mas é uma delícia de assistir! 
Quantas temporadas e episódios? 5 temporadas, 107 episódios.

03 - One Tree Hill

Por anos (mais precisamente 6) foi a minha série favorita e, apesar de eu ter assistido até a 6ª temporada, apenas, e defender que a história dela, realmente, vai até o último episódio dessa temporada, recomendo que se você gostar, que assista até a 9ª e se apaixone por Tree Hill as histórias de seus moradores. Leyton 4 ever! 
Quantas temporadas e episódios? 9 temporadas, 187 episódios.

02 - Will and Grace

Uma das séries que eu mais sinto falta, Will and Grace foca na vida de quatro melhores amigos, duas mulheres e dois homens, sendo que esses dois homens são homossexuais, então entre relacionamentos frustrados, um vai e vem de pessoas e situações, eles sempre sabem que podem contar uns com os outros. Uma verdadeira série sobre amizade, cumplicidade e alma gêmea. 
Quantas temporadas e episódios? 8 temporadas, 194 episódios.

01 - Dexter

Ainda a considero como a melhor série de drama que já assisti, vai fazer 2 anos do seu final. Ela foi protagonista de um post lindozo aqui no blog sobre as expectativas das series finale. Dexte conta a história de um serial killer que passou a sua vida toda matando sob um código de conduta, ensinado por seu pai adotivo. Entre as relações humanas que o personagem acaba construindo, ele acaba desenvolvendo um senso de humanidade e extrapola o fato de ser um serial killer. 
Quantas temporadas e episódios? 8 temporadas, 96 episódios.

P.S - Gostaria de acrescentar séries Gossip Girl, How I met your mother, Arquivo X, Smallville, Angel, Friends, 90210, Camelot entre outras, mas acho que a lista ia ficar longa demais, então considerem acrescentadas!

Romântico Demais

O filme Endless Love consegue se diferenciar de outras obras que falam sobre amor, auto-descoberta e realização pessoal, mas mesmo assim, não deixa de cair em certos clichês carimbados do gênero, nos lembramos de "Diários de uma Paixão", por exemplo.

Baseado na obra homônima de Scott Spencer, e remake do filme de 1981, em Endless Love conhecemos Jade (Gabriella Wilde), uma boa moça, de família rica, que depois de perder o irmão mais velho acabou vendo sua família e a si mesma se afastando do mundo e se isolando dele. Ela é tão distraída de sua própria existência, que nem nota o quanto David (Alex Pettyfer) é apaixonado por ela. Porém, depois de sua formatura no ensino médio, Jade começa a perceber o quanto sua ausência fez com que ela não construisse laços com ninguém e o quanto se sente sozinha por isso. É aí que o seu caminho se cruza com o de David, reservando aos dois uma bela e intensa história de amor.
Bom, com um caminho bastante comum nesse estilo de filme, Jade e David fazem de tudo para ficarem juntos e a personagem, inclusive, se deixa levar diversas vezes pela sensação de querer viver a vida intensamente, antes que o seu tempo de ir para a faculdade acabe. Assim, tudo acontece num verão, e quando eu digo tudo, é tudo mesmo! David se insere na vida daquela família de forma tão decisiva e intensa, que logo ficamos cientes do quanto, por causa dele, as coisa tomam um rumo diferente. Diria, então, que o mote da história é o amor como força transformadora e motriz da busca de encontrar quem realmente somos no mundo.

Além disso, a supreação dos velhos hábitos, tal como reencontrar (ou finalmente encontrar) a si mesmo, de modo a vencer medos, fantasias e situações passadas. Por conta disso, o filme começa levando-nos a crer que se trata apenas de um amor romântico, mas somos surpreendidos pelo amor nas suas mais diversas formas, como o amor de um pai com o seu filho, amor entre irmãos, amor entre amigos e, de forma bem marcante, o amor próprio.
Lembrando diretamente "Diarios de uma Paixão" diversas vezes, não conseguimos, no entanto, encontrar a força, delicadeza e intensidade de Rachel McAdams em Gabriella Wilde, que é tão sem graça que não acreditamos como David consegue colocar tudo a perder por ela. Apesar de algumas vezes você enxergar um ensejo de que pudesse vir a ser algo mais, ela continua andando de primeira marcha, mesmo quando se deixa levar pela personalidade de seu par, interpretado por Alex Pettyfer, que participou de filmes como A Fera, Sou o Número Quatro e Magic Mike.
Tem também Mace (Dayo Okeniyi), que além de ser o alívio cômico da história, é também o lado non-sense de David, que é dosado o suficiente para ironizar o comportamento do amigo, aquele amor desenfreado e a forma como toda aquela história é romântica demais.  

Depois do seu final bastante clichê, ficamos com a sensação de que Endless é sim, aquilo que não acaba, não termina e não se esgota, mas não chega a ser imortal, mesmo que tenha força suficiente para o ser.

Topo do Empire State Building

Sabe aquele tipo de filme que desde a primeira cena você já sabe que vai amar? Que ele vai integrar a sua lista de filmes para ouvir para sempre e que você não consegue desgrudar os olhos e os ouvidos, porque quer saber o que vai acontecer em seguida? Então...isso aconteceu comigo, assistindo ao Song One.

Como um filme integrante da minha lista de 15 filmes para aguardar no primeiro semestre 2015, eu já tinha compartilhado com vocês sobre o que se trata esse delicioso filme, mas caso você não se lembre aqui vai: o filme conta a história de uma antropóloga (Anne Hathaway) que, ao saber que o seu irmão, Henry, esteve envolvido em um acidente de carro e está muito mal no hospital, retorna a sua cidade natal e lá começa a procurar por formas de fazer o seu irmão reagir. No processo, ela descobre que ele é muito fã desse cantor James Forester (Johnny Flynn) e que sempre assistia aos seus shows. Na esperança de que essa seja a salvação para ele, Franny, vai atrás do cantor misterioso.
E a história realmente se desenrola nesse redor, onde ao encontrar o cantor, eles se envolvem na cidade sonora atrás de qualquer estímulo que possa ajudar Henry (Ben Rosenfield) a acordar do coma. Ao longo desse passeio, Franny e James vão se aproximando e (re)descobrindo um mundo que havia sido colocado em segundo plano para ambos. 

Sendo um filme completamente musical e ruidoso, sem que você perceba de modo consciente, todas as cenas tem barulhos e movimentos sonoros, que fazem com que sejamos conduzidos através de um misto de música, sons ambientes e leves batidas que parecem ter muito a ver com nosso próprio coração. Fora que é, por conta dos sons que entramos, juntamente com Franny, no mundo de uma pessoa que parece conhecida, mas que por diversas razões se tornou estranha. Fica claro, inclusive, que a relação de Franny e seu irmão não andava nos melhores termos.
Bom, ressaltando o fato de que Leãozinho tocou, a trilha sonora toda é um presente incrível, misturando Folk, Rock e o rasgadinho do Country, em letras tocantes e sentimentais. Eu destaco Bulb Went Black, Little Yellow Dress, In April, Silver Song e Afraid of Heights.
Além da parte musical, vale dizer que Anne Hathaway conquista-nos a todo o momento, com uma Franny delicada, complexa e realmente apaixonante. Tal é a nossa paixão pela moça, que compreendemos o motivo de James ter se encantado por ela de modo tão único. O envolvimento que acontece entre os dois é tão sensível, que é visto como um acontecimento natural do filme, mais natural ainda é a forma como a relação que eles constroem juntos nos leva a perceber como as vidas das pessoas podem se transformar completamente, dependendo de quem passa por elas.
Terno, envolvente e quando termina você continua pensando sobre os enlaces e o que mudou naquelas vidas, na sua e como você pode vencer seus próprios medos. Sera que você pode, finalmente, subir ao topo do Empire State Building?

Blogagem Coletiva: 5 lugares no planeta que eu gostaria de conhecer


Bom, mais um tópico para ser abordado no Mesa através da sugestão de grupos de Blogagem. Desta vez a sugestão foi do grupo Tagarelando, o qual faço parte e entre os sugeridos, escolhi aquele que falava mais de perto comigo: Viagem.
Faz um tempinho que eu não posto nada aqui no Mesa sobre esse tema, então achei uma ótima oportunidade para compartilhar com vocês, 5 lugares no planeta que eu gostaria de conhecer. Então...como o título é bem abrangente e poderiam ser países, praças, cavernas, cidades, etc, decidi manter uma linha diferente e falar de Eventos que eu tenho vontade de prestigiar, em algum lugar do mundo. Sendo assim...#partiu

05 - The Amazing Aloha Festivals - Havaí

Antigamente essas festividades eram chamadas de "Aloha Week" (Semana Aloha), em que você podia conferir diversas manifestações culturais da região da polinésia, experimentar a culinária única havaiana, além de aproveitar as praias das ilhas que formam o Havaí. Porém, esse festival acabou se expandindo e hoje acontecem mais 300 eventos em todas as ilhas. O Festival (que agora são festivais) engloba dança, comida, música e ainda conta com torneios e competições, durante dois meses de festividades e o melhor mês para ir é setembro. #partiuAloha

04 - Festival da Lua Cheia - Ásia Budista

O Festival da Lua Cheia é também conhecido como Festival de Meio de Outono, ou Festival da Lanterna, dependendo do lugar da Ásia onde a celebração ocorra. Ele acontece no décimo quinto dia do ano-novo Budista (normalmente cai no meio de setembro) e simboliza a união e a abundância asiática. China, Japão, Malásia, Singapura...todos os países asiáticos com tradição budista celebram as colheitas do verão e nesse Festival você verá cantos, danças, lanternas de papel flutuantes (tipo daquelas em Enrolados, sabe?) e uma lua cheia a pino! #partiuLua

03 - Khamoro - Praga

Este é o festival de música cigana da cidade de Praga, na República Tcheca. Este festival acontece todos os anos desde 1999 durante a última semana de maio. O evento conta com uma programação generosa, que tem como objetivo divulgar a cultura cigana checa e ainda é caracterizado por não permanecer apenas em um locais fechados e sim de fazer perfomances ao ar livre, em diversos pontos da cidade. Ou seja, além de ouvir uma música bastante diferente, você ainda tem a oportunidade de conhecer a cidade, de modo sonoro e bastante característico. Além da parte musical, também têm exposições, filmes, apresentações teatrais, oficinas, conferências e seminários apresentados por personalidades da comunidade cigana, e muito mais! #partiuKhamoro

02 - Holi - Índia e países com raizes hindu

Você já deve ter ouvido falar dele, o Festival das Cores, que acontece todos os anos entre fevereiro e março. Esse festival marca o início da Primavera e é da cultura hindu, logo não acontence apenas na Índia, mas também em países com essas raizes, como Suriname, Guiana, Ilhas Fiji e Nepal. Neste festival, as pessoas saem das suas casas de branco e sabem que voltarão coloridas, por conta da tradição de jogar tintas em pó uns nos outros e água, enquanto se cumprimentam dizendo "Holi Hai". #partiuColorido

01 - Dia dos Mortos - México

Acontence no dia 2 de novembro (dia de finados) e nesta celebração, de origem indígena, os vivos homenageiam os seus mortos com festas, comidas, cores, cantos e oferendas. Segundo a tradição, no dia 2 de novembro a linha entre a vida e a morte está mais fina, de modo que os mortos podem vir visitar seus familiares e amigos vivos. Mas nada de terror, não, na verdade se trata de uma celebração a vida e a lembrança que carregamos conosco dos melhores momentos que vivemos ao lado dos que já se foram. #partiuMuertos

E aí, me conta, você já conhecia algum desses eventos? Tem vontade de conhecer algum deles? Quais são os 5 lugares no planeta que você gostaria de conhecer?

Eu fui na Chuva mesmo

2 atores. 2 cadeiras. Poucos recursos multmídia, mas um aparato de maior força e alcance, que qualquer slide show: um texto bem escrito.

A grata surpresa da semana foi ter vencido o trânsito e a preguiça, depois de um dia acadêmico e cheio de pensamentos sobre a comunicação como área de conhecimento, e ter presenciado o último dia da peça Chuva Constante, aqui em Belo Horizonte. A peça é uma tradução do texto de Keith Huff, Steady Rain, que também é autor nas maravilhosas séries Mad Men (S2) e House of Cards
Na adaptação Brasileira, temos a potente e digna tradução de Daniele Avila Small, direção de Paulo Marques e as atuações Malvino Salvador e Augusto Zacchi, tudo convergindo para entregar aos espectadores uma história intensa, altamente descritiva e institivamente humana, desde o seu início 'menos' complexo, até os eu desfecho levemente perturbador.
Na sinopse oficial lemos: Dois policiais, companheiros e velhos conhecidos, se veem envolvidos em uma série de acontecimentos que afetará suas vidas para smepre. Não só a amizade é posta à prova, como também a escala de valores, a honra e a lealdade. Eles dão sua definição particular do que é a família, assim como as questionáveis decisões que tomam em nome dela. Mas a lembrança de cada um sobre o que realmente aconteceu naqueles poucos dias, em que uma chuva constante não parou de cair, não é necessariamente igual para os dois.
E bom, longe de ser crítica de teatro, até porque não tenho nem cacife, nem experiência para tal, tinha que dividir com vocês as minhas opiniões sobre o todo dessa obra, não apenas porque me lembrou demais Mad Men (que é uma das minhas séries favoritas), mas porque me fez pensar e repensar sobre o que tinha visto ali, consecutivas vezes, nas horas que se seguiram ao seu final. 

Para começar, o que torna tudo mais intenso é a potência com que os acontecimentos vão sendo elencados, trazendo em discussão a índole dos personagens, suas motivações e como eles se situam dentro das mudanças que são 'empurradas' sobre eles, nunca se esquecendo da ideia de que eles são amigos de infância e do bom e velho ditado: "aqui se faz, aqui se paga".
Com a mesma decisão de nunca julgar os seus personagens, também presente em Mad Men, Chuva Constante dá margem para múltiplas interpretações do que é caráter, o que te faz ser uma pessoa boa, até que ponto algo é inato do ser humano e até que ponto são atitudes adquiridas, a partir do meio social e as condições em que se vive. Ainda mais, sem a pretenção de levantar polêmicas ralas, o texto, claramente, deixa em aberto tais possibilidades de crenças, sendo dos próprios atores a responsabilidade pelo corpus de seus personagens, que podem usar de forças variadas, indo de um simplório relato de um jantar qualquer e uma tv cadastrada no ibope; até o assassinato a facadas e um bebê dentro de uma sacola plástica. 
O texto de Keith ganha potência, ganha persoanlidade e nos faz viajar entre as construções de ficções descritas por Danny (Malvino Salvador) e Joey (Augusto Zacchi), que parece ser ficção para eles mesmos, quando optam por relatar imagens sobrepostas à sentimentos, nos dando a completa visualização dos momentos em que eles estão envolvidos, desnudando para nós toda a complexidade humana, indo além de dicotomias pré estabelecidas e de respostas prontas. Talvez porque não tenhamos mais as perguntas prontas.

O minimal, onde poucos recursos estão presentes, além da interpretação e das duas cadeiras, faz um contraponto interessante entre essa riqueza humana, esbarrando-se na própria contrução dos personagens, que nos fazem vê-los como duas faces da mesma moeda, mas que, ao mesmo tempo, se anulam, uma vez que um deles sempre será mais 'completo' que o outro, sendo preciso um comportamento de 'papel em branco' de um, ou mesmo o desaparecimento do outro para que a chuva seja superada, usando a metáfora da obra.
Danny e Joey vivem uma simbiose confortável e por isso precisam de um gatilho para que isso seja cortado. Afinal, quem deseja se tornar uma sombra do outro? Ou mais ainda, quem deseja se tornar o outro?
Quanta chuva você seria capaz de enfrentar para proteger, vingar e salvar quem você ama? Você faria qualquer coisa?
Quaqluer coisa por eles...

Bravo!

P.S: Saiba quando e se a peça irá para a sua cidade na fanpage oficial deles. Se for para a sua cidade, não deixe de presenciar! Você vai se surpreender!

Sonido y Mezclado

Elétrico, Metálico e Dançante. Essas três palavras podem descrever o álbum mais recente de Belinda, Catarsis.

Reminiscente de Carpe Diem, Catarsis continua com uma frente brincante de convergência sonora, misturando o eletrônico, o dançante e o pop. De modo consciente e bastante característico de Belinda, esse 'novo' (porque não é tão recente assim) álbum também traz uma mescla gostosa de música latina, não apenas pelas letras serem em espanhol, mas também pela forma como a cantora (que também coproduziu o seu disco) acrescentou diversas referências a instrumentos, tons e batidas que remetem ao México.
De forma bastante pessoal, as músicas se perdem entre elas mesmas e uma puxa a outra, como uma continuação de uma narrativa construída no todo. Uma narrativa que, basicamente fala sobre relacionamentos, mas abusando de um duplo sentido, levando a gente a perceber, mais uma vez, que a menina que fazia Silvana e Mariana na primeira versão de Cúmplices de um Resgate, hoje é um mulherão, cantando sobre sexo e sendo sexy.

Vale dizer que, assim como ela faz desde o seu 1º cd, o Belinda, Cartasis é uma clara demonstração do seu momento de vida, numa coletânea de músicas que não poderiam ter sido perfomadas em outro período da sua vida. Agora, evidentemente megalomaníaca (tipo Baz Luhrmann da música), ela invade seus próprios videoclipes com essa estética grandiosa, de figurinos requintados e sons complexos.
Ressalto as músicas "En el amor hay que perdonar", "En la Obscuridad", "Te quiero", "Bailaria sobre el fuego".

Martelos e Pregos

Tem um 'ditado' em inglês, que costuma nortear várias das coisas da minha vida: "Low Expectations, Low Frustrations" (baixas expectativas, baixas frustrações). Esse dizer está gravado na minha mente e sempre que vou começar algo, conhecer algo ou ver algum filme pela primeira vez, tento me lembrar disso, para não me frustrar muito, o que nem sempre é possível...
Dessa vez foi possível e eu me diverti bastante com esse filme que tem Will Smith, Rodrigo Santoro e Margot Robbie no elenco: Golpe Duplo.

O filme conta a história de um trapaceiro profissional, Mellow (Will Smith), que ao treinar Jess (Margot Robbie), uma novata no ramo de trambicagem, porém extremamente promissora; acaba se apaixonando pela moça e criando com ela um laço que pode colocar a sua frieza a perder. Depois de tomar uma difícil decisão, eles se separam, se reencontrando anos depois sob circunstâncias bem diferentes e ligados por um esperto empresário do ramo dos automóveis, Garriga (Rodrigo Santoro).
Tendo algumas semelhanças com o adorado (por mim) Truque de Mestre, Golpe Duplo se foca em fazer diversas brincadeiras com a nossa capacidade (ou falta dela) de prestar atenção nas coisas, fazendo com que a gente caia em descrença pelo não visto, não compreendido e, em diversos momentos, não crível. Sim, parece se tratar de ilusionismo aplicado para a gente ter um déjà-vú de "Mister M", mas na verdade nenhum segredo é revelado, exceto a exploração do simples fato de como somos desatenciosos.

Nenhum dos personagens tem boa índole, mas todos eles tem ímpetos de humanidade, o que faz com que eles sejam 'bons' ou 'maus' de acordo com o que o momento pede deles. Daí podemos extrair ótimas considerações sobre, até que ponto, nos tornamos aquilo que temos dentro de nós mesmos (o que seria inato) e até que ponto o meio nos 'condena' a agir de uma determinada maneira. Essa questão é bastante determinante, uma vez que ela norteia a história para o seu desfecho.
Entre dois homens, Margot é a verdadeira estrela desse longa, roubando a cena quando aparece, sendo a principal força motriz que impulsiona boa parte dos acontecimentos, mesmo que ela não se dê conta disso. Sensual, sem apelar para o vulgar, sua personagem torna plausível o que acontece e como acontece, mesmo que ela esteja imersa numa quase adorável igenuidade. Esperava que Rodrigo Santoro fosse ter mais destaque, mas seu personagem é uma brincadeira ácida colocando entre uma péssima caricatura de um magnata latino-americano e uma primorosa interpretação de um cafajeste de primeira viagem!

Vale ressaltar, que demora para que a gente compreenda, exatamente, os enlaces dos personagens, assim como o que os motiva, mas terminamos o filme com a impressão de que somos movidos apenas por duas coisas: ambição e paixão.

Born to be Contrary

Com um indie retro feel, "God Help the Girl" é adorável em toda a sua essência, marcando músicas, pensamentos e diversas poesias sobre os aspectos de viver em um mundo maluco e fazer parte de uma geração que parece estar o tempo todo em terapia.

A história de "God Help the Girl" começa quando Eve (Emily Browning) resolve sair da clínica de reabilitação em que está internada para dar uma volta pela bela Escócia (onde se passa o filme). Ela acaba por ir a um Pub durante uma open mic night, onde conhece o intrépido James (Olly Alexander), que a ajuda depois de um surto. De volta à clínica, descobrimos que Eve tem um distúrbio alimentar e que ainda está em tratamento. Também descobrimos que uma das formas que a moça encontrou para enfrentar a sua doença é compondo e assim ela fica lá, por alguns meses, até pensar estar pronta para encarar o mundo novamente. Fugindo da clínica.
Encontrando novamente com James, Eve tem a oportunidade de conhecer Cassie (Hannah Murray), uma rica adolescente que sonha em colocar seus sonhos em letras musicais; e os três juntos vivem um verão inesquecível, recheado de canções, sonhos, aventuras e auto-descoberta.

Como um bom filme musical que é, God Help the Girl tem suas músicas baseadas nos momentos em que as coisas acontecem e as mesmas são preciosas para o compreendimento geral da película, perpassando pelo estilo dos personagens, assim como o próprio estilo musical escolhido. Algo que remete She and Him, Nouvelle Vague, David Bowie e, claro, Belle & Sebastian e a própria God Help the Girl, recebendo referências diretas destes dois últimos. 
Por sinal, pesquisando na web descobri que "God Help the Girl" foi o nome que Stuart Murdoch (diretor do longa e também produtor musical) deu, a princípio, ao projeto Belle & Sebastian, mas que depois acabou dando outro nome e transformou o nome em um projeto musical que resultou em um álbum e uma ambição cinematográfica. Algumas músicas contidas na película são músicas existentes no álbum homônimo de 2009 (como 'Act of the Apostle', 'Pretty Eve in the tub', 'Down and Dusky blond', 'Come Monday Night', entre outras), além de algumas que no filme são interpretadas em forma de conversa ou discursos dos personagens, apenas com um piano ou sax ao fundo. Outras canções foram escritas para o filme (como 'The Psychiatrist is in', 'I dumped you first', 'Pretty when the wind blows' e 'Dress up in you') para complementar o clima do filme, dando toques de referências diretas ao passado dos personagens, assim como suas próprias crenças. Inclusive, a questão do passado é trabalhada de um modo bastante peculiar no filme. Não temos certeza sobre as motivações, sonhos e história de cada personagem, quase como se cada um deles tivesse vivendo duas vidasa deles mesmos e as que escolheram viver durante aquele verão, em que se juntaram para formar uma banda. Note como a história de Eve é confusa e você passa a se perguntar até que ponto ela não está mentindo para os outros e para si mesma.

Apesar de ser um filme sonoro, é importante, ao se ter acesso apenas à trilha, que muitas das canções não são canções propriamente ditas e ficam bem melhores na tela, do que no áudio. De fato, como Stephen Thomas Erlewine escreveu para o All Music, a parte musical do filme é muito mais uma série de notas de rodapé, com músicas entre elas escritas por um brilhante e sofisticado Stuart Murdoch.
Seguindo, o filme em si tem algumas jóias a serem destacadas, como o fato de discutir tão abertamente o ato de fugir do mundo, para buscar por si mesmo, além de como nos perdemos facilmente dentro das nossas próprias mentes. Sim, é uma geração que busca por um sentido na vida e sim, é um fato que vem sido bastante discutido em filmes mais recentes (vide Homens, Mulheres & Filhos; Boyhood; Two-Night Stand; entre muitos outros), mas God Help the Girl o faz de modo tão delicado e sutil, que é quase como se fóssemos espectadores de um pequeno trecho de uma vida comum, mas que foi significativa para alguém. Assim, esta é muito mais do que uma história com música, é uma história que, através da música, alguém tem a oportunidade de se descobrir.
Algumas cenas brincante de Pathé Baby, descortinam toda uma aura do novo que quer conversar com o antigo e mostra como eles se constituiram como uma banda sonoramente 60's, mas visualmente indie. Engraçado, inclusive, tentar denominar God Help the Girl como pertencente a algum gênero, mas que é um presente sonoro, é.

Com um final agridoce, ficamos com uma mistura de sentimentos: a vida assim mesmo e os caminhos para a plenitude são diversos por vezes podem cruzar-se com os caminhos dos outros, mas de modo geral, a vida de um grupo de pessoas é capaz de mudar, apenas pelo fato de que eles querem mudar.

"God Help the Girl" integra a minha lista de 24 filmes para 2015, do Blogs que Interagem, na categoria Musical.