Três mulheres, com mentes brilhantes e uma vontade tremenda de se provarem além do que estava reservado para elas naquele período. Um filme baseado em fatos reais, em mulheres reais e com lutas reais. Este é Estrelas Além do Tempo.
Em meio a corrida espacial dos anos 60, conhecemos três matemáticas negras que trabalham para a NASA. Vindas de passados diferentes, em comum, elas cultivam a vontade nacionalista de fazer parte da ida do homem para o espaço e também, de serem reconhecidas pelos papéis que desempenham nessa empreitada. Katherine (Taraji P. Henson), Dorothy (Octavia Spencer) e Mary (Janelle Monáe) se destacam entre as matemáticas da ala oeste (mais conhecida como ser a ala dos negros) e em meio a uma época de intensa segregação racial (e de gênero), essas mulheres passam para a ala leste, onde integram a linha de frente da corrida, cada uma delas em sua área de expertise.
Com uma trilha sonora caprichosa, que embala todos os momentos de modo ritmado, um figurino digno de notabilidade e uma série de atuações excelentes, Estrelas Além do Tempo é um filme sobre superação e sobre desvelar personagens escondidos (numa clara referência ao título original) de um momento tão significativo na história recente da humanidade, porque fica bem claro o quanto elas foram responsáveis pelos EUA ter tido a oportunidade de ir ao espaço. Também, serve como um reforço positivo na temporada atual, recheada de filmes pesados, com tons depressivos e auto-reflexivos. Saber de personagens reais de tal amplitude, deixam a gente sair do cinema com a satisfação de ter presenciado o reconhecimento merecido dessas mulheres.
E de fato, o grande trunfo de Estrelas Além do Tempo é trazer essas personagens fortes, destemidas e, principalmente, que não se deixam abater com as suas posições de inferioridade. Talvez o tom utilizado pelo longa seja mesmo brando, mas os temas de segregação racial e feminina ganham potência na narrativa, mostrando como eles estavam enraizados em todas as partes da sociedade, não apenas numa divisão de alas, ou de assentos em universidades, mas até mesmo nas conversas, convivência e para aqueles que não se achavam racistas. Inclusive, numa das cenas mais incríveis de Octavia e Kirsten Dunst, isso fica claro, em que Dunst diz:
"Dorothy você pode não acreditar, mas eu não tenho nada contra você""Sim, eu acredito. Que você realmente ache que isso é verdade".
Sendo assim, sim, o tom escolhido para a história é o sutil, mas que passa a mensagem e deixa claro que é preciso se munir com as armas que se tem para lutar contra o preconceito, mesmo que essas armas pareçam singelas e não tão panfletárias quanto brandar aos sete ventos, ou subir em caixotes. Apesar do tom Feel Good Movie, acredito que ele tenha ido na questão dentro da sua proposta, que era a de exaltar as figuras de três mulheres que não foram reconhecidas pelo público e, ao mesmo tempo, mostrar que existe mais de uma forma de se lutar pelo que se acredita e pelo seu lugar no mundo.
Pitacos: Estrelas Além do Tempo concorre em três categorias, mas acredito que não deve levar nenhum para casa. Se o Oscar seguir a linha de distribuição de prêmios que tem feito nos últimos anos, pode ser que leve de Roteiro Adaptado, mas acho difícil levar Coadjuvante, por conta de Viola, em Um Limite entre Nós. Também não deve levar de Melhor Filme, com La La Land e Moonlight no páreo.
Indicações: Melhor Filme, Atriz Coadjuvante, Roteiro Adaptado
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