Li em algum lugar, que são as grandes histórias de heroísmo que movem o mundo e que graças a elas reencontramos nosso ímpeto de seguir em frente e até em acreditar em nós mesmos. Talvez por isso que Até o Último Homem invade a gente de inspiração de forma tão profunda, porque Desmond Hoss foi essa pessoa incrível, de força e coragem inacreditáveis e capaz de salvar, sozinho, 75 homens.
Desde 1993, Mel Gibson foi implantando a sua incursão pelo papel de direção de longas metragens. Com os filmes Coração Valente e A Paixão de Cristo no currículo, o ator/diretor foi crescendo por trás das lentes e hoje, com Até o Último Homem, Gibson chegou em um ótimo patamar na direção, mostrando que aprendeu muito nos últimos anos e que realmente gosta de retratar histórias sobre grandes personagens.
Em Até o Último Homem, acompanhamos o médico militar Desmond Hoss (Andrew Garfield), que na juventude decidiu se alistar no exército, no entanto se recusava a matar outros, se quer pegar em uma arma. Subjugado pelos seus colegas, especialmente os superiores Sargento Howell (Vince Vaughn) e Smitty Ryler (Luke Bracey), Desmond sofreu preconceito por suas crenças e foi acusado de covarde, até o momento em que ele agiu bravamente, durante a Batalha de Okinawa, onde ele salvou 75 homens e passou pouco mais de 12 horas em campo de batalha resgatando qualquer um que tivesse qualquer chance de sobreviver, inclusive japoneses. Por sua coragem, ele foi o primeiro Opositor Consciente (uma pessoa que se recusa a fazer certos serviços militares por conta de suas crenças, liberdade de pensamento, ou religião) a ser condecorado.
Daí que temos um Andrew Garfield potente, de interpretação convincente e que envolve. Temos certeza da sua simplicidade, bom coração e ímpeto em fazer o que é certo, de acordo com a sua consciência, ao mesmo tempo que não duvidamos do quanto ele vê sentido nas suas escolhas e na missão que sente ter. O início do longa, que mostra Desmond e seu irmão Harold em uma relação recheada de uma violência equivocada, serve para compreendermos de onde vem as suas convicções, já que temos um pai, Tom (Hugo Weaving), que é claramente atormentado pelas lembranças do passado, e uma mãe (Rachel Griffiths) que é responsável pelo lado mais suave desse ambiente. Em meio a essa família, Dess encontra alento na religião e se apoia em suas motivações éticas e sonho de ser um médico para justificar o seu alistamento.
O elenco, realmente é um dos pontos altos de Até o Último Homem, sustentando mais de duas horas de uma história pesada, repleta de explosões, sons confusos, gritos e mortes. O destaque maior, de fato, é para Andrew, mas é evidente que outros atores brilham, como Vince Vaughn que vem de uma filmografia mais ligada à comédia, no entanto interpreta um sargento durão e exigente.
Outros pontos belíssimos nesse filme são, definitivamente, a fotografia e a edição, que trabalham com primazia para contar (mais) uma história de guerra. Com claras referências ao Resgate do Soldado Ryan e suas câmeras subjetivas, som subjetivo e personagem principal bom moço, Até o Último Homem realmente ganha força do meio para o final, quando o confronto ideológico e religioso de Dess se encontra com a realidade da guerra. Interessante como eles construíram a relação entre a recusa de se tornar violento, com o ambiente em si violento de uma guerra.
Assim, Até o Último Homem se estabelece como um filme forte e que conta uma potente história, acalcada por uma parte técnica excelente e um elenco que sustenta a narrativa. Mel Gibson realmente se supera e surpreende com algo há mais.
Pitacos: De fato, é um filme que surpreende, principalmente a mim que não sou das maiores fãs de filme de guerra, porém tem muitos positivos. Não acredito que leve Melhor Filme, Direção ou Melhor Ator, mas tem muitas condições de ser premiado pela edição de som e edição. Os maiores concorrentes dele nessas duas categorias são: A Chegada e Moonlight, respectivamente nas categorias.
Indicações: Melhor Filme, Direção, Melhor Ator, Mixagem de Som, Edição de som, Edição
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