Um investigador, um engenheiro, uma médica, uma estrategista e um historiador. Essas são as especificações de cada um dos indivíduos que querem fazer parte de uma missão única, porém bastante perigosa, que é capaz de mudar totalmente o destino da humanidade. Esse é Travelers.
A série estreou no catálogo do Netflix sem tanto alarde, na verdade, li em alguns lugares que pegou gente de surpresa, porque não pareceu tentar criar expectativa ao seu redor. Também não quis "chegar chegando", pois não queria ser comparada à, também do Netflix, Sense8, muito menos despertar as expectativas erradas sobre si, então Travelers veio ao mundo discreta, porém intensamente, sendo essa a perfeita metáfora para começar esse post sobre ela.
Isso porque essa série vai te conquistando aos poucos, primeiro pela curiosidade, depois pelos personagens e então, finalmente, pelo enredo que envolve e deixa, em cada final de episódio um gancho ainda mais potente que o anterior, enquanto cria as mais diversas teorias a cerca do seu desenrolar.
Mas do que se trata Travelers? Bom, basicamente são indivíduos vindos de um futuro que a gente não sabe exatamente qual, que viajam para o século 21 (também com uma data meio incerta) através das mentes de outras pessoas. Como assim? Então, ao que parece, nesse futuro os humanos descobriram uma forma de enviar apenas a consciência de voluntários para os corpos de pessoas que poderiam ter as suas mortes evitadas. Quando essas consciências tomam os corpos das pessoas do século XXI, elas passam a assumir suas vidas e suas identidades, enquanto tentam salvar a humanidade.
Depois que vi esse resumo, eu só tinha duas opções: Gostar para caramba da série, ou achar um clichê de primeira (já que até Power Rangers já fez uma temporada com um quê semelhante...). Ainda bem que foi a primeira opção!
Resta dizer, até para não dar spoiler e nem dar nenhum dado realmente substancial sobre a série, que é muito provável que logo no primeiro episódio você seja arrebatado, uma vez que ele brinca com o nosso senso e a nossa curiosidade, a tal ponto que não conseguimos desviar o olhar e desconsiderar o que está acontecendo ali. A história é intricada e muito misteriosa, quase como se eles fizessem alusão ao efeito borboleta de não conversar sobre o período de onde vieram. As informações sobre essa época são dadas aos poucos e bem pouco mesmo, tanto que as relações que se criam entre os Travelers e as pessoas que estão ao redor dos seus "hospedeiros" marca a parte dramática da série, bem como a eterna confusão que esses viajantes passam, em tentar lidar com os diversos protocolos de suas missões e sua própria sensação de vida, ética e vontade.
A questão dos protocolos é muito bacana, parece algo que realmente os seres humanos criariam, mas ao mesmo tempo tem um quê de distopia e de um futuro ditatorial que deixa uma ponta para ser explorada em próximas temporadas. Esses protocolos têm a ver com a ideia do efeito borboleta, do inevitável e também do continuum tempo/espaço. Para quem gosta de temáticas de volta no tempo e tudo mais que se relaciona com isso, deve adorar essa série logo de cara!
Outra questão que merece muita atenção, é o elenco e como eles dão pistas do passado (ou futuro) de cada um, através de hábitos e comentários. Com excelentes atores, encabeçados pelo brilhante Eric McCormack interpretando o líder da equipe de Travelers Grant MacLaren, algumas peças do quebra-cabeça desse futuro abstrato vão se formando, enquanto entendemos aos poucos que existem vários grupos de Travelers e que em cada um grupo, formado por cinco integrantes:
Temos um investigador (Grant), responsável por liderar a equipe e agir como um mediador e uma cola para o seu time; um estrategista (Carly - Nesta Cooper), que é responsável pela parte tática e operacional das missões de sua equipe; um médico (Marcy - MacKenzie Porter), para emergências e capaz de realizar intervenções das mais diversas; um engenheiro (Trevor - Jared Abrahamson), que conhece o maquinário da época em que eles vão e da época que vieram, de modo que possa utilizar as ferramentas disponíveis no século XXI para evitar catástrofes e um historiador (Philip - Reilly Dolman), a pessoa que decora fatos, eventos, números, datas e possíveis receptores dos viajantes. Esse historiador consegue dinheiro para manter a operação funcionando e também é responsável por antever possíveis problemas operacionais das missões.
É claro que essas especialidades são super genéricas e que cada uma das equipes têm seus integrantes com características particulares e individuais de si, de modo que o fator humano, nesse caso, é o que realmente dá à série um fôlego ainda maior, visto que, tanto juntos, quanto separados, os personagens se sustentam e sustentam os seus próprios enredos, além do central.
Para concluir, talvez a despretensão da série seja uma das coisas mais legais, uma vez que eles se propõe a fazer diversos testes, inserir personagens, inserir novos mistérios, fazer a gente se apegar e depois desapegar de várias intervenções e, por fim, busca, do seu modo, ser diferente e um pouco mais ousada do que algumas séries aí, super bem cotadas, mas nem um pouco carismáticas...
Imperdível, viu?!
Nenhum comentário
Postar um comentário