O papel que define uma vida

É muito comum o cinema se inspirar em grandes personagens para contar histórias. Já aconteceu com Frida, com Piaf, Jane Austen, para citar algumas poucas. Na recente temporada, Jackie Kennedy é a inspiração da vez, num filme tocante, pesado mas que dá à Natalie Portman e Jacqueline todo o espaço para brilharem e serem dignas de aplausos.

Conhecida pelo seu impecável gosto por moda e sua elegância, Jackie Kennedy sempre esteve na lista das mulheres mais bem vestidas de todos os tempos e até mesmo virou um dos símbolos femininos dos anos 60, mas a verdade é que pouco se sabia sobre seus sonhos, suas ambições e, claro, sobre sua vida pessoal como um todo. Além de rumores, como o de uma ligação que Marilyn Monroe teria feito, informando à Jackie que ela era amante de seu marido; a vida dessa primeira-dama entrou pouco na roda, até que, em 2014, ela passou a ser tema novamente, quando cartas suas endereçadas a um padre irlandês foram encontradas. Justamente em cima dessas cartas e de uma entrevista que ela cedeu ao jornalista Theodore H. White, da revista Life, que o roteiro de Jackie se baseia.
Além da impecável edição, do figurino requintado e do roteiro incrivelmente bem amarrado, logo de cara, o que impressiona no filme é Natalie Portman. Assim como já aconteceu em filmes que levam o nome de uma personagem histórica, como os já citados Frida e Piaf, a narrativa precisa de uma atuação intensa para que se desenvolva. No caso de Jackie ganha um forte fôlego com uma transformação visual, deixando Natalie realmente parecia com Jackie, dentro do possível, ao mesmo tempo que a assinatura de Portman está presente, já que é uma atuação baseada em olhares, gestos e até a forma de falar. 

A Jacqueline de Portman é contida, quase frígida em alguns momentos, mas envolvente na sua força e imposições. As cenas de arquivo são impressionantes, pois é quase possível confundir a intérprete com Jackie. Essa Jacqueline não dá espaço para falsas interpretações, principalmente ao conversar com Theodore, deixando claro que ele só vai publicar o que ela autorizar. Imagem era, obviamente, muito importante para essa ex primeira dama.
Mas as coisas não são tão simples assim. Na verdade, a construção que o roteiro faz, que em alguns momentos me lembrou 7 dias como Marilyn, ironicamente; é de que a busca por grandiosidade e reconhecimento era o que ela verdadeiramente buscava, e não apenas para si, mas para John, com quem ela mantinha um casamento político, mas devoto. Jackie realmente viveu para deixar a marca do marido no mundo, tanto que somos levados a crer que o espetáculo televisionado que se deu após o assassinato de J.F.K foi o grande responsável por não deixar que o 35º presidente dos EUA fosse esquecido. Nem pelos compatriotas e nem pelos estrangeiros. 

Boa parte do filme é ambientado no ambiente "doméstico" de Jacqueline, seja em sua casa no Massachusetts, seja na Casabranca. Apesar do tom "bela, recatada e do lar", é interessante perceber que a real intenção disso, era de mostrar que existiam muito mais coisas dentro da necessidade de ser reconhecida como um exemplo de mulher. Em determinado momento ela diz: "Royal takes time!" ("Realeza demanda tempo!"), ao ser comparada com as princesas inglesas. Ela complementa dizendo algo como: "We didn't have time!" (Nós não tivemos tempo!), marcando a sua frustração por não ter podido deixar a sua marca. Partindo daí, uma segunda discussão se abre, em torno do papel de uma primeira-dama. Ela é um acessório? É um joguete público para ter apelo às mulheres? Tem algum poder realmente, ou é apenas um poder aparente? 

Bom, Jackie explora todas essas questões, mostrando além da Jacqueline publicamente impecável o tempo todo, apostando em uma mulher com diversas fragilidades, vários momentos de entrega ao trauma e repleta de medos. Os papéis interpretados pela pessoa pública, atravessados pelo acontecimento da morte do marido, até a forma como ela conduz a entrevista de Theodore são indicativos de uma vida que se tornou sem propósito e a última cena ~no spoilers~, em que ela admira o seu próprio legado, deixa dúvidas quanto ao tipo de legado que ela gostaria de ter deixado. 
Brava!
Pitacos: Concorrendo a três estatuetas, Jackie tem a minha torcida para Melhor Atriz para Portman. Para mim, quando o filme se baseia completamente na atuação de alguém, merece ter esse tipo de reconhecimento. Ainda é possível que perca essa estatueta para Isabelle Huppert de Elle, que está sendo muito bem cotada. Além disso, é um forte concorrente para figurino, mesmo que eu ache difícil desbancar La La Land e Animais Fantásticos, ao mesmo tempo. Melhor trilha Sonora não preciso dizer quem é o favorito, né gente?!
Indicações: Melhor Atriz, Melhor Figurino, Melhor Trilha Sonora.

Depois do Piloto - 9

Yay! chegou aquela postagem marota sobre as séries que eu assisti o primeiro episódio por esse mês. Todas disponíveis no Netflix e todas são séries bem contadas e interessantes. 
Já adianto para vocês que fiquei encantada com elas e com certeza continuarei vendo:

The Crown


Eu já tava toda trabalhada na ansiedade de ver essa série, mas por causa do tempo de cada episódio (em média 1 hora) eu acabei deixando pra frente. Agora não há o que dizer, assisti ao piloto e fiquei irremediavelmente apaixonada, até porque coroa britânica é comigo mesma! Para quem não sabe, a série acompanha o reinado de Elizabeth II, que já é o reinado mais longo da história da britânia. 
O bom é que vai ser uma série beeeeeemmmmm longa. Yay!

The Paradise


Outra série que eu tava super curiosa para ver e outra série britânica. Nesta, acompanhamos a primeira loja de departamento da europa, The Paradise, e os dramas que se desenrolam lá dentro, já que vendedores moram em alojamentos em conjunto, além de trazer alguns dramas, muito bem ambientados no início do século XIX. Produzida pela BBC já conquistou lugar cativo na minha programação, com os seus figurinos lindozos e personagens elegantes.
Será que a série chega aqui? hahah

Crazy Ex Girlfriend


Essa série foi muito bem contada no Emmy e no Globo de Ouro do ano passado, então já tinha me despertado a curiosidade. Eu queria ter começado a vê-la na época que comecei Mozart in the Jungle, mas não tava tendo tempo, como ela entrou no catálogo do Netflix recentemente, matei a minha curiosidade! E que série divertida, gente!! É uma comédia com musical, numa mistura interessante de história de amor, com a de auto-descoberta. Super pipoca!
Aprendendo as músicas e cantando no chuveiro!

Uma ode aos românticos

Talvez o filme mais bem cotado da temporada seja La La Land, um musical recheado de melodias esperançosas e um pouco do que queremos encontrar nos nossos sonhos e vontades. 

Damien Chazelle ficou muito bem quisto depois do excelente Whiplash e parece que a sua inspiração musical/cinematográfica e a união dos dois não terminou ali, de modo que La La Land é uma obra musical com sonoridade própria, e com jeito de que veio para marcar os musicais contemporâneos. Além disso, é perceptível como Chazelle quis fazer referência à obras anteriores como Cantando na Chuva, Cinderela em Paris e até mesmo Moulin Rouge. Musicais que foram separados por períodos diferentes, histórias diferentes e propósitos diferentes, mas que tinham em comum um enredo mágico, romântico (não apenas no sentido amoroso da palavra) e que eleva-nos ao estado de sonho e encantamento. Sim, La La Land tem tudo isso, mas não morre em referências, já que conta uma história totalmente sua e verdadeiramente atual.
Já pelo próprio nome dá pra ter uma ideia do que vai vir por aí, uma vez que esse nome faz tanto uma analogia à Los Angeles (onde estão as maiores maiores estúdios de cinema dos Estados Unidos), e também pode significar uma terra musical, sendo que é nessa terra musical que encontramos o sonhador Sebastian (Ryan Gosling) e a adorável aspirante à atriz Mia (Emma Stone). Ambos os personagens mostram um pouco do que LA chama para dentro de si, ou seja, pessoas que querem encontrar o seu lugar ao sol. Pessoas que sonham com o estrelato (fazendo uma clara referência ao clássico Fame), mas não apenas isso. São pessoas sonhadoras, que querem ser reconhecidas por seu talento e por tudo o que têm a oferecer ao mundo da arte. Logo, La La Land tem um charme todo marcante para a própria Hollywood, já que presta uma evidente homenagem a ela, não sendo preciso ir longe para entender porque a obra está sendo tão querida pela academia e por outras premiações, especialmente as que acontece nos Estados Unidos.

Mas fora o fato de prestar essa homenagem, La La Land é um filme adorável no seu todo, com personagens relacionáveis e uma história que poderia ser contada em qualquer lugar e de várias maneiras, sendo talvez por isso que esteja tão próxima do grande público. É verdade que fazia tempo que não víamos um musical tão modesto e ao mesmo tempo tão mágico, arrisco dizer que não me sinto inspirada por essas características, desde os musicais mais clássicos, que foram o frisson nos anos 40, 50 e 60 nos estúdios hollywoodianos, estrelados por Gene Kelly, Debbie Reynolds, Audrey Hepburn, Fred Astaire e Ginger Rogers. Se levarmos em conta os últimos musicais que ganharam destaque, todos tinham consigo o fator Broadway e o fator espetáculo conectados a si, tudo tinha que ser muito grandioso, desde Moulin Rouge, passando por Chicago, até Os Miseráveis

Talvez La La Land se diferencie por trazer em pauta o romantismo da magia das coisas, já que em cada uma das cenas, o que nos arrebata é o fato de que ainda é possível se encantar com o mundo ao seu redor, mesmo que seja numa "fábrica" de sonhos, como Hollywood. A paixão dos protagonistas, assim como aquilo que os move, as escolhas que eles fazem e aonde eles chegam, são basicamente movidos pela concepção romântica de que é possível chegar lá, se for isso que o seu coração realmente quer. Um traço bem disneyano desse filme, devo dizer.
O casal de protagonistas é terno e conquista, tem uma química interessante, mas talvez não seja a parte mais importante desse filme. As músicas, os cenários, os figurinos, os enlaces e o roteiro, para mim, sobrepujaram Ryan e Emma, que apesar de excelentes, somam esforços no filme, mas não se destacam verdadeiramente. O jogo dos protagonistas, dentro do seu relacionamento, me lembrou muito o de Anna Kendrick e Jeremy Jordan em Os últimos cinco anos, um musical cativante, que infelizmente não chamou tanto a atenção, mas que também traz personagens estranhamente seguros de si e com vontades próprias, mesmo que sejam movidos por suas paixões, inclusive a de um pelo outro e pelos seus sonhos. Em relação direta esses dois filmes contam como sucesso, amor, notoriedade e sonhos se cruzam em vários parâmetros, principalmente para determinar aquilo que somos e aquilo que passamos a ser.

De fato, La La Land é baseado nessa ideia de que a nossa constituição como seres seres humanos se dá por aquilo que nós almejamos e até mesmo naquilo que sentimos falta, no sentido mais nostálgico do romantismo, fazendo-nos lembrar de experiências que estão sumindo, ou se tornando outra coisa, como a experiência de ir ao cinema, ao planetário, conversar longamente com alguém sobre tudo, algo, qualquer coisa; caminhar sem rumo numa cidade qualquer, ou a de ouvir uma música e se tocar com aquilo. Um brinde aos românticos!



Pitacos: Franco favorito da temporada, atualmente é o que detém as minhas apostas de Melhor Filme. Além dele, deve faturar Direção de Arte, Figurino, Canção Original (para City of Stars), Trilha Sonora e Roteiro Original. Ainda não aposto todas as minhas fichas na direção, mas fico com a impressão de que é provável que leve também, tudo depende de como Moonlight for recebido pelo mundo. Com Denzel e Viggo, concorrendo na categoria de ator, acho difícil Ryan levar; idem para Emma, que está na disputa com Meryl, Isabelle e Nathalie. 
Indicações (recorde de indicações de um filme nessa premiação): Melhor Filme; Direção; Atriz; Ator; Fotografia; Mixagem de Som; Figurino; Edição de Som; Direção de Arte; Trilha Sonora; Canção original; Roteiro Original; Edição

A linha em que o céu encontra o mar

O que te faz ser quem você é? O que constitui a sua essência e fala de perto com o seu coração? Qual o seu chamado? 
De uma certa maneira, eu não poderia começar esse post sobre Moana, sem trazer essas questões que estão tão fortes dentro desse lindo longa metragem de animação e que conseguiu mexer comigo de tantas formas. 


Moana, o mais recente filme da Disney com "princesa", é uma obra intensa, trazendo questões bastante profundas de dever, encontrar o seu próprio caminho, descobrir o seu chamado e ir onde você precisa ir, e isso é só uma das muitas camadas desse que já virou o meu filme favorito da temporada.
Fortemente baseado em aspectos da cultura maori e de suas crenças, mesmo que apresentados de um jeito mais universal, como a Disney costuma fazer, Moana não deixa de lado o cultural específico, ao se apoiar na história de Te Fiti, uma deusa que teria o poder de criar vida, apenas com a força do seu coração, para dar o pontapé inicial no enredo do longa. No filme, essa deusa teria criado enormes aglomerados de terra e neles ocuparam humanos. Como a força de seu coração era grande o suficiente para criar vida, outros deuses cobiçaram o seu poder, até que o semi-deus Mauí conseguiu pegar o coração dela. Mas a jornada dele foi interrompida e o coração se perdeu no mar, até que uma pessoa fosse escolhida para retorná-lo ao seu lugar.

Não é preciso dizer que essa pessoa é a Moana, né?
Pois é, mas um dos grandes trunfos da história está justamente no sentido que se dá a ideia de "ser escolhida", isso porque Moana foi escolhida para muitas coisas. É filha do chefe da ilha, é aquela que quer ir ao mundo, ama o mar, precisa retornar o coração de Te Fiti, resgatar Mauí...enfim, são muitas atribuições para uma pessoa e é aí que o filme me arrebatou pelo coração e não consigo lidar sem me emocionar: Ela é todas essas coisas e pode ser cada uma delas, porque todas formam quem ela é.
Justamente na música "I'm Moana" isso fica muito forte e evidente, já que a personagem abraça seus antepassados, abraça o espírito, abraça suas obrigações e abraça cada parte das características que a fazem ser quem é. Cês não estão entendendo como isso é incrível!
Com várias partes que me lembraram A Encantadora de Baleias, voltando-se para os adultos (especialmente sobre a questão da cultura Maori, da relação com o mar e da personagem procurando o seu lugar), Moana também foi feito para o pequenos, com um personagem icônico e divertidíssimo Maui, que guarda algumas das cenas mais cômicas do filme, enquanto reforça, mais uma vez, a amizade e a família como as forças mais poderosas do mundo, já que Moana continua na série das princesas sem príncipes que a Disney tem apostado pesado.
Em termos técnicos, Moana é um filme de qualidade incontestável, assim como a Disney sempre faz e deve ser, inclusive, indicado para diversos prêmios de animação. Não acho que desbanque Zootopia, mas preciso compartilhar com vocês que desde Mulan, não ficava tão fã de uma 'princesa' da Disney, quanto agora
Fora que não consigo evitar de pensar que, numa época de filmes de terapia (como eu venho apelidado os filmes tipo Requisitos para ser uma pessoa normal; Boyhood; About Alex e muitos outros), veio justamente a Disney, me servir de divã. 
Obrigada, titio Walt, você uma das "luzes na noite e no mar que me chamam" e que me lembram as respostas que eu dei para as perguntas do começo desse post.


Pitacos: Moana concorre em duas categorias nesse Oscar, mas infelizmente acho que não vai levar nenhuma das duas para casa. Apesar de ser a minha favorita para Longa de Animação, estou apostando em Zootopia. Para Canção Original, estou achando que La La Land leva, com a música City of Stars.
Indicações: Melhor Longa Metragem de Animação; Melhor Canção Original.

208 segundo, 155 passageiros

Sendo o filme ufanista da temporada, Sully é uma dessas obras que você aprecia muito mais pela presença do Tom Hanks e, em alguns termos, pela abordagem humana escolhida; do que pelo seu todo, mesmo assim, vale ficar de olho!

Depois de uma revoada de pássaros o impedir de continuar a viagem, o voo 1549, pilotado por Chesley "Sully" Sullenberger e Jeffrey B. Skiles começou os procedimentos para retornar em segurança para algum dos aeroportos na área. No entanto, com os dois motores falhando e já com a ignição reserva acionada, Sully tomou a decisão de fazer o pouso acontecer nas águas do Rio Hudson. O ano era 2009, lá dentro estavam 155 passageiros e o piloto Sully só teve 208 segundos para fazer o pouso, de modo que este ficou conhecido como "O Milagre do Rio Hudson", quando todos os passageiros chegaram em segurança e foram resgatados com maestria. Não é um fato que estamos acostumados a presenciar, na verdade, em acidentes aéreos o mais comum é que não haja sobreviventes.
Sendo assim, Sully estampou as manchetes dos jornais como um grande herói. Participou de longas entrevistas, contou e recontou o que aconteceu e ainda foi congratulado (assim como o resto da tripulação) pelo Guild of Air Pilots and Air Navigators. Mas será que foi só isso que aconteceu?

Nessa narrativa fílmica, contada pelo intenso Clint Eastwood, vemos uma outra parte da história de Sully e cia, que talvez não tenhamos conhecimento. Especialmente nós, que não moramos nos Estados Unidos e/ou nos focamos em conhecer profundamente os seus heróis locais. No recorte escolhido, ficamos sabendo que depois do pouso, uma investigação foi construída para analisar o que aconteceu e as decisões dos pilotos, de modo a encontrar um culpado pelo incidente. Teriam sido as aves que bateram nas turbinas? Talvez fosse a engenharia do avião. Não teriam sido as coordenadas dadas pela torre de controle? Ou poderia ser que os dois pilotos fossem irresponsáveis em terem decidido fazer o pouso no rio...
Só que culpa não é algo que se encaixe com precisão nos acontecimentos ali, já que o menor dos detalhes seriam as questões burocráticas em face do simples fato de que todos sobreviveram. Certo? Errado! O filme mostra que o Diretório Nacional de Segurança do Transporte dos Estados Unidos (NTSB) simplesmente não conseguiu dar a história por concluída. Mas também, quem poderia culpá-los também? Eles estavam fazendo o seu trabalho.
Só que desse ângulo, o que parece nortear o filme é o questionamento d' "o que é suficiente?". Seria suficiente salvar a vida de todos? Salvar a aeronave também? Simulações computadorizadas, que não levam o fator humanidade em conta? Cálculos que mostrariam que eles poderiam ter pousado em outro lugar?

Sim, o filme se banha nessa questão, colocando Sully como um homem ético, do bem, com coração bom e que fez um sacrifício, confiando nos seus anos de experiência. Um herói mesmo. E com a atuação de Tom Hanks (que podia aparecer em um filme dançando a macarena, que ia ser um sucesso) vemos esse personagem crescer e ganhar camadas. Se aprofundando em seus medos humanos e suas próprias questões morais, inclusive não aceitando ser chamado de herói. 
Fora a presença ilustre de Hanks, o filme em si não guarda momentos de glória e/ou cenas inebriantes e basicamente se fia no elenco e na edição para dar intensidade ao filme. Sabiamente dirigido, a verdade é que Sully tem um roteiro fraco adaptado do livro "Highest Duty", mas graças a esse detalhe, conseguimos enxergar a força do cinema de Eastwood, que se supera na medida, mesmo que ainda mantenha a sua cara: meio sisudo, bem nacionalista, redondo, humano. Supera-se, especialmente, se levarmos em conta que a história gira em torno do pouso e do que aconteceu nos poucos dias que se seguiram, uma vez que o inquérito foi finalizado no início de fevereiro (sendo que o pouso ocorreu no dia 16 de janeiro). Graças a Eastwood e Hanks, Sully não foi resumido ao Rio Hudson...

Pitacos: Foi o filme que flopou nas indicações desse ano. Com apenas uma, em Edição de Som, acabou deixando a desejar e nem Clint e nem Tom Hanks foram lembrados. Pode ser que leve edição de som para casa, só par não sair de mãos abanando, mas acho difícil desbancar A Chegada.
Indicações: Edição de Som

Desafio da Cápsula - II

Sejam bem vindos à segunda parte do Desafio da Cáspula, um momento que podemos chamar de feedback inicial, também podemos chamar de momento de enfrentar algumas verdades. Isso porque, quando eu selecionei as peças para o desafio, não me toquei que talvez precisasse repensar algumas coisas e, também, é um momento de reciclagem e reavaliação de roupitchas que não fazem parte da cápsula desse trimestre, mas que eu também não usarei mais (por motivos diversos como: não cabem mais, não fazem mais o meu estilo, não uso há mais de um ano e por aí vai).

Então vamos fazer o seguinte, primeiro vou contar o que rolou nesse mês e meio (mais ou menos) de desafio e as surpresas que eu enfrentei e depois mostro algumas das peças que foram do meu guarda-roupas para o enjoei ;P. Vem comigo!

Parte 2.1 - O primeiro feedback

Se você leu o primeiro post desse desafio, deve se lembrar (pelo menos minimamente) do que você deveria ter em mente na hora de montar o seu armário, não é? E uma das "regras" do trimestre, seria de levar em consideração eventos que você teria que ir, como aniversários, palestras e afins. Por isso mesmo, eu separei bem mais vestidos do que peças soltas nesse mês, considerando que usaria vestido no meu aniversário, no batizado da minha afilhada, no natal, no lançamento do meu livro, no ano novo e na minha defesa da dissertação. Pois é, só que eu não contava com dois eventos que ocorreram:
01 - Esqueci de colocar na mala o vestido que usaria no batizado da minha sobrinha (o que me deixou com apenas um vestido na viagem)
02 - A blusa que eu levei (e selecionei) para colocar sobre o vestido que usaria no Natal (que era o mesmo que usaria no batizado), simplesmente, não me cabe mais! É isso mesmo, você não leu errado, ela não cabe mais em mim! Eu não cumpri uma regra super simples, que era a de experimentar as roupas que eu selecionei para a Cápsula, que tal?!
Eu não tive muita opção para resolver os problemas. Acabei por substituir o vestido que ia usar no batizado da minha sobrinha, por um vestido verde de reserva que deixo na casa dos meus pais, para o caso de precisar (o que rolou, de fato). 
Aí sobre a blusa, resolvi substituir por um sapato nude que ia cair melhor para o batizado da Bianca, por conta da troca de vestido que eu precisei fazer, resultando nesse look aqui.
O complicado, é que esse vestido verdinho é basicamente uma peça de reserva mesmo, desses que eu deixo na casa dos meus pais para quando eu vou visitar e preciso acompanhá-los à um evento, e/ou quando tenho um aniversário para ir e não quero levar muita bagagem, então será quase uma peça ociosa nesse trimestre, justamente porque ele ficou em Belém e eu já voltei para BH. O mesmo se aplica ao sapato nude, que ficou por lá
Espero não ser julgada por ter precisado quebrar as regras =P mas não tive muita alternativa e tive que pagar por elas....
Inclusive, porque no Natal precisei improvisar horrores, usando a blusa off white e a calça jeans. Particularmente achei um look meio pobrinho e estou seriamente repensando essa blusa...
Não reparem no cabelo, que já tinha sofrido com a umidade inerente à Belém do Pará. Achei que a blusa não me favoreceu em nada, mas tá bom, o importante é essa família linda, mesmo que ainda esteja faltando o Rafa (que está comigo na foto do batizado)! S2 // P.S Brena, minha cunhada, estava de Vivi, que eu falei sobre aqui.
Seguindo, até que estou achando bem simples manter o desafio, as peças escolhidas são bastante ecléticas e eu venho conseguindo combiná-las muito bem, mesmo que seja tentada diversas vezes pelas peças de algumas das minhas lojinhas favoritas (por sinal, o segundo post de lojinhas brasileiras imperdíveis está saindo do forno), estou me mantendo fiel a ideia de que preciso seguir firme com os objetivos desse desafio! 
Estou montando um álbum com os looks que venho fazendo e depois vou postá-los aqui, no final desse trimestre. Mas vai aqui alguns para vocês já terem uma ideia:

Já sobre algumas coisas que eu percebi, é que não tenho bolsas muito funcionais e acabo sempre usando as mesmas. Tenho caído sempre na minha bolsinha gelo (já que tenho dois calçados com tons semelhantes na cápsula), a minha preta pequena e a minha preta grande. Estou vendo que preciso reavaliar as minhas escolhas em bolsas e optar por algumas mais coringas e funcionais. Também já percebi que preciso investir em um cinto branco e mais acessórios, já que eles re-caracterizam totalmente uma roupa, principalmente o meu vestido preto flare (que está na cápsula). Com certeza irão entrar no orçamento do próximo trimestre, mesmo que acessórios não entrem na cápsula...
Ademais, esse é o meu feedback inicial. 

Parte 2.2 - A Reciclagem!

Assim que cheguei de viagem, tirei um momento para fazer uma limpa no guarda-roupas, pegar as peças que não me serviam mais, as que eu não uso há mais de um ano e as que simplesmente não combinam mais comigo. Essas peças estão todas em ótimo estado, algumas pouco usadas e elas já estão no enjoei ;P, junto com outras que eu já tinha colocado lá no site para serem adquiridas por pessoas lindas e que têm tudo a ver com elas. 
Aproveita que você tá aí curioso para fuçar quais são essas peças e confere aqui, de repente alguma delas é a sua cara!
A tal da blusa que não me coube mais...

Você pode acessar a minha lojinha aqui e conferir essas peças e mais outras! Corre lá!






Com rosto de Vilã

Gente, olha só, um ano depois de eu postar aqui o lindo trabalho do Higgo Cabral, retratando algumas personagens femininas da Disney como artistas brasileiras, eis que me deparo com mais um trabalho lindo feito por ele, mas dessa vez invocando as malvadas vilãs das histórias da Disney e dando a elas um rosto tupiniquim.
Tá certo que ele não atendeu ao meu pedido de fazer os príncipes (rss), mas tenho que dizer que AMEI a novidade! Vem ver cada uma dessas temíveis personagens!

Deborah Secco como Rainha de Copas

Angélica como Lady Tremaine - fiquei um pouco incomodada, mas já to começando a aceitar a Angélica como Lady Tremaine no meu coração...

Cláudia Raia como Cruela DeVil

Cleo Pires como Malévola - ainda não sei como me sinto. Achava que a Cláudia Raia ia ser escolhida como Malévola...mas não sei...to em dúvida

Vera Holtz como Úrsula - minha favorita!! Holtz ficou incrível de Úrsula!

Giovanna Ewbank como Rainha Má - achava que tinha que ter sido uma atriz mais velha, mas ficou assustadoramente lindo.

Cláudia Ohana como Mãe Gothel

Protocolo Humano

Um investigador, um engenheiro, uma médica, uma estrategista e um historiador. Essas são as especificações de cada um dos indivíduos que querem fazer parte de uma missão única, porém bastante perigosa, que é capaz de mudar totalmente o destino da humanidade. Esse é Travelers.

A série estreou no catálogo do Netflix sem tanto alarde, na verdade, li em alguns lugares que pegou gente de surpresa, porque não pareceu tentar criar expectativa ao seu redor. Também não quis "chegar chegando", pois não queria ser comparada à, também do Netflix, Sense8, muito menos despertar as expectativas erradas sobre si, então Travelers veio ao mundo discreta, porém intensamente, sendo essa a perfeita metáfora para começar esse post sobre ela.
Isso porque essa série vai te conquistando aos poucos, primeiro pela curiosidade, depois pelos personagens e então, finalmente, pelo enredo que envolve e deixa, em cada final de episódio um gancho ainda mais potente que o anterior, enquanto cria as mais diversas teorias a cerca do seu desenrolar. 

Mas do que se trata Travelers? Bom, basicamente são indivíduos vindos de um futuro que a gente não sabe exatamente qual, que viajam para o século 21 (também com uma data meio incerta) através das mentes de outras pessoas. Como assim? Então, ao que parece, nesse futuro os humanos descobriram uma forma de enviar apenas a consciência de voluntários para os corpos de pessoas que poderiam ter as suas mortes evitadas. Quando essas consciências tomam os corpos das pessoas do século XXI, elas passam a assumir suas vidas e suas identidades, enquanto tentam salvar a humanidade.
Depois que vi esse resumo, eu só tinha duas opções: Gostar para caramba da série, ou achar um clichê de primeira (já que até Power Rangers já fez uma temporada com um quê semelhante...). Ainda bem que foi a primeira opção! 
Resta dizer, até para não dar spoiler e nem dar nenhum dado realmente substancial sobre a série, que é muito provável que logo no primeiro episódio você seja arrebatado, uma vez que ele brinca com o nosso senso e a nossa curiosidade, a tal ponto que não conseguimos desviar o olhar e desconsiderar o que está acontecendo ali. A história é intricada e muito misteriosa, quase como se eles fizessem alusão ao efeito borboleta de não conversar sobre o período de onde vieram. As informações sobre essa época são dadas aos poucos e bem pouco mesmo, tanto que as relações que se criam entre os Travelers e as pessoas que estão ao redor dos seus "hospedeiros" marca a parte dramática da série, bem como a eterna confusão que esses viajantes passam, em tentar lidar com os diversos protocolos de suas missões e sua própria sensação de vida, ética e vontade.

A questão dos protocolos é muito bacana, parece algo que realmente os seres humanos criariam, mas ao mesmo tempo tem um quê de distopia e de um futuro ditatorial que deixa uma ponta para ser explorada em próximas temporadas. Esses protocolos têm a ver com a ideia do efeito borboleta, do inevitável e também do continuum tempo/espaço. Para quem gosta de temáticas de volta no tempo e tudo mais que se relaciona com isso, deve adorar essa série logo de cara!
Outra questão que merece muita atenção, é o elenco e como eles dão pistas do passado (ou futuro) de cada um, através de hábitos e comentários. Com excelentes atores, encabeçados pelo brilhante Eric McCormack interpretando o líder da equipe de Travelers Grant MacLaren, algumas peças do quebra-cabeça desse futuro abstrato vão se formando, enquanto entendemos aos poucos que existem vários grupos de Travelers e que em cada um grupo, formado por cinco integrantes: 
Temos um investigador (Grant), responsável por liderar a equipe e agir como um mediador e uma cola para o seu time; um estrategista (Carly - Nesta Cooper), que é responsável pela parte tática e operacional das missões de sua equipe; um médico (Marcy - MacKenzie Porter), para emergências e capaz de realizar intervenções das mais diversas; um engenheiro (Trevor - Jared Abrahamson), que conhece o maquinário da época em que eles vão e da época que vieram, de modo que possa utilizar as ferramentas disponíveis no século XXI para evitar catástrofes e um historiador (Philip - Reilly Dolman), a pessoa que decora fatos, eventos, números, datas e possíveis receptores dos viajantes. Esse historiador consegue dinheiro para manter a operação funcionando e também é responsável por antever possíveis problemas operacionais das missões.

É claro que essas especialidades são super genéricas e que cada uma das equipes têm seus integrantes com características particulares e individuais de si, de modo que o fator humano, nesse caso, é o que realmente dá à série um fôlego ainda maior, visto que, tanto juntos, quanto separados, os personagens se sustentam e sustentam os seus próprios enredos, além do central. 
Para concluir, talvez a despretensão da série seja uma das coisas mais legais, uma vez que eles se propõe a fazer diversos testes, inserir personagens, inserir novos mistérios, fazer a gente se apegar e depois desapegar de várias intervenções e, por fim, busca, do seu modo, ser diferente e um pouco mais ousada do que algumas séries aí, super bem cotadas, mas nem um pouco carismáticas...
Imperdível, viu?!

Séries para as suas Férias - Parte V

A maioria das pessoas está de férias agora em janeiro. Eu não sou uma dessas pessoas, mesmo que tenha tido um ressesso maroto nesse finalzinho de 2016. Mesmo assim, não poderia deixar de trazer pra vocês mais uma parte dessa listinha deliciosa e que super combina com férias. 
Trata-se de uma série de posts sobre o séries que tiveram uma sobrevida curtinha, mas que são super divertidas e que valem a assistida!
Vamos lá?

05 - Freaks & Geeks

Uma das primeiras séries de High School e (talvez) a pioneira em falar do lado dos excluídos e 'losers', Freaks & Geeks explora personagens renegados em sua escola e sua luta por auto-aceitação e, claro, aceitação geral, de modo que buscam serem respeitados por quem são. Destaque para o elenco de jovens brilhantes que estão bombando até hoje, como Jason Segel, James Franco, Seth Rogen e Linda Cardellini. 
Quantas temporadas e episódios? 1 temporada, 18 episódios.
Disponível no Netflix? Sim - completinha.

04 - The Bletchley Circle 

Falei sobre essa série no post Feminismo das antigas e não satisfeita, trouxe ela de novo aqui para ressaltar a sua relevância e o fator de ser imperdível! A série acompanha quatro amigas que se conheceram durante a segunda guerra mundial, ao prestar serviços de decodificação para os aliados. As quatro são bem diferentes entre si e também buscam por coisas diferentes em suas vidas, mas além disso, o fator mistério e descoberta (através dos seus conhecimentos) é um dos grandes trunfos dessa série, lindamente ambientada e escrita.
Quantas temporadas e episódios? 2 temporadas, 7 episódios.
Disponível no Netflix? Sim - Completinha.

03 - Flashforward

Baseado em um romance de sci-fi homônimo, Flashfoward contava a história de Mark Benford, um agente do FBI que se fixa em tentar descobrir o que aconteceu no dia em que um "blackout" global fez com que todas as pessoas desmaiassem por 2 minutos e 17 segundos. Por causa do evento, muitas pessoas morreram, mas os que sobreviveram, contam suas visões de seis meses no futuro, que ocorreram durante o apagão. É um sci-fi muito bacana e que, infelizmente, não foi apreciado e cancelado antes mesmo de pegar real fôlego. 
Quantas temporadas e episódios? 1 temporada, 22 episódios.
Disponível no Netflix? Não, mas você pode assistir aqui.
       
02 - Privileged

Privileged tinha tudo para despontar, até porque tinha um elenco divertido, uma premissa bacana e um ar misturado entre As Patricinhas de Berverly Hills e Gossip Girl. Infelizmente as influências não foram o suficiente, e Privileged morreu na praia, mais especificamente em Palm Beach. A série gira em torno da relação de Megan, uma recém formada em Jornalismo pela Univeridade de Yale e suas duas alunas, Rose e Sage. Criadas pelas avós, as duas adolescentes são cheias de privilégios e muito mimadas, mas com a aproximação de Megan algumas coisas mudam.
Quantas temporadas e episódios? 1 temporada, 18 episódios.
Disponível no Netflix? Não, mas você pode assistir online aqui.

01 - Witches of East End

Falei sobre essa série no Depois do Piloto 8 e não teve jeito, devorei ela durante o ressesso e é isso! Recomendo ela novamente para vocês, porque é muito interessante e tem uma história super envolvente. Na série acompanhamos Ingrid e Freya, que descobrem serem bruxas depois de alguns acontecimentos, no mínimo assustadores. Com a ajuda de Joanna e Wendy, essas duas bruxas iniciantes começam a descobrir os seus poderes e a se tornarem impressionantes.
Quantas temporadas e episódios? 2 temporadas, 23 episódios.
Disponível no Netflix? Sim - a série completa.