E de novo me deparei com um filme desses que falam sobre a complicada geração de que tem tudo (mas não tem nada, vive em terapia e quer transformar o ordinário em extraordinário). Dessa vez com os lindozos atores Emma Roberts e Freddie Highmore, que são conhecidos por entrarem de cabeça em projetos como esses, de roteiros afiados e diálogos que deixam a gente com a garganta engatada. Estou falando do delicado The art of getting by.
Para começo de conversa, acho interessante comentar com vocês que tanto Sally (Emma Roberts), quanto George (Freddie Highmore) são adolescentes que não têm absoluta ideia do que vão fazer das suas vidas. Sim, como adolescentes do pós-anos-noventa, os dois sentem que podem conquistar o mundo, fazer o que bem entendem, mas, por algum motivo (ou por vários deles) não têm nenhuma vontade de fazer nada disso. Ou melhor, não veem propósito algum em fazer algo que, fatalmente, irá terminar. Pelo menos em teoria.
Pelo menos segundo George, um cara fatalista que sob a máxima "We born alone, we die alone" (Nós nascemos sozinhos, nós morremos sozinhos) constroi uma atitude vista como desinteressada, blasé e até arrogante por outros. Mesmo sendo muito talentoso, George passa quase todo tempo do filme se questionando como se pode ter uma motivação de vida, se aparentemente ela é tão sem sentido quanto o motivo da existência humana. Mas aí o seu caminho se cruza com o de Sally, uma garota que permanece como uma constante icógnita quanto à suas vontades, sonhos e metas, fazendo nos questionarmos se a personagem é movida por alguma coisa, ou se apenas (sobre)vive.
A conexão entre os dois é imediata, mas não pelas razões que você possa imaginar, uma vez que o título em português foi bastante infeliz neste sentido, "A arte da conquista" destoa e muito do real sentido da película, que não é centrada em uma narrativa à lá Fica Comigo, ou Ela é demais, onde o cara (ou garota) estranho, de repente se transforma aos olhos de seus pares e se torna incrível. Não. O filme procura falar da busca por um sentido no final de tudo. Mais ainda, um significado para que as coisas possam vir a ter um sentido.
Não que o amor não seja levando em conta. Na verdade ele é, porém não apenas no sentido de conquista, mas também familiar, o que é significativo para a narrativa ser interpretada. O importante mesmo é descobrirmos com George que, simplesmente, "Se faz sentir, faz sentido", conforme tantas outras obras que temos visto por aí ultimamente, mas trazendo uma interessante discussão, que é a própria noção de vida curta vs vida longa, afinal de contas qual das duas vivemos? Estamos a frente de tanto tempo que precisamos fazer ele valer a pena, ou estamos a frente de flashes que se provam rápidos de mais, até para fazer cada segundo inesquecível?
Bom, a pergunta é lançada mas não respondida, o que nos deixa com a estranha sensação de que, assim como os personagens, simplesmente não sabemos e o que temos que fazer é 'get by'.
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