Uma vida entre lâminas e socos

Tonya Harding. Já ouviu falar dela? Pois é, se você não viveu nos estados unidos ali pelos anos 80/90, ou é muito ligado ao mundo da patinação olímpica, talvez não saiba de quem o filme Eu, Tonya se trata, mas uma coisa é certa, ao terminar esse longa, você vai se sentir íntimo da desbocada e destemida loirinha.

Em Eu, Tonya, conhecemos uma personagem realmente envolvente, que nos conta detalhes pessoais de uma vida recheada de pancadaria e abusos, sejam eles causados por ela mesma, sua mãe Lavona (Allison Janney) ou seu marido Jeff Gilloly (Sebastian Stan).
Para começo de conversa, Tonya (Margot Robbie) viveu uma vida meio digna de telejornais. Passou boa parte da vida dedicada à patinação artística e sob os holofotes, mas foi inúmeras vezes esnobada pelos grandes campeonatos que participava e comparada com Nancy Kerrigan (Caitlin Carver). Chegaram a chamá-la de lixo da patinação. 

Até que se tornou a primeira americana a acertar um triplo axel e aí ganhar uma chance mais palpável de ir às Olimpíadas de Inverso.
E ela foi.
Duas vezes. 
Ambas as vezes com complicadas atuações e, porque não, (des)amparada por suas próprias más escolhas. Só para vocês terem uma ideia (e não dando spoilers) a história da moça e o "incidente" o qual se envolveu é tão surreal, que os americanos são simplesmente fanáticos por isso.
Então, Eu, Tonya, tinha tudo para cair nas graças das pessoas, tanto que caiu, mesmo que se abarque em uma espécia de documentário encenado, onde até os relatos são dados pelos atores que interpretam os personagens dessa trama.

Vale dizer que, ainda bem, porque foi nessa oportunidade que vemos uma Allison Janney sociopata, indiferente, sem qualquer noção e simplesmente apaixonante. A gente ama odiar essa mulher, que é grande responsável pelos maiores traumas de Tonya.
Assim como queremos dar uma abraço na Tonya, logo depois de sacudí-la e dizer "mana, seja menas!", graças ao conjunto de corpo, olhar e ritmo que Margot Robbie entrega em sua atuação. 
Fora essas duas mulheres fenomenais, é preciso dizer que o filme, em si, não guarda grandes e brilhantes detalhes. O roteiro é uma mistura de tragicômico, enquanto que a edição trata de trazer alguma subjetividade aos grandes momentos de relatos. 
Também tem um ótimo figurino e traz com força a estética trash dos anos 80, com cabelos desgrenhados, maquiagens super coloridas e jeans em praticamente tudo. 
Ademais, vale aqui uma questão realmente importante, apesar da parte cômica e até a vibe meio feito para TV, Eu, Tonya faz algumas críticas bem severas à forma como ela foi tratada, como a sua vida foi conduzida pela grande mídia e por quanto, apesar de tudo, ela tentou seguir em frente.
Eu, Tonya concorre às estatuetas de Melhor atriz, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Edição, é o maior favorito para a categoria de Atriz Coadjuvante.

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