O que é suficiente na sua vida? Ou talvez, melhorando a pergunta, o que se tornar suficiente na sua vida?
Essa questão me acompanhou durante a sessão do filme Lady Bird e após a finalização dele, continuei com ela na mente, porque, com uma narrativa sobre crescimento (novamente, né, senhorita Saoirse?!) e auto-descoberta, esse filme se encarrega de esfregar essa perguntinha na nossa cara diversas vezes, enquanto faz com que nós mesmos nos questionemos que tipo de suficiente, é o suficiente.
Parece complexo?
Nada!
Na verdade, Greta Gerwig, que dirigiu e escreveu o longa, faz inserções sutis e poderosas a essa questão, ao mesmo tempo que traz uma profunda reflexão sobre a relação de uma mãe e sua filha e de uma filha e sua mãe, encarando juntas uma estrada ainda descoberta da vida que começa a se estender as suas frentes.
A narrativa acompanha Christine "Lady Bird" McPherson (Saoirse Ronan), uma adolescente que deseja, mais do que qualquer coisa, ir embora de Sacramento (ou é isso que ela acha). Estudante em uma conservadora (porém maleável) escola católica, seus olhos não conseguem ver muito além das colinas de sua cidade natal, embora ela ache que sim e um dos primeiros trunfos está justamente aí, quando essa supostamente madura, resolvida e intensa moça, se encontra com as transições de sua vida.
Seguindo a linha de outros filmes indie, com temáticas de crescimento (como o Espetacular Agora, As vantagens de ser invisível e até o brasileiro Hoje eu quero voltar sozinho), Lady Bird tem um enredo que recorta um pequeno pedaço de uma vida, sem esclarecer muito bem o antes, ou o depois e isso vai acrescentando potência a personagem, que se mostra conforme o enredo se desenrola.
Isso é outro trunfo do filme, que na sua direção e roteiro, aceleram e desaceleram com os momentos da personagem, enquanto faz a câmera se tornar uma observadora amiga e confidente, assim como nos sentimos no caminhar de Christine.
Em uma narrativa de mulheres, para mulheres e com mulheres como protagonistas, vale também ressaltar as atuações estrelares de Saoirse Ronan e Laurie Metcalf, que nos enlaçam em uma relação de mãe e filha tão palpável, que fica difícil não se identificar e Saoirse, que já foi indicada duas vezes a estatueta de melhor atriz e uma de atriz coadjuvante, anda pedindo espaço para levar esse prêmio para casa.
Pitacos: Lady Bird concorre aos prêmios de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Roteiro Original. Sinceramente, temo que não levará nenhum dos prêmios para casa, apesar de ter a minha torcida irremediável para Melhor Atriz e Melhor Roteiro Original.
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