Marisol*


Acordou sobressalta, com um buraco no peito.
O mundo estava em seu quarto aquela noite,
e a vontade parecia despedaçada e desrespeitada.
Quem era?
Quem deixava de ser?
Era ela, Marisol, acordando de um sonho passado.
Um sonho ultrapassado.
Um sonho mal acabado.
Ela passou as mãos pelo rosto e apertou o coração, rolando para o lado dizendo para si:
"Garota, voce ficará bem!".
Horas transcorreram desde que ela chorara pela última vez e agora o ardido quente dos olhos ainda a pertubava.
Horas que tinha passado em um sono quase insano de esquecer o que tinha acontecido desde a última vez que se vira no espelho.
Será que ela pode?
Será que ela vai?
Despertar aquele fogo de artificio que se esconde dentro dela mesma, ela vai tentar, se pelo menos conseguir chegar perto de se sair bem, terá muito o que agradecer a si mesma.
Mas se não conseguir?
Se não conseguir terá muito a perder, terá muito o que sofrer.
Ah, Marisol, por que não optaste por outro caminho!?
Estás em pedaços, estás em pedaços!
Não resista mais, admita! Você pode, você vai!
E ela foi
Juntando os pedaços da sua vida, levantando, ah Marisol, vá voar! 
Será?
E tudo o que precisa está no seu coração, Marisol, salte de uma vez!
Mudar, voar, alcançar!
Ela foi, cantarolando este mantra em sua mente, com um bolso cheio de moedas e olhando para os pés.
Quem são?
Essas pessoas que ela não conhece, pessoas que não reconhece, pega chuva e segue.
Num caminho diferente, seguindo o seu caminho diferente, fazendo do seu jeito próprio.
Ah Marisol, não se perca no meio do caminho!
Porque se for para parar no meio do caminho, nem comece!
Continue, você não conhece uma alma naquele lugar, mas vai se sentir livre! 
Vai se sentir livre!
Pode ir Marisol, vá!
Você não é a primeira e não será a última a seguir sua mente!
Apenas vá Marisol!
Conte até dez e quando estiver preparada volte,
se estiver preparada volte,
se for isso que quiser,
volte.

*esse texto foi escrito em 2011 e este ano, mexendo em antigos arquivos, eis que eu me deparo com Marisol, um texto sobre seguir seus sentimentos, procurar novos caminhos e devo desabafar, quem diria que ainda concordaria com ele tanto assim.

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