Uma série que surpreende pelo enredo que flui, com personagens envolventes e uma forte humanização da própria existência. Esta é Call the Midwife.
Eis que eu descobri no Netflix essa série e não consegui largar! Lançada pela BBC em 2012, Call the Midwife é baseada nas memórias da enfermeira Jennifer Worth, uma inglesa que trabalhou na comunidade urbana de Poplar, área extremamente pobre no leste de Londres, que recebeu todo o tipo de gente no pós segunda guerra, especialmente desempregados, imigrantes e ex militares.
Determinada em fazer um bom trabalho, Jennifer Lee (Jessica Raine), ao lado de outras enfermeiras, Trixie (Helen George), Cynthia (Bryony Hannah), Chummy (Miranda Hart); das freiras do Lar de Nonato e do médico Patrick Turner (Stephen McGann), se dedica em desenvolver ações de saúde pública, sendo que o carro chefe é do cuidado às futuras mamães e seus bebês.
Seguindo esse mote, era bem provável que a série tivesse algumas temporadas, mas que eventualmente chegasse a uma espécie de marasmo, especialmente porque todos os episódios giram em torno de nascimentos, doenças e hospitais, no entanto a narração e o enredo se desenvolvem de modo tão intimista, sobre as personagens e suas próprias vidas, que deixa a série com um ritmo cada vez mais envolvente. Nos episódios de 50 minutos (em média) acompanhamos o dia a dia na comunidade, bem como percebemos as mudanças sociais que aconteceram naquela região, durante aquele período.
Também vamos nos tornando amigos e entusiastas de cada uma dessas pessoas, desenvolvendo verdadeiro apreço por elas, de modo que torcemos, acreditamos e realmente queremos que eles encontrem a felicidade na vida. Interessante que, como a série se foca no Lar de Nonato vários personagens aparecem, saem de cena, reaparecem e seguem em frente, sendo esse o local onde, ao que tudo indica, se encontram verdadeiramente. Temos freiras que largaram o hábito, enfermeiras que se tornaram dona de casa, policiais que se casam com enfermeiras, mulheres que se descobrem na profissão e a seguem para sempre, assim como descobrem um novo caminho para seguir. É verdadeiramente tocante como esses indivíduos se inserem nos seus respectivos enredos e ainda engrossam o caldo de uma história maior, tornando a série ainda mais densa.
O tom que Heidi Thomas (criadora e roteirista) conseguiu construir para a série é realmente marcante, com o auxílio, do que imagino ser, uma brilhante reflexão sobre momentos de uma vida dedicada à saúde de outros. Cada episódio mostra uma parte a mais de cada personagem e a cada nova temporada, somos surpreendidos com o que pode acontecer nesse local, fora que é de cair o queixo a qualidade do design de produção e dos figurinistas, que vão complementando a narrativa com o visual e deixando tudo ainda mais bem construído e alinhado. Ao invés de uma série dramática e pesada, com tons de tristeza, ao contrário e na voz da madura enfermeira Jenny (Vanessa Redgrave) temos reflexões tocantes, engraçadas e comoventes sobre a vida e tudo que a cerca.
Como está aos moldes das séries britânicas, não temos muitos episódios por temporada, mas com certeza temos muita classe, beleza e sutileza em ressaltar como o ser humano ainda pode ser maravilhoso, bondoso e realmente humano.
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