Da trilha sonora à direção; passando pelo enredo e os personagens. Requisitos para ser uma pessoa normal é uma delícia!
A história começa quando María (Leticia Dolera) vai a ma entrevista de emprego e se pega precisando responder à pergunta "O que é ser uma pessoa normal?". Em meio a esse dilema, María responde: ter uma família, um trabalho, uma casa, um parceiro, hobbies, vida social e ser feliz. A partir daí, a moça coloca toda a sua vida em perspectiva e conclui, com dor no coração, de que não é uma pessoa normal.
Então trava uma verdadeira luta para conseguir chegar a essa normalidade criada em sua própria mente, até que seu caminho se cruza com o de Borja (Manuel Burque), um complexado rapaz que acha que não consegue alcançar a felicidade, porque não é magro. Assim, num pacto, os dois decidem se ajudar e a partir dai uma série de situações cômicas, envolvidas em diálogos profundos e reflexivos dão o tom nessa comédia romântica espanhola.
Disponível no Netflix, o filme foi escrito, protagonizado e dirigido por Leticia Dolera e vale dizer que ele tem vários detalhes que o fazem um filme encantador. Talvez o primeiro deles seja o fato de que se trata de um jeito meio indie de se narrar uma história sobre a procura de si mesmo. Seu tom despretensioso e a forma meiga com que os personagens vão se tornando queridos para nós, só enriquece o ritmo que foi dado, de modo que todos os acontecimentos acontecem de modo elencado e natural.
A história, apesar de lembrar alguma coisa de Zoe Kazan (muito mais pelo jeito da protagonista), tem uma identidade e um ritmo próprios, que chegam muito próximos da comédia romântica, mesmo não sendo esse o foco central da narrativa. Na verdade, é possível dizer que a procura pela felicidade e pelo real sentido da vida é o que norteia essa narrativa, verdadeiramente. Assim como a eterna briga entre aquilo que é esperado que nos cause felicidade, em comparação com o que nos inebria desse sentimento, verdadeiramente.
Com alguns tons de Procura-se um amigo para o fim do mundo, as conversas do filme são o que nos fazem colocar nossas próprias questões a cerca de crescimento, felicidade e se colocar no mundo; em dúvida e faz a gente refletir sobre o que acreditamos ser verdade e o que aprendemos na prática. E com os personagens adoráveis dessa trama, vamos refletindo sobre todos esses 'requisitos' que fazem uma pessoa normal, ou não. Talvez concluindo que a felicidade, assim como a normalidade é uma questão de se permitir ser quem se é, muito mais do que marcar checks numa lista pré-definida. Prova disso, é ver que Alex (Jordi Llodrà) é a pessoa mais bem resolvida do filme, mesmo sendo ele, quem supostamente, teria mais dificuldades em o ser.
Com diversas brincadeiras em uma câmera que se aventura em ângulos diversos, somos tomados por uma atmosfera em candy color e tons pastéis, quase infantilizados, mas que complementam a aura do longa e nos dão subsídios para compreendermos melhor quem é María e o que ela busca. Os figurinos são adoráveis, assim como o trabalho de fotografia e direção de arte, que complementam os diálogos e os enquadramentos do filme. Preste atenção na cena dos balões e tente não se emocionar nem um pouquinho que seja!
Vale aqui um destaque especial para a linda trilha sonora, composta por Luthea Salom, que conta uma história complementar à de María e Borja, ao mesmo tempo que nos conduz para dentro dos pensamentos dos dois. Linda!
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