Não é sempre que eu me empolgo em me abalar para o cinema em dias de estreia. Consigo me lembrar de uns 10 filmes que me empolguei para tal, mas nos últimos três anos essa vontade de ver as coisas antes de muita gente tinha praticamente cessado, até que "Jogos Vorazes" apareceu na minha vida. Não apenas os filmes, vale dizer, mas a série de livros, que conquistam os leitores por alguns motivos diferentes aos do filme, mas que é tão apaixonante quanto.
Como eu sempre digo, essa briga entre livro e filme é ínfudada, já que se tratam de linguagens diferentes e até mesmo visões diferentes. "Jogos Vorazes" não poderia ser diferente, tratando a sua obra original como uma influência na medida certa e priorizando questões mais relevantes e de maior destaque nas linhas escritas por Suzanne Collins. Mesmo assim, se você é do tipo de pessoa que quer saber sobre um e outro, garanto para vocês que o filme faz jus e muito jus ao livro.
Nessa segunda parte dos jogos vorazes, os três distritos mais excluídos começam a se organizar e estão às véspera de um estopin. A vontade de lutar por um país melhor já está implantada em todos os moradores dos distritos 10, 11 e 12 e logo Katniss se encontra em um impace o qual não sabe se continua falando que pensa, ou se se cala e aceita viver de aparências para poder proteger aqueles que ama. O ditador, Snow, um excêntrico apreciador de rosas, desafia Katniss a provar seu amor por Peeta e sua nao tendência a revolução. Quando ela "falha" nessa missão, é submetida a retornar aos campos dos jogos para o 75o Jogos Vorazes, ou 3 Massacre Quaternário. Nessa edição, apenas os antigos vencedores que serão sorteados como Tributos.
Dá-se início uma corrida eletrizante e intensa pela sobrevivência. Fica claro que o evento nada mais é, do que uma forma de (tentar) provar que a Capital ainda tem poder sobre todos e que a ditadura não acabará porque uma garota do distrito 12 ousou quebrar uma regra dos Jogos. Tudo parece caminhar para a vitória da Capital, mas um plano pretende colocar tudo em risco, quando prioriza a sobrevivência de Katniss (por ter se tornado o símbolo da iminente rebelião). Katniss, em contra-partida, ainda está focada na salvação daquelas pessoas que ama e na proteção de Peeta, com quem ela age como se estivesse em dívida de vida.
Por sinal, a relação de Katniss e Peeta passa por uma guinada importante nesta segunda parte, em que ambos estão mais maduros, sérios e comprometidos a um bem maior, mas Peeta vê claramente o propósito de manter Katniss viva e deixa claro o que sente por ela, mesmo que em um primeiro momento pareça que os dois serão apenas amigos. Já a sua situação com Gale ainda é mais confusa e incerta, já que aparentemente ambos sentem amor, mas ainda existe aquela dúvida do "qual o tipo de amor". Devo dizer que ainda me incomoda bastante eles venderem a história de "Jogos Vorazes" como uma história de amor, porém fico feliz ao entrar na sala de cinema e ver que a propaganda não procede.
De fato, Katniss é uma personagem sabiamente construida e por mais que alguns digam que no livro ela é mais profunda, eu gosto da representação aparentemente indiferente que Jennifer Lawrence dá a ela. Penso que do primeiro para o segundo filme conseguimos compreender suas dúvidas, seus anseios e principalmente sua forma de pensar. Inclusive, já no final do longa, é possível sentir a mudança de sentimentos que ocorrem na personagem, apenas com o olhar penetrante que Jennifer dá à câmera.
É possível notar uma clara evolução em outros personagens como Haymitch e Effie, que se tornam peças fundamentais para o desenvolvimento da trama, por sinal Effie nos surpreende com a sua inteligência maquiada de burrice. Assim como o jeito despretencioso que Haymitch lida com os jogos políticos.
Falando em política, ficamos mais inseridos neste mundo de tramoias e compreendemos melhor como as decisões de Panem são tomadas, vale dizer que para um ditador, Snow é deveras infantil em suas motivações, mesmo que elas pareçam vir de um "grande ditador". No final deste filme fica claro, que ele não tem plano nenhum e que tudo o que faz é ouvir outros que tem mais inteligência que ele. O problema é que os outros podem estar envolvidos na rebelião...
Cinna é de longe o meu personagem favorito e da sua maneira ele passa a mensagem da esperança renascendo e do mundo que pode se tornar melhor se todos acreditarem. A união realmente é capaz de trazer a força e mesmo com alguns personagens caindo como moscas (aí vem a espetacularização da morte, tão criticada pela autora) nenhuma morte é em vão.
Outro ponto primoroso do filme é o figurino, cenografia e maquiagem. Falamos aqui que a saga já até inspirou uma linha de maquiagem e uma de roupas. Assistindo ao filme você sabe porque e compreende que todo o espetáculo precisa dessas "fantasias" para que a história se torne ainda mais plausível. A arena dos jogos é extremamente fiel a que eu tinha imaginado lendo o livro, então isso não me desapontou nem um pouco.
Isso tudo sem falar da maravilhosa trilha sonora do filme, que conta com músicas de Christina Aguilera, Imagine Dragons, Coldplay e a música dos créditos finais de Ellie Goulding, que apesar de parecer um lamento, tem um história linda por trás.
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Sim, a revolução apenas começou e já começou pegando fogo! Afinal de contas, niguém mais vai esquecer quem é o verdadeiro inimigo.