Somos todos um pouco loucos. Temos manias, superstições e buscamos, sempre, recomeços de nossos próprios atropelos. Queremos mais do que podemos alcançar e nos surpreendemos quando somos bem sucedidos. E simplesmente, é do ser humano lutar ao mesmo tempo que desiste. Desiste de lutar, de se superar e acreditar que pode fazer o que quiser, mas luta porque deve querer mais e acha que tudo vem em sinais. E é mais ou menos disto que se trata o filme "O lado bom da vida".
A história é bem simples. Trata-se de Patrick (Bradley Cooper) que passa algum tempo em um hospital mental e quando sai, resolve retomar a sua vida. No meio do percurso de redenção ficamos sabendo mais sobre seu colapso mental e como ele foi parar no hospício, também compreendemos melhor como funciona o relacionamento dele com a família, que parece ser a única que realmente acredita que ele pode ficar melhor. Em um simples almoço de domingo ele conhece Tiffany (Jennifer Lawrence), viúva de um policial e uma aparente tarada sexual e desajustada. Ninguém acredita que ela pode melhorar. Logo, o bipolar Patrick e a vizinha Tiffany encontram coisas em comum e podem seguir em um relacionamento cheio de diálogos incisivos e brilhantemente dirigidos por Lawrence.
Falando nela, Jennifer Lawrence concorre pela segunda vez ao Oscar pela sua atuação neste longa. E não poderia ser diferente. A atriz está brilhante em uma personagem com timing, enredo próprio e muita categoria. Tiffany, diferentemente de Patrick, não parece um clichê ambulante e nem se deixa levar por um sarcasmo forçado. Na verdade Lawrence dirige a personagem com uma destresa que convence de que Tiffany é tão normal quanto qualquer pessoa pode ser, porém tem sérias perturbações, como o fato de se culpar pela morte do marido. Ela também é quem segura o ritmo das cenas em que aparece e deixa o filme não tão psicológico.
As cenas de relações humanas são as mais importantes de todas. Sejam elas sobre o relacionamento de pais e filhos através de Pat e seus pais, ou pelo relacionamento de casais, tanto no comportamento obsessivo de Pat para com a sua ex esposa, quanto de seu melhor amigo e a esposa dele. Quem está "por fora" de toda a confusão é Tiffany, que leva Pat a ver outras perspectivas da sua própria vida. E como faz isso? Com uma competição de dança, apostas e sinceridade.
Apesar de ter esse quê de filme psicológico, fica mais evidente para quem assiste, que na verdade trata-se de uma comédia romântica com toques de drama, o que faz da história bem confusa em alguns momentos e clara no seu final (ou seja, de ser uma comédia romântica, na verdade). E talvez este seja o maior dos seus ganhos. Poderia ser uma história boba sobre superação e o encontro do amor, mas se torna numa história que parece ter algo a dizer, mesmo que isto seja: "todos temos nossas loucuras, não tem porque pirarmos por conta das dos outros".
*Excelsior: segundo diz no filme, é pegar toda a energia negativa e transformá-la em gás para fazer algo melhor e posistivo.
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