Sem Potência


O sitcom Powerless chamou a minha atenção desde que anunciaram a sua estréia. Primeiro, porque seria uma série facinha, daquelas de 20 min de duração, com a comédia como foco principal, embalada por situações corriqueiras. Segundo, porque as "situações corriqueiras" seriam o diferencial (por mais engraçado que isso soe), uma vez que a série se foca em um grupo de pessoas nada poderosas, que trabalha para uma divisão da Wayne Enterprises, criando produtos para a proteção de civis em batalhas de super-heróis. Por fim, mas não menos importante, rezava a lenda, que a série traria alguns links estre outras séries de super-heróis da DC que estamos acompanhando hoje, como Supergirl, Flash, Arrow e até Gotham
Lendas urbanas a parte, Powerless acabou perdendo a chance de se tornar uma série memorável e necessária. Então será que vale a pena continuar vendo?
Bom, eu cheguei ao episódio 08, que é o mais recente disponível no Stremio, mas acho que já dá para decretar algumas coisas sobre essa série, mesmo que algumas pessoas me achem apressada:


A alcova de "série de assistir, enquanto faz outra coisa" cai super bem em Powerless. Vanessa Hudgens, que interpreta Emily, tenta entregar uma protagonista animada, sonhadora e fiel aos seus princípios, mesmo que tenha claros momentos de oscilação para o infeliz clichê. Grande parte desse problema está claramente numa trama que não evolui e se foca em piadas ruins e um elenco que não é entrosado. 
Uma das coisas que, normalmente, as pessoas erram a mão ao fazer sitcoms é na hora de dosar os personagens. Afinal de contas, cada episódio só tem 20 minutos e, afinal de contas, é preciso que esses personagens façam o que tenham que fazer sem muito bafafa, mas isso não quer dizer que é preciso entregar personagens mastigados. Cada um dos colegas de trabalho de Emily é uma caricatura, até meio grosseira, de personagens do ambiente corporativo, de modo que são logo reconhecidos, mas o interesse se perde com muita facilidade. É o caso, por exemplo, da secretária impaciente Jackie (Christina Kirk), que fica trafegando entre a megera de bom coração e a megera sem escrúpulos. São personagens que, de tão prontos, não dão espaço para uma evolução de facetas, muito menos de surpreender o espectador.

Talvez o motivo que mais me tenha levado a querer acompanhar Powerless foi para ver como eles fariam para encaixar algumas histórias das séries que estão bombando dos super-heróis da DC, mas até agora ainda não entregaram nada. Os personagens heroicos que apareceram (até agora) foram heróis "B", inclusive alguns que eu nunca tinha ouvido falar. Por um lado, isso é bem interessante e tem super a ver com a proposta da série (já que ela se foca em pessoas que não possuem super poderes, que vivem em uma cidade que nem aparece nos radares dos grandes super-heróis), mesmo assim ainda estamos esperando um crossover bacanudo e bem construído aí. Talvez se a proposta tivesse se mantido em uma divisão da WE, que cuidasse da reforma de prédios destruídos nos embates entre os heróis e os vilões, por exemplo, teríamos um enredo mais amplo para encaixar outros personagens.
Ao final, a série está no meio caminho entre o ok e o medíocre, e isso chateia, porque realmente achava que seríamos presenteados com uma série com espírito próprio e mesmo assim próxima ao público e do universo dos heróis. É uma premissa escorregadia, isso a gente precisa afirmar, mas isso não quer dizer que não é possível traçar algum potencial há mais no universo da DC. O conflito e a ideia de que é possível ser extraordinário, fazendo o ordinário, ficaram diluídas numa história sem grandes momentos e sem potência
No título, pelo menos, a série fez jus. 

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