Músicas dos quase 30 anos

Com uma voz delicada, letras inteligentes e uma ótima representação do que tenho ouvido nos últimos tempos, Gabrielle Aplin começou 2020 bombando com o seu novo (delicioso) álbum: Dear Happy.


Conheci essa fofura em 2015, quando a sua música gracinha Home embalava os momentos apaixonantes de Elisa e Jonathas na novela Totalmente Demais. A novela, em si, não me marcou e eu estava assistindo (lembro-me claramente), porque estava viciada na novela Sete Vidas, que passava antes e na novela Império, que passava depois. Era um período bem intenso noveleiro na minha vida (juro que hoje estou mais contida), mas o ponto que me deixou marcas positivas, foi a trilha, especialmente a música de Gabrielle.
Logo depois eu conheci o álbum English Rain, me apaixonando perdidamente no Light up the dark!
Fazendo uma breve bio de Gaby (sim, sou íntima), ela tem 27 anos e nasceu em Bath na Inglaterra. Começou sua carreira mais ou menos no mesmo período que Nina Nesbitt e Ed Sheeran, mas diferente dos dois ela não teve grandes altos e baixos na sua carreira.
Desde o início se dedicando ao estilo indie/folk, hoje ela tem flertado com força no pop e, assim como Nina (desculpa a comparação, mas além de elas serem conterrâneas, ainda gravaram esse primor juntas), ela têm explorado novos ares, trazendo outras sonoridades para a sua música, sem perder o charme musical que a torna tão única.
O site "Tenho mais discos que amigos" fez uma entrevista com a linda e ela comentou o seguinte sobre sua nova fase:
Gabrielle Aplin: Então, foi meio que intuitivo. Não foi algo pensado. Eu realmente passei a pensar mais sobre as mudanças da minha vida, que foram muitas e não pensei demais sobre a música. Deixei ela vir e foquei em refletir de um modo que me divertisse no processo.
E que diversão!

O álbum "Dear Happy", lançado oficialmente em janeiro deste ano traz a maior evidência desse amadurecimento que ela comenta na entrevista, de um jeito que podemos dividir o cd em três partes: 1- ela nos conta sobre seu crescimento pessoal (until the sun comes up, one of those days, so far so good); 2 - suas anotações sobre momentos da vida (kintsugi, my mistake, nothing really matters, dear happy) e, claro, 3 - corações que se apaixonaram, se perderam e se encontraram no meio do caminho (strange, like you say you do, losing me, magic, miss you, love back).
Em "Dear Happy" a gente sente a leveza das escolhas que Aplin fez em suas músicas, dando ênfase para notas alegres, mesmo com letras mais tristes, de modo que ela conta pra gente uma visão otimista e apaixonada de si e sua vida. Dá real vontade de ser amiga dela! 
Ao mesmo tempo, ela confidencia suas ideias pra gente como se fóssemos velhos conhecidos, como se nossas vidas tivessem se cruzado várias vezes anteriormente e ela estivesse só atualizando a gente sobre a vida dela. A sensação é de acolhimento e de que está tudo bem (e o que não está, vai ficar). 

Até na melódica One of these days, em que a voz confessional dela se funde com um sonzinho quase de trilha sonora de cena triste de filme sobre auto-descoberta. Ali ela sussurra que vai ficar tudo bem e a gente acredita!
Do lado das notas pessoais, Kintsugi é uma verdadeira protagonista, onde ela canta de um jeito alegre e entregue às provações que precisamos passar pela vida. Para quem não sabe (eu não sabia) Kintsugi é uma antiga arte japonesa de reparar uma cerâmica quebrada com  pó de ouro, prata ou platina, o que torna a peça remendada mais valiosa do que anteriormente. 
A metáfora das cicatrizes e da reconstrução com algo apreendido e como elas se tornam preciosas é genial, tornando a música uma delícia de se ouvir, especialmente quando estamos nessa fase de quase 30 - 30 anos, da tal da "crise dos 7", onde passamos a analisar nossas escolhas e afins. Cai como uma luva!
Já na parte fofa e romântica do álbum, as músicas Magic e Losing me se destacam e falam de relacionamentos saudáveis, parcerias verdadeiras e nada de hipervalorizar o que faz mal e traz drama pra vida. Particularmente, Magic, mexeu comigo, pois a letra foca numa conexão que não tem muito como explicar e que não tem nada de convencional, especialmente na visão dos outros. Amei!
E você, ficou a fim de conhecer essa brit lindoza?! Dá o play no Spotify e/ou nos nomes das músicas em destaque que citei aqui, que te levam para o youtube!

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