Há alguns anos as nossas maiores referências em filmes carregados com uma alta dose de romance e drama, ficaram concentradas no famoso (e até meio infame) Nicholas Sparks. Com a sua escrita melodramática, repleta de clichês e pregando um amor sublime, quase artificial, mas na medida certa para emocionar (até que a sua fórmula é compreendida), Sparks conseguiu emplacar diversos sucessos de vendas, tanto nas livrarias, quanto nas bilheterias.
Nesse último mês, no entanto, fomos presenteados com a versão cinematográfica da obra de Jojo Moyes, Como eu era antes de você. Um drama romântico, com vários tons de comédia, ótimas interpretações e dignas referências fílmicas à outros filmes como este, que fizeram história no cinema.
Louisa (Emilia Clark) é uma garota em seus 20 e tantos anos, que depois de passar seis anos trabalhando em uma cafeteria acaba ficando sem emprego e precisa procurar uma agência. Desesperada por dinheiro, já que a sua família precisa de todos os salários de seus membros para se manter, a moça acaba se tornando cuidadora de Will Trainor (Sam Claflin), um homem de 31 anos que sofreu um grave acidente que o deixou tetraplégico.
A partir daí, o filme gira em torno da relação que os dois vão criando e também no crescimento da personagem principal, que de repente começa a perceber que pode ir além do que achava que poderia, ou mesmo que se permitia. Como eu era antes de você mostra como uma relação pode mudar-nos para sempre, desde que nos permitamos ser tocados por elas.
A aproximação deles vai ficando tão forte, que eles vão se apaixonando gradualmente um pelo outro, mesmo que isso não seja, ao meu ver, o ponto mais importante do enredo. A mudança, sim, o é. E esse argumento ganha ainda mais potência nos espertos diálogos entre Lou e Will, que conforme vão se permitindo aproximarem-se, vão descobrindo o melhor de cada um e estreitando laços que serão determinantes para que eles (se) encontrem o que procuram. Para Lou é talvez uma vida que ela nem pensava que pudesse ter e para Will é uma felicidade que ele pensou não ter mais em seu caminho.
Outra coisa que precisa ser muito bem enfatizada aqui, é como uma história como essa se torna bastante leve, graças às ótimas atuações de todos os atores e a graciosa personalidade de Lou, que simplesmente transborda por Emilia Clark e nos faz apaixonarmos por ela, assim como Will. Nota da autora: estou em busca de todas as roupitchas que a moça usa nesse filme para fazer roupitchas iguais. Que lindo figurino, gente!!
Em alguns momentos Como eu era antes de você me fez lembrar de Doce Novembro, Antes que termine o dia e Cidade dos Anjos, principalmente no que se refere à (re)conhecer uma profunda alegria e redescobrir (ou relembrar) a vida, mesmo que ela não seja mais tão clara quanto era antes. Provavelmente, o que todas essas obras tem em comum é essa lição central e claro, a importante ideia de que é necessário se viver plenamente, cada parte da sua própria vida.
De fato, não é um filme que se cerca de questões técnicas para ganhar potência, mas é perceptível como o cenário se torna participante diversas vezes na narrativa, sendo a tradução dos sentimentos de Will, de suas decisões e até mesmo da relação que vai construindo com Lou. Isso merece especial atenção, porque deixa o filme ainda mais enriquecido.
Além disso, a trilha é bela, constituída por músicas de Imagine Dragons, Ed Sheeran, Jessie Ware e Cloves.
Para finalizar, vou correr o risco de ser muito cafona, mas essa história só me lembrou aquela bela frase que fala sobre o amor de um jeito todo especial: "Dê asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar" (Dalai Lama), sendo exatamente o que Lou descobriu nesse amor.
Isso e como é bom viver!
Nenhum comentário
Postar um comentário