Mais um filme baseado em uma história real, "Foxcatcher" fala de vitória e todas as coisas que vem junto com ela, sendo boas ou ruins, apoiando-se em um evento que foi extremamente significativo no começo dos anos 90 para os esportes e para os Estados Unidos, a prisão do excêntrico milionário John Du Pont, após ter matado o lutador Dave Schultz.
Mark Schultz sempre viveu sob a sombra do irmão mais velho, Dave, que era muito mais simpático e fácil de lidar. Mark nunca foi uma pessoa muito sociável e isso lhe causava alguns problemas no quesito político que envolve o esporte, mas como Dave sempre tomou conta da sua retaguarda, Mark vai junto, focando-se apenas em um objetivo: vencer.
Os irmãos, assim, ganharam nas Olimpíadas de 84 medalhas de ouro.
Esta é a primeira parte de uma história que, segundo como é contada no início do filme, justifica a identificação que John (Steve Carell) sente por Mark (Channing Tatum), de modo que consegue convencer o lutador a comprar a sua ideia e ajudá-lo a criar um centro de treinamento para atletas de Luta Greco-Romana. Mark encontra aí a possibilidade de se tornar mais do que "o outro Schultz" e passa a compreender que tem potencialidades não exploradas até então. De repente, ele pode ser mais!
É assim que ele se torna "a menina dos olhos" do time Foxcatcher. É assim que a relação de Mark e John se intensifica de tal maneira que se torna desconfortável e descontrolável, mesmo que não nos demos conta disso a princípio, uma vez que o filme segue de modo quase parado e quase nada parece acontecer, mesmo que tudo esteja acontecendo ao mesmo tempo. Channing, por isso, nos presenteia com um personagem determinado, porém que parece estar cansado o tempo todo. Cansado da cobrança e da força com que John coloca em cada momento que estão juntos.
A bomba explode mesmo quando Dave (Mark Ruffalo) decide se juntar ao time, muito mais por estar preocupado com o estado mental do irmão, do que por achar que o Foxcatcher é o lugar onde merece estar. E isso fica evidente, criando uma tensão quase palpável entre John e Dave.
Bom, assim como em Capote e o O Homem que virou o jogo, Bennet Miller deixa bem claro que Foxcatcher é um filme que une o seu ponto de vista como diretor e o brilhantismo de atuações muito bem dosadas, apoiadas na sua coordenação e no excelente desenho de texto. O que importa aqui são as posturas psicológicas dos personagens, mas ao ser regido da forma que o é, o filme acabou se perdendo em uma melancolia que, diferente de O Grande Hotel Budapeste, não tem ritmo e nem força suficientes para sobrepor o retrato psicanalítico dos personagens.
Não que isto seja, necessarimaente, um demérito. Na verdade, centrado na excepcional atuação de um irreconhecível Steve Carell, o maior mérito de Foxcatcher é não ser uma história superficial sobre um crime, mas de tentar compreender a psiquê por trás de uma ação que, na época, pareceu completamente sem sentido. Percebemos que este John apresentado na película, sempre lutou para ter reconhecimento e o orgulho de sua mãe, sempre quis se destacar em algo, apesar de ficar bem claro para nós que suas múltiplas "profissões" nada mais são do que um grito por atenção, completamente ignorado pela matriarca.
Quase digno de pena, a construção de John é brilhante, levando-nos a perceber que ele via na sua relação com Mark um trunfo e uma realização pessoal, mas via na figura de Dave um impecílio e um problema. Completamente complexado, o assassinato de Dave é explicado pela simples indagação: "Você tem algum problema comigo?".
Particularmente, eu esperava um pouco mais de uma história que tem sido tão bem comentada, mas compreendo onde mora a beleza do filme: nas atuações e na direção de arte que faz de cada tomada uma imersão ainda mais profunda na mente de cada um dos envolvidos.
Se a metáfora é usada no filme, não vejo porque não usá-la aqui, a raposa representa um troféu que, por sua inteligência e sentidos apurados, se torna um desafio capturar. As relações mostradas no filme são as raposas.
Pitacos: Concorrendo à 5 estatuetas, Foxcatcher parecia ser um dos melhores filmes do ano, mas acho que o seu destaque está muito mais no fato de ser baseado em uma história que mexeu tanto com os Estados Unidos. Mark Ruffalo é, em si, um ótimo ator, principalmente se for bem dirigido, porém não acho que ele desbanque J.K Simons em Whiplash. Steve realmente está fenomenal, mas ainda estou apostando as minhas fichas em Keaton, Bennedict ou Eddie. Como maquiagem é o verdadeiro favorito, uma vez que usa do mesmo clima de As Horas dando aos seus personagens traços feios e que ajudam a contar a narrativa de modo primoroso.
Confira a lista completa dos indicados
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Um comentário
Esse filme está sendo bastante comentado mesmo, né? Eu estou participando de um projeto onde eu tenho que assistir dois filmes por mês de determinados temas e resenhá-los no blog (inclusive o último que eu resenhei foi protagonizado por Mark Ruffalo). Enfim, vou colocá-lo na minha lista e espero não me decepcionar esperando muito e o filme não ser tudo isso.
Um beijo, Fran. ♥
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