Multíplas escolhas


Encontramos maneiras interessantes de nos sentirmos importantes, não só nas nossas vidas, mas também nas vidas das outras pessoas. Aquelas pessoas que nos cercam e que nos confortam.
Engraçado dizer isso, pois quando parece que tudo o mais está dando errado eu não falo para ninguém. Guardo minhas angústias e medos dentro de uma caixinha de música, enquanto ouço Bach ou qualquer outro compositor clássico, numa daquelas sinfonias que nos fazem perder o ar. Tiram todo o oxigênio.
E sempre faço isso, sempre fiz e acho que sempre farei, já que uma coisa eu sempre tive certeza, a melhor pessoa que pode cuidar de mim, sou eu mesma.
Recentemente eu tive a oportunidade de entrar em um novo ramo de trabalho, não só dentro do jornalismo, mas dentro de tudo o mais que já decidi trabalhar alguma outra vez: Turismo. E o interessante, mas nem um pouco chocante foi a indentificação imediata que aconteceu entre mim e a área. De fato foi interessante, não por que eu não imaginei que fosse me aproximar e gostar tanto, acho que tudo que envolva o tratamento com pessoas e viagens é apaixonante; no entanto devo dizer que como as coisas  aconteceram foi assustador.
Assustador, pois o que você espera que vai encontrar acaba se tornando muito diferente do que você de fato encontra. Digo isto, pois mesmo com consciência de que eu estava entrando em um trabalho novo, desafiador e multidisciplinar, não imaginei que encontraria no meio do caminho tantas oportunidades pop-upando na minha frente, na maior naturalidade possível.
Dizem, a certo ponto, que quando estamos bem felizes na nossa vida pessoal, a vida profissional passa a se tornar mais ativa, de modo que os mundos possam se balancear, e que a pessoa tenha a chance de ser um pouco workaholic e um pouco lovaholic. E de fato, pensando para trás percebo que quando encontrei o meu porto seguro, as coisas pareceram cair nos seus lugares e as chances de novas empreitadas se tornaram mais frequentes.
Quando pensei que já tinha me fixado em um canto, aparece o caminho de ser guia da Disney. Falo inglês com fluencia, um francês decente e lido com pessoas diretamente. Adoro ser prestativa e sou extremamente responsável. Sabe o que isso significa? Eu tive que tentar.
Tentei e consegui. Estou organizando as minhas coisas para embarcar no próximo sábado para o mundo mágico,  que eu nunca conheci, mas que para mim vai significar simplesmente (literalmente) o mundo! Sim, é clichê dizer isso, mas eu sou apaixonada pela Disney e penso nisso todos os dias.
E dizer que me senti uma pessoa simplesmente realizada quando recebi hoje o kit de guia, é repetição pois parecia que euvoltara a ser uma criancinha de cinco anos e que tinha acabado de receber um presente de Natal adiantado.
Todos temos sonhos. Eu tenho mais de um. Na verdade, tenho vários.
Mas recentemente eu fui questionada algumas vezes se os meus sonhos, estes que eu tanto preso e quero para mim, estão no lugar certo. Pergunto-me qual lugar certo é esse?
Não sei se esta confusão acontece com vocês, mas comigo acontece simplesmente pois: Eu entrei no curso de Jornalismo dizendo que queria ser jornalista científica, escrever artigos, produzir conhecimento para as futuras gerações e ser uma referência no assunto.
Ser jornalista, para mim  veio com a ânsia, a necessidade de escrever, de por para fora sonhos de papel; mas na verdade meu maior sonho de todos é ser escritora. É ser livre para dizer tudo metaforicamente, e sinceramente acho que nasci para isso.
Então, viver para pena é umaposição complicada, pois quanto mais encontramos obstáculos,  mas nos perguntam se é isso mesmo que queremos. Eu não desanimo, nunca desanimei e não desanimarei. No entanto quando comecei a estudar esta tão apaixonante profissão, que é o ser jornalista, eu cai de amores com todas as possibilidades do que eu posso ser/ter.
Sim, ingressar em um mestrado é de fato uma opção plausível e muito bem vista pela minha família. Meus pais chegaram onde estão por causa do conhecimento que eles sempre souberam correr atrás e que sempre quiseram. Mas olhando com certos outros olhos, encontramos outros caminhos ao longo da meta que, segundo alguns, se não estivermos focados, nos perderemos.
Ao mesmo tempo em que eu pareço me perguntar se um desses outros caminhos não me levarão a sonhos e objetivos maiores e melhores. Objetivos que, talvez, eu não esteja enxergando e nem almejando hoje, mas que existam e que possam ser explorados e muito bem usufruidos por mim.
Para aqueles que ainda estão confusos sobre o que eu estou falando, deixe-me deixar claro alguns pontos:
-Eu amo ser jornalista
-Eu amo escrever
-Minha vida gira em torno de realidades de papel
-Eu sei que tenho capacidade para ir aonde eu quiser
-No meio de caminho, da rota inicial que eu tracei,comecei a me pergunta sobre as minhas opções, ou seja, o que eu posso fazer dentro do que  eu amo.
-Eu quero encontrar uma coisa certa para mim, sem que eu tenha que me preocupar se estou agradando a todos.
Analisando o último ponto, talvez este seja o meu principal e fatal erro. Tentar agradar a todos. Não são todos no sentido literal da coisa, mas todos aqueles que apostam fichas em mim (pais, irmãos,família, amigos...) todos colocam sobre mim aquela responsabilidade surreal de que eu possuo um futuro brilhante e que sou extremamente destemida e segura.
De fato, sou destemida, mas as vezes sinto como se eu  não tivesse segurança nenhuma sobre o que eu estou fazendo. É como se ao mesmo tempo em que eu encontrasse um sentido, eu o desencontrasse, pois tantas outras coisas parecem me encher de vontade.
Se você me perguntar se eu tenho um foco. Sim, eu tenho. Quero viver disso  que utilizo para vos comunicar. Quero viver das palavras. Quero saber o que mais elas podem me dar, o  que mais elas podem me proporcionar.
É isso que eu amo.
Mas no meio dessa encruzilhada eu tenho me sentido perdida, a partir do momento em que não sei mais o que posso fazer para chegar lá. As vezes eu sinto como um pato que está nadando contra a corrente, e que esta corrente é uma metáfora às pessoas que deveriam estar me ajudando, mas que no entanto, estão me colocando ainda mais questionamentos...

P.S- desculpem o desabafo, mas precisava me expressar do unico modo que sei.

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