O que eu aprendi com o minimalismo



Uma das palavras mais utilizadas em 2019 por mim foi "minimalismo". Especialmente na minha bolha pessoal, nas redes sociais online e nos blogs e sites que eu costumo me informar.
Isso tem a ver com o fato de que, desde adolescente, eu sempre me preocupei com o que poderia fazer para diminuir hábitos que me pareciam equivocados, entre eles o consumo desenfreado de certos itens, especialmente roupas e acessórios diversos.
Então, com um pouco mais de consciência e crescimento pessoal, encontrei no minimalismo uma proposta bem interessante de se viver. Mas calma, antes de você achar que esse texto é para te convencer a aderir a esse estilo de vida, ou para te tornar uma pessoa cheia de "amarras", já vou te avisando que esse é um texto de uma minimalista que usa cores, adora moda, gosta de itens de decoração e ama o conforto.
Isso soa esquisito?
Normalmente sim. Pelo menos para as pessoas que eu andei conversando sobre o assunto, essas minhas características parecem fora da curva para alguém que se considera minimalista (que está em uma jornada pessoal para se tornar uma). Sendo assim, esse texto é muito mais para falar sobre um minimalismo sem neura, mais inteligente, funcional e que funciona como um processo de auto-descoberta e valorização do que se tem, e não com qualquer coisa oposta a isso.
Para começar, minimalismo não é apenas um. Na verdade foram vários movimentos que aconteceram em diversas esferas humanas, envolvendo as artes plásticas, o design, a arquitetura, o teatro, a moda e, finalmente, o modo de vida. Apesar de atuarem em áreas espalhadas, os movimentos minimalistas tinham em comum a premissa de simplificar, tornar mais claro e mais direto as diversas esferas da humanidade.
Isso, na verdade, quer dizer de uma tentativa de desobstruir os caminhos, reduzir o lixo e ter mais consciência na hora de consumir.
Então é preciso desconstruir algumas ideias, que se tornaram ainda mais equivocadas para mim, conforme fui vivenciando o conceito do parágrafo anterior.

É muito comum a gente se deparar com conteúdos falando que o minimalismo emprega um dia a dia mais branco, preto e cinza, sem tanta cor. Isso é uma falácia, relacionada a estética minimalista, que pregava o uso de linhas simples e cores neutras como formas de prevenir excessos de informação e poluição visual. Na realidade, nas nossas rotinas, o minimalismo não sai cagando regra, ou dizendo que cores não são indicadas para serem usadas. Ele fala de uma conscientização na hora da compra, tendo como foco usar melhor o que se tem, valorizando as suas coisas e evitando comprar novos itens, caso você já tenha algo correspondente no seu armário, por exemplo.
Também ouvimos falar muito sobre uma outra noção do minimalismo, que muitas vezes é levada ao extremo, que é a de apenas 1 de cada e/ou o equivalente ao número de pessoas na casa. Isso seria aquela máxima de "se tem três pessoas na casa, eu não preciso ter mais do que 3 pratos". No entanto, não é bem assim. O minimalismo coloca que, ao invés de se ter MUITO de TUDO, se tenha o suficiente das coisas. Especialmente aquelas que se usa pouco, ou que tem uso sazional. Em outras palavras, se é importante para você e você usa itens de cozinha, não é o minimalismo que vai dizer que você NÃO PODE tê-los. Aqui passam várias questões importantes, mas talvez a minha favorita seja: precisa-se de um grande auto-conhecimento para saber o que realmente é importante para si mesmo.

E isso tem tudo a ver, também, com uma ideia que vem se tornando mais e mais presente na minha vida (e que eu pretendo fazer um post sobre), que é uma noção de riqueza, ligada à ter em abudância o que realmente te faz feliz. Mas não pense logo "lá vai a mana de humanas falar de viver da arte e o caralho...", por que não é disso que eu estou falando. Estou falando de simplificar aquelas coisas que NÃO te fazem feliz, ou não são tão importantes assim; e focar naquilo que te torna uma pessoa melhor, em todas as esferas da sua vida. Tem uma série de vídeos incríveis do Gustavo Cerbasi falando sobre isso aqui. [vídeo 1; vídeo 2; vídeo 3]
Então, justamente porque o minimalismo não é um manual de vida e sim um estilo de vida, você pode adaptá-lo para a vida que você tem e para o que você almeja. Então, a exemplo do conforto (mas cabe qualquer uma dessas palavras que movem a gente, como independência, liberdade, amor, prazer...), é o caso de você descobrir o que te causa conforto e porque isso é importante para você
No meu caso, foi o alto e bem pesquisado investimento em um sofá, para que eu pudesse estar confortável e realizada, fosse assistindo tv, fosse trabalhando, fosse recebendo amigos em casa. O conforto para mim está ligado a ter momentos de prazer em família, com amigos e namorado. Está ligado à me sentir relaxada e feliz em casa. À consumir conteúdos de boa qualidade, com um som incrível e aproveitar esses instantes. O consumo está ligado a razão pela qual você quer o item material e não o material em si. Será que ficou mais claro?
Ou seja, não é que, de repente você precise se desfazer de tudo. É que você passa a compreender o que é importante para você e manter apenas esses itens, de modo pensado e valorizando-os corretamente. Pois, se um objeto está ligado a algo a mais, torna-se menos provável que você não o valorize.

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