Dia de (des)profissionalização

Então, ontem começou a semana profissionalizante do Se Rasgum que normalmente traz uma galera muito bacana, para falar de temas bem interessantes. Só que a abertura não foi lá essas coca-colas. Por quê?
Bom, primeiro eu acho muito importante a gente pensar um pouco sobre o que o Se Rasgum representa para Belém. Não sob uma perspectiva de "ah, mudou a vida de tantas mil pessoas!", mas sob uma visão de uma espécie de grande catalisador de música e que ainda é o maior festival de música daqui e conseguiu em poucos anos, o que muitos festivais não conseguem, que é o de se estabelecer perante a um público fiel que comparece e que acredita na organização do evento. Passou por vários problemas esse ano, isso é verdade, tiveram alguns atropelos financeiros que acabaram "diminuindo" o festival, mas só pelo fato de eles terem metido a cara e terem feito, é digno de ter noso respeito e admiração.
A questão principal desse post não é "falar mal" de fulano, cicrano ou mesmo de movimentos e organizações, na verdade é um post de indignação.

Trabalhando há dois anos com a produção de eventos acadêmicos-culturais, posso dizer que muita coisa saiu errada ontem. Talvez por ego, talvez por falta de preparo, talvez por burrice, mesmo. O que importa ressaltar aqui, é que conhecimento é coisa séria e quando tratado de forma equivocada, pode, literalmente, jogar merda no ventilador. E esse é o primeiro ponto.
O segundo é que eu observo que as pessoas acreditam que ser Social Media é você postar. É você ir lá no facebook e criar uma fanpage que enche o saco de um monte de gente, postando 24h por dia as mesmas coisas; ou ir lá no twitter e fazer o mesmo (só que em 140 caracteres). Não. Social Media é o cara que entende de métricas, é o cara que sabe fazer monitoramento de rede, é o cara que sabe para quê usar AdWords, é o cara que pensa num conteúdo específico para cada meio e, principalmente, é o cara que "não marca todo mundo numa foto, por que mesmo que ele desmarque, ele vai ter visto".
Em terceiro lugar, eu gostaria de saber o que você, bebedor de café considera que seja uma oficina. O que lhe remete a palavra oficina? Para esta que vos fala, trata-se de uma espécie de aula prática, onde é possível você enxergar tudo o que já tinha visto na teoria, aplicado em alguma ferramenta legal, uma novidade, ou mesmo uma dica. Isso que eu compreendo por oficina. Não uma pessoa vir e explicar o que é o twitter e o facebook, ressaltando suas diferenças, dizendo que na "TL do Twitter, aparecem apenas as atualizações de quem você segue". 
Então, juntando os três pontos acima eu me deparo com uma tarde perdida. 
Perdida porque, na esperança de assistir uma oficina que me trouxesse algo de novo, ou mesmo uma ideia legal, me deparei com uma "oficina" dada por um skype sem vergonha, com uma pessoa que não consegui deixar de me perguntar "quem é você e porque é você quem está falando?". O incômodo não foi porque a "oficina" foi dada pelo skype, o incômodo foi ter me sentido enganada com algo que, claramente, era improvisado e mal planejado. Quisesse fazer algo diferente, fique a vontade, mas vamos fazer direito! Hoje você já tem tantas plataformas (gratuitas) que possibilitam fazer a mesma coisa e com melhor qualidade, como o Stoodos, antes de fazer merda, conheça suas opções.
Se você tá organizando um evento, de graça ou que custe uma fortuna, precisa ser bem feito. Ponto. Isso não tem que ser discutido. Primeiro porque o evento que você prepara é o reflexo do que você, como organizador e como associação (ou qualquer outra coisa que o seja) é. Se o evento é desorganizado e mal feito, então subentende-se que assim que você é assim. Dê-se respeito. Estilo não tem nada a ver com falta de qualidade.
Ao final, onde é que estava a oficina ali? Em "lalaland"? No mundo fantástico do Fora do Eixo?
Eu nem vou entrar no mérito de discutir a segunda "oficina" (também via skype)...Mas o que eu vou fazer aqui, é dar uma colher de chá para os briguentos de plantão (que podem estar achando que também sou uma) e dar algumas sugestões para que o ano que vem a gente não se depare com as mesmas porcarias que foram apresentadas ontem:
1 - Quer melhorar o que você tá fazendo? Organize-se. Se é um cara de São Paulo que vai falar, porque não fazer um bate-papo com uma pessoa aqui em Belém, de fato mediando (e não batendo papo no Facebook).
2 - Quer fazer algo à lá Web 2.0? Conheça suas opções. Todo mundo sabe que a internet em Belém é uma tristeza. Então investe em um modem 4G, compra um hotspot ou mesmo algo básico: testa o que você quer fazer na véspera.
3 - Entenda uma coisa, se você está se propondo a discutir Social Media, suponha que todas as pessoas que se inscreveram na "oficina" saibam o que são essas plataformas. Ninguém ali precisa que outra pessoa venha e lhes dê um "tutorial" de onde clicar para criar uma fanpage. As pessoas estão procurando por opções, querendo saber quais as potencialidades das redes e como se pode usar para tirar proveito onde se trabalha.
4 - Não amiga, só porque você alimenta a fanpage da sua empresa, não faz de você um Social Media. Se quer falar com propriedade sobre o assunto, se profissionalize. Seja capaz de me explicar como posso monitorar minhas redes e falar disso com propriedade. Seja alguém que valha a pena ser escutado.
5 - Conheça. Vai atrás de cursos online, de pessoas que DE FATO tem histórias de sucesso (não que começaram dia 28 de novembro). Fique por dentro do que está acontecendo, de quem realmente faz Social Media no país e porque eles fazem determinadas escolhas. Será que funciona para minha empresa? Será que posso usar tais ferramentas? Como descubro novas funções?
As coisas não são "Olha, se você seguir pessoas legais, você vai ter uma TL legal e vai gostar do twitter", a questão é o que EU posso produzir para a TL de quem me segue. A qualidade não é de lá para mim, é ao contrário. Preocupa-me seriamente que se pense dessa maneira...
E principalmente, não é marcar todo mundo numa fotinho qualquer que você vai ter sucesso, muito menos enchendo o saco de coleguinha para curtir e compartilhar. Não. Se o cara te curte e te segue, ele tem que continuar de curtindo e te seguindo. Produz conteúdo, fala de coisas interessantes e, principalmente, se você vai marcar alguém na foto, tenha um motivo para isso. Não é só "ah, se ele se desmarcar, pelo menos ele viu", porque mais cedo ou mais tarde, ele mesmo não vai mais querer ver.

2 comentários

elva disse...

Opa! Mas queres saber de uma coisa? Em Belém, até mesmo em cursos voltados pra profissionais da área de Social Media, você não encontra nada muito além de "números do quanto as redes sociais crescem no Brasil". É triste.

Pedrox disse...

Aqui em Belém tem gente que realmente sabe e discute mídias sociais com propriedade e estofo profissional e teórico, basta procurar com menos preguiça que encontra. Eu poderia indicar pelo menos umas 5 pessoas de inteira confiança pra falar. Se é pra fazer uma palestra com alguém de fora, que traga uma REFERÊNCIA da área e não coloque uma pessoa com entendimento aquém do que há por aqui. Compartilho da sua indignação por saber que ainda se subestima o treinamento em mídias sociais pelo simples fato de que "todo mundo acha que sabe" ou "é um tema batido". Não é batido, apenas se banalizou por causa dos picaretas de plantão.