Especial Bonequinha de Luxo - Parte V

Holly Golightly e as Vadias


Nós últimos meses postei algumas histórias, curiosidades e até análises sobre Bonequinha de Luxo, indo além do filme estrelado por Audrey Hepburn e do livro de Capote, mas indo até a essência própria personagem principal, seu contexto social e finalizando na sua última e bem sucedida adaptação para o teatro.
Tudo isso a fim de, não só levar mais pessoas a conhecerem a história e se deixarem encantar por ela, mas também para mostrar a sua importância para a sociedade (e suas mulheres) através de Holly Golightly.
Veja bem, assim como falei no post "Então sou uma Amélia", sinto que a luta feminista se perdeu e suas opiniões extremistas agem de modo negativo à elas próprias, impedindo que aquelas pessoas que realmente tem algo a dizer ganhem espaço e credibilidade ao falar de assuntos realmente importantes, como a violência doméstica.
Agora o que tudo isso tem a ver com a última parte (por hora) deste especial?
Bom, Holly era uma mulher a frente de seu tempo, de postura duvidável, independente e, nas próprias palavras de seu agente, uma impostora. Era realmente uma mulher diferente, mas todas as suas questões intrísecas são de teor atemporal, que envolvem as próprias necessidades humanas de se sentir único, especial e ao mesmo tempo aceito e respeitado na sociedade.
Importante lembrar que na época de seu lançamento, Holly fez muitas pessoas se escandalizarem com o seu jeito ousado e glamuroso, principalmente porque o seu aparecimento no mundo deu mais espaço para as mulheres se sentirem mulheres, serem lindas, independetes e muito femininas.
De repente Holly foi interpretada como sendo o pivô de transformar o feminismo em coolSim, porque as mulheres da época de Holly estavam começando a sair de casa e se tornarem donas de suas vidas, estavam começando a compreender que a diferença dos sexos não significam diferenças de direitos (e de deveres). Foi nessa época que o movimento deixou de ser underground e o barulho começou a se multiplicar e com a ajuda de Holly a visão de mudança e possibilidade logo se espalhou e tudo mundo queria estar a frente em uma marcha pela vontade de ser alguém.
Direitos conquistados, mudanças drásticas (mesmo que graduais) se instalaram na sociedade e hoje, ele volta com outra cara. A cara das "vadias". E dessa vez é por causa delas que o feminismo é cool de novo.
Só que, que tipo de bandeiras elas levantavam e que tipo de bandeira estão levantando hoje?

Holly é a representação atemporal de sofisticação e ferocidade, de uma mulher que já tem imposto para os outros todos os seus direitos, sem precisar gritar aos quatro ventos. Holly vive o que prega e não precisa dar explicações sobre si, enquanto que as "vadias" parecem apenas procurar por um motivo para bater panela, só porque panela parece ser coisa de Amélia. Vamos todxs ter cuidado e saber diferenciar femismo de feminismo, tá bom?

Um comentário

Anônimo disse...

Sou uma admiradora deste filme, assim como da belíssima atriz, um ícone, Audrey Hepburn. Concordo que é um filme marcante, uma referência na mudança no comportamento feminino, deixando de submissão e considerando, educadamente e de forma elegante, os direitos das mulheres. A personagem nos mostra como podemos lutar com muita classe sempre!