Quem me conhece sabe que eu não sou repórter esportiva. Eu até gosto de acompanhar alguns esportes e ver os resultados. Também gosto de torcer para alguns atletas e jogadores. De fato, já tinha decidido que não ia comentar absolutamente nada sobre as Olimpíadas deste ano, até porque só acompanhei uns 2 ou 3 esportes. Mas depois da cerimônia de encerramento, percebi que não poderia deixar passar em branco.
Acho que todos estavam ansiosos para ver o encerramento, justamente para ver o tal momento em que a bandeira olímpica seria passada para o Brasil e ver o show que estavam preparando para fechar esta passagem.
Na hora em que o Hino Nacional terminou de tocar e o samba, sob cores verde-amarela iluminaram o estádio vermelho e azul, a expectativa se instalou. Talvez quisessemos ver algo de diferente, talvez algo de inovador, talvez algo que só quem é brasileiro entende, talvez até o tchú-tchá parecesse mais a nossa cara. Pois é, não foi bem assim.
O Rio de Janeiro, como sede do evento em 2016, foi o maior representado, com todos aqueles estereótipos conhecidos (e reconhecidos) de malandro, samba, calçadão e asa-delta. Mesmo assim, ainda esperava que pudessem me surpreender com algo de novo, mas Marisa Monte de Iamanjá, Seu Jorge cantando no meio de uma roda de capoeira e índios com cocares de led foi o máximo que a criatividade deles conseguiu chegar.
O Brasil, em sua enormidade cultural e social foi representado ao mundo como tantos críticos daqui menos gostam: futebol, carnaval e bunda. Exôtico, Misturado e natural. Cheio de cores, só alegria e muita malandragem.
Fomos representados da mesma forma como sempre fomos e com tanto estereótipo fica difícil dizer para turista que não é bem assim. Que aqui em cada cidade (as vezes até em cada bairro) você encontra uma realidade diferente e com magia própria. Que a música não é algo geral e sim algo único, que nos individualiza em cada local.
Que você pode passar anos viajando por aqui, mas que vai sempre encontrar algo de inusitado e que nunca esperaria. Que somos urbanos (pelo menos a grande maioria da população o é) e que não vemos índio em qualquer lugar. Que nos vestimos como eles se vestem e também tocamos/ouvimos rock, jazz, pop e que temos mais do que samba, funk e bossa.
Que nossa gente tem conteúdo e que trabalha a beça para chegar em algum lugar. Sim, somos receptivos, mas não idiotas e enlatados.
A demonstração foi bonita, porém não mostrou nada de novo e ainda excluiu o Brasil em sua diversidade, que para mim é uma das características mais importantes deste país. Espero que esta não seja uma mostra fiel do que nos espera em 2016...