Você já teve um filme que baixou no seu pc faz um tempão, que você nem lembrava que tinha ele lá? Pois é, aconteceu comigo e o filme "The Good Guy" (O Bom Rapaz), com Alexis Bledel, Bryan Greenberg e Scott Porter, mas que acabou sendo um filme bem mais interessante do que eu pensei que seria, mesmo com diversas falhas.
A história gira em torno de seis semanas no relacionamento de Beth (Alexis Bledel) e Tommy (Scott Porter). Tommy é um perfeito galã, bonito, bem sucedido, inteligente, charmoso e muito bem relacionado. Ele, que também é o narrador, parece ser a grande aposta em sua empresa, de modo que quando decide contratar Daniel (Bryan Greenberg), um tímido e retraído Engenheiro da Computação para integrar a sua equipe no Wall Street, seu chefe deixa-o responsável por treinar Daniel, mas Tommy acaba descobrindo que as coisas não são exatamente o que parecem ser. Nem ele mesmo é, o que parece ser.
Pra começo de conversa você tem um discurso de Tommy que te leva junto com ele a repensar sobre o que aconteceu na sua vida pelas últimas seis semanas, até desembocar em um dia em que tudo explodiu e não lhe restou nada além de achar que ele acabou de ser passado para trás. Como um bom partido que parece ser, Tommy não entende como pode ter sido, ele, o cara passado para trás, também não entende como pode ter perdido. Ele nunca perde! E até onde o filme permite entender em sua primeira metade, ele é a vítima da narrativa, enquanto que Daniel nos engana com essa sua carinha de bom moço, na verdade escondendo um cara ambicioso e, por falta de palavras melhores, Filho da Puta de marca maior.
Só que aí o enredo vai se formando em torno da noção de que o seu ponto de vista varia, de acordo com o que você escolhe ver, assim como é perceptível o poder de uma boa Direção de Arte, ao ser responsável por direcionar a nossa perspectiva em torno de algo que parece ser o grande "Q" da película, mas que na verdade chega a ser frustrante por não ser.
O que mais interessa em O Bom Rapaz é o fato de que vozes masculinas são ouvidas e nenhuma delas parece ser daquelas maniqueístas ou das que enchem as mulheres de expectativas, muito comuns em comédias, principalmente românticas. Todos eles são complexos, cheios de nuances e até Daniel, que parece ser mono, se revela em certo momento. Quem não é tão instigante assim, na minha opinião, é Beth. Apesar de ser inteligente, independente e bastante promissora, ficamos com a impressão de que faltou fôlego.
Outra questão que achei que o filme pecou foi na tentativa de mostrar como as agendas de homens e mulheres podem ser conflitantes, justamente pelo que consideram como prioridade. Penso que essa questão não foi explorada da forma como deveria e ficou me parecendo que a solução foi rala e quase simplória demais.
Ficamos mesmo com as perguntas: Bom pode ser aquele que trai, aquele que subtrai ou aquele que mente? Bom é aquele que você acredita que vai dar certo? Bom é tão relativo quanto mal, é a sua variação ou verdadeiramente uma antítese? Agora, desculpe-me se estou soando um pouco 'enigmática' ou até 'confusa' sobre esse filme, mas com um mote de discutir índoles, pontos de vista, versões e honestidade relativa, O Bom Rapaz ganha destaque pela forma como monta diversas interpretações, afirmando que todos os comportamentos são compostos por ciclos viciosos de ações auto-destrutivas, mesmo quando se é um bom rapaz, sendo assim, não poderia eu ser muito escancarada sobre o enredo, de repente estragando a sua visão...