A arte de "estragar" uma música



Tem gente que acredita que não tem nada melhor que algo original. Uma melodia como foi concebida, a voz com que foi primeiramente gravada, ou a 1ª maneira como foi editada. No entanto com essa quantidade altíssima de versões, remixes, acapella e afins, a força do original parece um pouco, digamos, borrada.

Então, se de fato vivemos no tempo das reinterpretações, do dito, visto e copiado, talvez devêssemos nos questionar se de fato existe esse negócio de “estragar” uma música. Falo isso primeiro por que sou de Belém do Pará, a terra do Tecnomelody, que, trocando em miudos, se trata de colocar uma letra em português (as vezes com o mesmo sentido da original), com a mesma melodia, mas encoberta com a batida dançante do brega.
A verdade é que de onde eu olho, estas versões acabam tendo o poder de reviver canções há muito já esquecidas, o que pode ser muito bom, uma vez que vivemos em um período em que tudo é tão fugaz. Sem contar que reacender estas músicas nos dá algo importantíssimo: repertório, afinal de contas, como dizer que algo é repetição se não se conhece o que foi feito antes. Quem faz isso muito bem é o show de TV Glee, que apesar de reinterpretar tunes bem atuais, também visita os clássicos da música e homenageia grandes cantores que se consagraram de alguma maneira na história da música, como é o caso de Michael Jackson, Liza Minelli, Madonna e Rolling Stones. Isso sem contar das músicas da Broadway e de musicais marcantes do cinema. Glee vive de versões, mesmo assim implacou grandes sucessos em rankings mundiais, como a Bilboard.
Isso sem falar dos DJs (os de verdade, não os que apertam o play nos finais de semana), que sempre estão procurando opções e inspirações para criar um remix exclusivo, ou alguns mashups, que se utilizando daquela ideia de ser híbrido, em que uma terceira música é criada a partir da mistura de uma primeira e uma segunda. Assim, com a internet e as muitas possibilidades tecnológicas versões única são criadas e graças a plataformas digitais, com o ITunes eles podem ser vendidos e divulgados juntamente com as versões originais, ficando na responsabilidade de quem ouve escolher.


Postado por mim no Livros e Afins dia 16/07

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