Neste período voar de avião ainda era muito caro, então os serviços oferecidos pelas companhias aéreas normalmente eram top e mesmo que não houvessem muitas, nenhuma se comparava ao sucesso da Pan Am, que abriu em 1927, mas faliu em 1990.
Pensando sobre essa história e também no contexto histórico-social que o mundo vivia na década de 60, a ABC apostou em uma série refinada e cuidadosa, em que 4 comissárias e 2 pilotos da Pan Am são os protagonistas, contando como os seus dia a dias se entrelaçam com o que está acontecendo no mundo e como elas coinciliavam suas vidas pessoais e seu trabalho.
Entre as personalidades diferentes é interessante ressaltar os tipos que foram escolhidos pela série, como forma de simbolisar o que aquele período era: Temos Maggie, uma comissária à frente do seu tempo. Engajada politicamente e de opinião forte, é também a mais determinada de todas em conseguir o que quer, capaz de mentir e até trapassear para não perder sua chance de viajar pelo mundo.
Temos Colette, uma naturalizada norte-americana, mas naturalmente alemã. Sofreu com a 2ª Guerra Mundial e por causa dela acabou refugiada na França, onde foi criada por outra família e se mudou para os Estados Unidos na adolescência.
Símbolo da mulher sofrendo com a modificação do mundo, Laura é uma típica boa menina norte-americana. Cheia de pudores e valores de sua mãe, faz a única loucura de sua vida ao fugir no dia do seu casamento para se tornar uma comissária.
Já o oposto de Laura é sua irmã Kate. Além de ser independente e não ligar para convenções, ela também é uma espiã do Governo Norte-Americano e mesmo que não saiba atirar ou lutar como profissional, Kate tem garra e graça, usando do seu uniforme da Pan Am para realizar algumas de suas missões.
Cada personagem tem o seu conflito pessoal e paralelo que só parecem se encontrar enquanto elas estão voando. Falando em voando, boa parte dos episódios correspondem a ida dos personagens para algum lugar no mundo, enquanto eles voam ficamos sabendo do que está acontecendo com cada um deles e suas histórias se alinham com a viagem.
Revisitar um passado contextualizado com fatos reais pode ser perigoso, mas os produtores e criadores tiveram muitos cuidados para não fazer tudo ficar artificial demais, trazendo elementos da cultura pop, também, como referências à artistas famosos da época e à objetos, como certa marca de bombom e um tipo específico de hot dog.
Além de uma cenografia detalhada e referências meticulosas, os figurinos, maquiagens e roteiro são tratados de forma primorosa, de maneira que somos realmente transportados para os anos 60 e todo aquele clima de Guerra Fria, preconceito racial e de transições identitárias. No fundo Pan Am não é uma daquelas grandes séries que vai virar clássico algum dia, mas ela tem um quê interessante que estava faltando nas séries de hoje, ela tem classe.
Nenhum comentário
Postar um comentário