Aquele Sorriso

Muita gente nao gosta deste filme. Eu, me encontro em um limiar bastante suspeito por adorar o trabalho de todas as atrizes que participam dele, mas mais do que isso, eu adoro essa história.
O Sorriso de Monalisa foi chamado, pela crítica, de A sociedade dos poetas anonimos para mulheres, e meio que lembra mesmo. Um docente que é capaz de mudar um pouco da visão de seus alunos através de uma forma nova de se pensar em educação.
De fato é um tema um pouco batido, mas a história é bonita e devo dizer que o roteiro me marcou significativamente. 


Katherine Watson: "Carcassa", de Soutine, 1925. É bom? [pausa] Vamos meninas, não ha respostas erradas. Não há um livro dizendo a vocês o que pensarem. [pausa] Não é tão fácil, né?!
Betty Warren: Certo, NÃO! Não é bom. De fato não deveria nem mesmo ser chamada de arte. É grotesco!.
Connie Baker: Há alguma regra contra arte ser grotesca?
Giselle Levy: Eu já acho que existe algo de agressivo. E erótico.
Betty Warren: Para você, tudo é erótico!
Giselle Levy: Mas tudo É erótico!
Susan Delacorte: Não há padrões?
Betty Warren: Claro, de outra maneira um quadro ridículo de veludo seria  igual ao Rembrandt!
Connie Baker: Hey, meu tio Ferdie tem pinturas assim. Ele ama aqueles palhaços!
Betty Warren: Há padrões! Técnica, composição, cor, até mesmo um objetivo! Então se você está sugerindo que um troço de carne é arte, mais ainda boa arte, então o que vamos aprender aqui?!
Katherine Watson: Isto mesmo. Você acabou de descrever nossa ementa, Betty. Obrigada. O que é arte? O que faz dela boa? E quem decide?
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[sobre Vincent van Gogh]
Katherine Watson: Ele pintava o que sentia, não o que via. As pessoas não entendiam, para eles pareciam infantilizados e mal feitos. Levou anos até que as pessoas reconhecessem-no como uma técnica moderna. A intenção era perceber como o seu se movia, para isso ele usava pinceladas pesadas. Mesmo assim, ele nunca vendeu um quadro em vida. [caminhando com elas pela sala] Este é o quadro do seu auto-retrato. Reparem. Não ha camuflagem, nem romance. E agora, 60 anos depois...onde eles está?
Giselle Levy: Famoso.
Katherine Watson: Fato! Tão famoso que todos tem alguma reprodução de seus quadros. Existem cartões postais.
Connie Baker: Calendários.
Katherine Watson: E assim por diante. Com as técnicas de reprodução de arte, estando disponíveis ao grande público. Ninguém precisa ser o Van Gogh para ter um quadro dele. Você pode pintar um. "Van Gogh em uma caixa". [ela pega uma caixa] Pintando por números.
Connie Baker: [lendo a caixa] "Agora todos podem ser Van Gogh. É fácil. Siga as instruções e em minutos, você estará no caminho para se tornar um artisa."
Giselle Levy: Van Gogh por números?
Katherine Watson: Ironico, não? Olhe o que fizemos com o homem que se recusava a mudar de ideais pelo conformismo popular. O homem que se recusou a comprometer sua integridade. Nós o colocamos em uma caixa e ensinamos a pintar "como" ele.
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Katherine Watson: Desde o seu casamento você perdeu seis classes, um trabalho e o teste de meio semestre.
Betty Warren: Eu estava na minha lua de mel, e então arrumando a casa. O que você espera?
Katherine Watson: Presença.
Connie Baker: [timidamente] A maioria dos docentes não ligam quando as casadas perdem uma ou duas classes.
Katherine Watson: Então por que nao se casam como calouras? Assim você não precisa nem comparecer às classes para ter seu diploma.
Betty Warren: Não ofenda nossas tradições por que você é subversiva!
Katherine Watson: Não ofenda esta classe só por que você é casada!
Betty Warren: Não me desrespeite por que você não é.
Katherine Watson: Venha as aulas, faça seus trabalhos, ou eu irei lhe reprovar.
Betty Warren: Se você me reprovar, haverão consquências.
Katherine Watson: Você está me ameaçando??
Betty Warren: Estou lhe ensinando.
Katherine Watson:[ironicamente] Este é o "meu" trabalho.
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Katherine Watson: Aqui diz que você cursa o pré-direito. Que escola de direito você pretende ir?
Joan Brandwyn: Eu nunca pensei seriamente sobre isso. Depois de me formar pretendo casar-me.
Katherine Watson: E então?
Joan Brandwyn: [confusa] E então...Eu estarei casada.
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Joan Brandwyn: Eu tenho um segredo para você...fui aceita na turma antecipada de direito da Yale.
Betty Warren: Para o que? Porque? Você não quer ser uma advogada!
Joan Brandwyn: Talvez eu queira.
Betty Warren: Você não iria sem me contar...mas, você realmente se inscreveu?
Joan Brandwyn: Sim, mas nao tinha esperanças. Nunca pensamos que eu entraria.
Betty Warren: Quem é nós?
Joan Brandwyn: Miss Watson. Ela praticamente preencheu a ficha para mim [rindo].
Betty Warren: Você só pode está de brincadeira. Que direito ela tem? Você vai se casar!
Joan Brandwyn: Primeiramente, não há nenhum anel neste dedo aqui. Segundamente, eu posso fazer os dois. Eu posso!
Betty Warren: Você está bem perto de ter tudo o qeu sempre quis. E está bem pertinho de perder!
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[sobre Mona Lisa]
Betty Warren: [ironicamente] Olhe mamae. Ela está sorrindo. Ela está feliz?
Mrs. Warren: O importante é não dizer a ninguém.
Betty Warren: Ela parece feliz, certo, então isto é tudo que importa?
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Katherine Watson: Eu fiz uma pesquisa. Existem sete escolas de direito ha 45 minutos de Philadelphia. VocÊ pode estudar e ainda colocar o jantar as 17h.
Joan Brandwyn: Já é tarde.
Katherine Watson: Nao, algumas ainda aceitam inscrições! Agora, eu estava um pouco chateada, preciso dizer. Quando Tommu veio até mim e disse que tinha aceito em Penn. Pensei, oh meu Deus, o destino dela está selado! E ela trabalhou tanto por isso!" mas então eu pensei que você nao precisa desistir! Você pode açar o bolo e comê-lo! É maravilhoso!
Joan Brandwyn: Estamos casados. Fugimos e nos casamos no fim de semana. Acontece que ele estava temoroso com uma cerimônia grandiosa, então fizemos algo pela energia do momento. Muito romântico.
[Katherine chocada]
Joan Brandwyn: Foi a minha escolha. De não ir para Yale. Ele teria me dado suporte.
Katherine Watson: Mas você nao precisa escolher!
Joan Brandwyn: Nao, eu preciso sim. Eu quero um lar, quero uma família! E isto que eu nao quero sacrificar.
Katherine Watson: Ninguém está lhe dizendo para sacrificar isto, Joan. Eu só acho que você precisa entender que pode fazer os dois.
Joan Brandwyn: Você acha que eu vou acordar um dia e me arrepender de não ter querido ser uma advogada?
Katherine Watson: Sim, acho que você se arrependerá.
Joan Brandwyn: Nao tanto quanto eu me arrependeria de não ter uma família, de não vê-los crescer. Eu sei exatamente o que eu estou fazendo e nao me faz menos inteligente por isto. [pausa] Isto está lhe parecendo muito ruim, nao?!
Katherine Watson: Eu nao disse isso.
Joan Brandwyn: Claro que disse. Você sempre diz. Você sempre nos diz para olharmos por sobre a imagem, mas você não o faz. Para você, uma dona de casa é alguém que vendeu a sua alma para uma vida colonial. Alguém que não tem intensidade, ou intelectualidade ou mesmo interesses. Você é a pessoa que disse que eu poderia fazer tudo o que quisesse, é isto que quero!
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Betty Warren [lendo]: "Querida Betty, eu vim a Wellesley pois eu queria fazer a diferença. Mas para mudar pelos outros é o mesmo que mentir para si mesmo.”
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Betty Warren: Minha professora, Katherine Watson, viveu em sua própria definição e não iria compromoter isto, nem mesmo para Wellesley. Eu dedico este, meu ultimo editorial, para esta extraordinária mulher, que virou meu exemplo e que nos tocou a todos, fazendo-nos ver o mundo com novos olhos. Até o tempo em que lerem isto, ela estará no caminho de volta para a Europa, onde eu sei que ela vai encontrar novas barreiras para serem ultrapassadas e novas ideias para serem transmitidas. Ouvi pessoas chamando-a de covarde por ter deixado a universidade, em um caminho sem alvo. Mas nem todos os que viram andarilhos são covardes, especialmente aqueles que buscam a verdade dentro da tradição, apesar de definições e por dentro de imagens. Eu nunca lhe esquecerei.
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