Qual é o pior tipo de traição? Aquela traição carnal que apenas satisfaz um desejo animal que existe no ser humano, ou aquela traição que, mesmo sem qualquer toque sexual, envolve uma série de sentimentos verdadeiros e profundos? Bom, à princípio nem é isso que parece ser a discussão trazida no filme "Apenas uma noite" escrito e dirigido pela iraniana Massy Tadjedin, mas ao longo de uma análise de um casamento balançado pela dúvida e insegurança, o drama romântico que se resumiria a ciúmes, mentiras e lágrimas, ganha um final sugestivo e uma sensação de identificação humana muito peculiar.
No mesmo dia em que Michael viaja a trabalho com Laura, Joanna reencontra um grande amor do passado, Alex, um homem de postura galante, mas duvidosa, que mesmo depois de anos longe de Joanna, não consegue esquecê-la, por isso vive uma realidade de boemia e mulheres. A partir daí, "Apenas uma noite" nos leva em uma viagem de cortes, onde o casal principal e seus respectivos acompanhantes de uma noite nos faz questionar seus princípios de certo e errado, bem como nossos próprios princípios, em diálogos inteligentes e situações enlaçadas que chegam a ser desconcertantes de tão possíveis.
Laura é "pura e simplesmente" a femme fatale do filme, esquenta os diálogos com o centrado Michael o tempo todo e fica clara a sua intenção de dormir com ele. Enquanto isso, Joanna é insegura demais, inclusive para admitir para si mesma que está enrolada com Alex. Essas personalidades se chocam e são reveladas escancaradamente para nós, que nos identificamos um pouco com cada um deles. As personagens vão se envolvendo entre si em duas tramas diferentes, mas ligadas pela traição. Enquanto Michael e Laura se envolve pelo puro e simples desejo, Joanna e Alex tem uma história, um amor mal resolvido e a escolha de ambas as partes, que claramente parece ser motivo de arrependimento deles.
Além disso, a ideia de que uma noite é capaz de mudar tudo, ou simplesmente não mudar nada é permanente no filme, sendo talvez o ponto principal do filme que, entre mentiras (para si e para os outros), inseguranças e questões mal resolvidas, "Apenas uma noite" nos deixa levemente incomodados, principalmente com o final, completamente aberto e sugestivo ao estilo: "Faça dele o que quiser", então o que faria dele?
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