No ínicio do século XX, Belém já possuía 12 salas de cinema, mas foi em 1912 que Carlos Augusto Teixeira e Antonio Martins, donos de pontos turísticos famosos na cidade, decidiram abrir a primeira casa de luxo destinada a sétima arte. O cinema foi inaugurado para atender a uma elite local, que ainda ostentava as riquezas conquistadas no período do Ciclo da Borracha e que enxergavam o cinema como um espaço dedicado ao luxo, transformando o triangulo formado Theatro da Paz, o Palace Theatre e o Grand Hotel, em um quadrado. Este perímetro da Presidente Vargas era chamado de Largo da Pólvora.
No dia da sua inauguração, a exatos 100 anos, a programação foi composta por filmes em curtas-metragens, pois os longas-metragens só chegaram na cidade algum tempo depois, já que o transporte do material fílmico era feito por embarcações. No começo de sua história, as pessoas iam para o Olympia para serem vistas e não para verem filmes, por isso vestiam suas melhores roupas e diziam-se cultas o suficiente para assistirem a filmes europeus e mudos.
Nos anos que se seguiram, o Olympia foi perdendo um pouco do seu status social, mas as matinês que marcaram as programações fílmicas entre os anos de 40, 50 e 60, ainda eram o ponto de encontro dos jovens. Filmes que falavam da juventude, comédias românticas, chanchadas foram de grande importância neste período, ajudando até mesmo a ditar a moda e o comportamento da época.
Com o passar dos anos o Cine Olympia foi perdendo a sua viabilidade comercial, principalmente com a abertura de salas de projeção em Shopping Centers da cidade. A concorrência foi tanta que em 2006 ele quase fechou as portas. Foi graças a uma manifestação pacífica, liderada por cineastas, artistas, cinéfilos e fãs do cinema que houve uma resposta da prefeitura da cidade e o Olympia continua funcionando.
Hoje, sua abordagem é outra. Ele faz parte do circuito alternativo da cidade, mostrando filmes que foram sucesso da crítica, filmes de arte e também aqueles que não vão passar em uma sala convencional. O cinema também funciona em regime gratuito e por ser um espaço cultural, tem projetos de incentivo, como “A escola vai ao cinema”, além de mostras de curtas premiadas em festivais internacionais.
No ano de seu centenário a expectativa é pelo seu tombamento, afinal de contas, 100 anos ininterruptos de história, não para qualquer cinema!
*imagens do site do Cinema Olympia
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