Mais que uma garota no porta-malas

Sim, o tema é dos mais comuns nas telonas e telinhas, assassinatos, perícias, dramas policiais e muito mais do mesmo. Então quando eu comecei a assistir a série "The Killing" não estava procurando por nada extraordinário e talvez por isso, a série tenha me surpreendido com a história e o caminhar dessa investigação.

"The Killing" é uma série norte-americana, dramática e policial que perpassa pelo mistério envolvendo o assassinato de uma garota chamada Rosie Larsen, que foi encontrada morta dentro do porta-molas de um carro. Após o seu assassinato a série acompanha os 26 dias que se seguem de investigação da morte da moça e não titubeia em focar no trabalho de Linder e Holder, a dupla de detetives, em errar, acertar, descobrir novas pistas e investigar novos suspeitos. Equanto nos infiltramos na polícia, também seguimos a família de Rosie superando a perda da filha/irmã/sobrinha e tendo que conviver com seus próprios dramas pessoais e questões não resolvidas uns com os outros. Fora que o caso acaba respingando nas campanhas municipais, colocando os dois candidatos à vaga de prefeito como possíveis suspeitos do caso. 

Para começar a minha opinião sobre a série, acredito que seja importante pedir que você se esqueça das policiais sensuais, de cabelos sedosos, maquiagem em dia e mesmo assim muito safas no que fazem. Liden tem um conjunto repleto de dramas que quase a aproxima de uma persona afetada, mas Mireille Enos consegue reger Liden de uma forma humana e possível, realmente nos relacionamos com ela e suas dúvidas. Entendemos o motivo dela ter um relação tão complicada com quase todos ao seu redor, além de termos a certeza que o companheirismo entre ela e o detetive novato, Holder é um balanço ideal para que a história flua de modo convincente. Joel Kinnaman, por sinal começa a série com um ritmo meio titubeante, mas logo entendemos que estas ações fazem parte de quem ele é como personagem. Aí faz sentido.
Com um roteiro muito bem amarrado e pistas conectadas, a série esbanja solidez em seus personagens e continuidade entre um episodio e outro, até o final da segunda temporada (quando pensamos que tudo acabou) que termina de forma inteligente e encaixando cada pista que parecia solta. 

Algumas questões negativas: no entanto, alguns episódios são extremamente cansativos. Seja por sua estética acinzentada (a cidade que a história acontece parece o tempo todo melancólica, fria e chuvosa), seja por seus momentos de profundos diálogos entre os personagens principais. Qualquer que seja o motivo a série teria sido ainda mais feliz com momentos editados e talvez até episódios menores. Outra questão que me incomodou um pouco foi o fato de que eles abriram tantas portas no decorrer da série, que algumas permaneceram semi-abertas. Quero dizer, todas elas se encaixaram com a trama e fizeram sentido, mas algumas dessas portas semi-abertas incomodam pelo quê de irresolvido. 
Acredito que na terceira temporada, a série continuará brincando de montar quebra-cabeças de maneira inteligente e continuará focando em muito mais que máquinas super modernas e personagens com QIs absurdos. Que continue centrada na psiquê humana, demonstrando que somos capazes de (quase) tudo para que possamos atender nossos desejos mais intensos, seja cometendo crimes para termos a pessoa que amamos, seja para conquistar um grande sonho profissional, seja por dinheiro. No final, a série mostra que todos podemos ser capazes de fazer o que achamos que deve ser feito, quando a situação parece se tornar insustentável. 

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