Sobre a bateria que acabou


Já parou para pensar onde foi que a parte se perdeu do outro?
Onde deixou o seu amor pendurado, esperando voltar logo e retomar de onde parou?
É, mas diferente de um computador novinho, os sentimentos são podem ficar em suspenso, ou hibernando entre uma utilização e outra, até que terminemos de almoçar, ou trabalhar. Com sentimentos, a bateria é viciada.
Ela precisa estar ligada a tomada o tempo todo, dando leves choquinhos na corrente instável, para mostrar que a intensidade louca de uma reunião de vontades está presente.
Também não é uma bateria que responde bem ao stand-by, onde uma fraca luzinha indica que a eletricidade ainda corre por aqueles fios e, por isos mesmo, não morre completamente, mas consome da mesma forma.
Outra coisa, é que se trata de uma bateria que vaza.
Vaza se ficar envelhecida, sem necessidade e quando é substituída. Vaza e vai embora, mesmo que não seja uma bateria que fica obsoleta facilmente.
É, por fim, uma bateria que consome e consome muito. Consome de si, consome de todas as partes envolvidas. Precisa de proteção, se não vira uma bomba e, não além disso tudo, é uma bateria que acaba.
Mas de novo, diferente das mais comuns, recarregá-la não é tão simples assim e muitas delas jamais serão reacesas. As que são, voltam com uma vida útil singela e frágil, de modo que a simples carga equivocada é capaz de fazê-la acabar de novo.
Talvez seja por isso que a parte se perdeu. Ninguém prestou atenção que a bateria tava acabando...

Tal como o Lírio

"Assim, tu sabes porque eu acho que o Eddie é um puta ator, não sabe?", me perguntou Augusto, um dos meus pitaqueiros favoritos nas horas de falar sobre Oscar, cinema e cultura pop geral. Eu, que não sabia, perguntei o motivo. Ele: "Porque ele interpreta com a boca."
E foi assim que a nossa conversa sobre The Danish Girl (A Garota Dinamarquesa) começou e nossa, como ele tem razão sobre Eddie.

Bom, não preciso dizer que essa conversa foi bastante complexa e intensa de ambas as partes. Tanto porque nós dois tivemos um feedback positivo em relação ao filme, quanto pelo fato de que ambos concordamos que é um filme bem melhor que Carol. Isso porque no filme, além de Redmayne, tem Alicia Vikander, uma entidade da natureza! Força arrebatadora, que compele a gente a se apaixonar por ela, por Eddie, pela atmosfera e pelo filme, de modo geral. Quase consigo dizer que Eddie foi ofuscado por sua coadjuvante, mas não consigo totalmente, dada a complexidade dessa história e o peso que Einar/Lily carrega.
Já que é baseada em fatos, eu imagino que para um ator é ainda mais necessário passar a verdade que existia naquele ser, algo que não poderia ser dispensado, ainda mais como o caso de Lili, uma mulher aprisionada em um corpo masculino e tendo que viver sob o rótulo de pervertido, apenas porque não se sentia plena. Não se sentia completa. O mérito de ter conseguido passar isso pra gente é de Eddie, completamente, que não só consegue explorar uma imensidão de sentimentos, como nos convence do seu desconforto físico. Principalmente pela boca.

Mas vamos lá, sobre o que se trata o filme? A garota dinamarquesa conta a história real de Lili Elbe, ou Einar Wegener (Eddie Redmayne) e sua esposa, Gerta Wegener (Alicia Vikander). Ambos pintores, cada um em sua maestria própria, eles vivem um vida de amor verdadeiro, companheirismo e força, de modo que mesmo a frente do florescimento do ímpeto feminino de Einar, eles permanecem juntos, até a decisão final de Einar, de se tornar Lili completamente. Sim, é um filme sobre mudança de sexo. Mais do que isso: é um filme sobre a primeira mudança de sexo realizada na história.
Mais ainda! É um filme sobre encontrar a si mesmo e ter a coragem de sê-lo. O que, para esta que vos fala, é o maior trunfo.
Ainda sobre os personagens e seus atores, é impossível não ficar irremediavelmente apaixonado pelo amor que Lili e Gerta compartilham, de modo que cada traço do caminho que os dois percorrem é pavimentado com trocas de olhares significativos, toques delicados e uma cumplicidade em toques que, à frente de seu tempo, descrevem o tipo de amor atemporal que no fundo, todos nós buscamos. Muito provavelmente porque foge dos padrões (principalmente os da época em que essa história se desenrolou de verdade, que foi ali pelos anos 20), os dois precisaram se apoiar na certeza de que: "não importasse o que acontecesse, eles continuariam juntos".


Mesmo que os enquadramentos do filme sejam bastante tradicionais, com personagens centralizados, preferência pelo plano médio (onde os atores são filmados da cintura para cima) e uma história sem grandes intervenções modernosas, A Garota Dinamarquesa tem uma estética realmente bela, dando prioridade para um requintado visual, tons pastéis e uma ambientação delicada, principalmente se pensarmos sobre a complexidade desta narrativa. 
Essa ambientação delicada fica ainda mais potente, aliada ao tempo que o ritmo do filme dá para os personagens serem construídos, de modo que nos tornamos íntimos a eles, seus adereços e até mesmo, suas almas. Incrível como é simples e complexo, ao mesmo tempo, sermos englobados tanto assim por um força tão poderosa, mas apresentada pra gente de um jeito tão suave, sendo quase paradoxal como os elementos fílmicos conseguem fazer isso.
Bravo!
Pitacos: A Garota Dinamarquesa é o meu atual favorito nas categorias de Atriz Coadjuvante e Design de Produção. O filme concorre às estatuetas das categorias já citadas e também de Melhor Ator e Melhor Figurino.
Veja a lista completa.

*O filme também faz parte da minha lista de 24 filmes para 2015, do Blogs que Interagem, na categoria Mulheres

Tempo é dinheiro

Com uma brilhante adaptação para o cinema, The Big Short (A Grande Aposta) é um dos mais completos filmes da temporada de Oscar. Vem ver o que temos a dizer sobre:

Está certo que algumas pessoas não entendem muito bem o que eu quero dizer, quando falo que determinado filme é offbeat. Então quero aproveitar o início desse review, para tentar explicar, uma vez que o ritmo desse filme, é uma das suas principais características. Offbeat é um filme que brinca com o tempo das narrativas tradicionais, sejam elas comédias, dramas, sci-fi, musicais e por aí vai. Um filme offbeat, como numa tradução bem ao pé da letra sugere, é um filme 'fora de batida'. 
Agora você pode estar se perguntando, "mas aninha, o que é a batida de um filme?". Bom, a batida, ou ritmo do filme, é como as cenas, os enquadramentos e os acontecimentos vão se desenrolando. Num ritmo tradicional, os filmes acontecem em termos de causa e consequência, em uma série de percursos inspirados nos romances literários. Ou seja: apresenta-se o lugar em que eles estão inseridos, apresentam-se os personagens, apresentam-se os conflitos, os conflitos chegam a um clímax e os conflitos se resolvem. Quando um filme subverte essa fórmula, seja através do roteiro, da montagem ou mesmo ao tensionar estilos e gêneros (500 dias com ela, por exemplo, que está em algum lugar entre a comédia romântica, a comédia e o drama), ele pode ser chamado de offbeat. O grande detalhe, no entanto, é que essa subversão precisa mexer no movimento do filme, para que seja, verdadeiramente, "fora de batida".
Mas por que eu fui buscar tudo isso nesse post?
Porque fazia tempo que eu não me deparava com um filme que, em sua constituição inteira é offbeat.
Desde a forma como o filme se inicia, até como apresenta os personagens e mesmo a constante impressão de que as coisas demoram séculos para acontecer. Todos esses elementos convergem para que fiquemos de frente com um longa completo e repleto de pontos positivos.


O primeiro deles é, definitivamente, o roteiro! Baseado no livro homônimo de Michael Lewis, A grande Aposta mostra como um grupo de pessoas, impulsionadas de diferentes passados, mas com a simples razão de ganhar dinheiro; passam a se envolver numa compra de investimentos de um fundo financeiro, que aposta no colapso do sistema imobiliário norte-americano, que em 2008 nós acompanhamos como sendo a Crise do Subprime. 
A forma como os eventos e os personagens vão se encaixando é realmente de modo primoroso, uma vez que todos eles estão ligados ao mercado financeiro, porém eles são alheios ao grande idealizador do caso, Michael Burry (Christian Bale), que observava a movimentação financeira do sistema imobiliário desde 2005, até perceber que se a inadplência chegar à 8%, vai haver uma crise do sistema imobiliário. 
Bom, parece meio chato, né? Só que, para que o roteiro não ficasse só jargões financeiros e blá blá blás econômicos, são utilizadas algumas ferramentas para diminuir o peso dessas características, como é o caso da quebra da quarta parede, ou quando um personagem fala diretamente para a câmera e/ou se dirige ao espectador. Além disso, eles fazem questão de colocar um tom documental nas falas de Jared Vennett (Ryan Gosling), o mesmo que quebra a quarta parede, de modo que a sua narração é didática e bastante pertinente com o todo. Principalmente com as inserções de Margot Robbie, Anthony Bourdain, Richard Thaler e Selena Gomez. 

E como encaixa tudo isso? Bom, a edição do filme é bastante complexa e mostra como essa ferramenta pode ser usada para ditar o desenho de uma história. A montagem também usa inserções de músicas, vídeos, fotos e falas soltas, para indicar a passagem do tempo, bem como simbolizar cenas do passado de cada um dos personagens. Tudo de um jeito mais solto, mesmo que elas não sirvam sozinhas, para identificarmos o momento exato em que aquele episódio da narrativa se desenrola.
Em termos narrativos, a moral, ética e bondade inata dos seres humanos são colocadas em cheque. Seja causada pela visão de uma oportunidade de ouro, seja por pensar que os atingidos serão eles. O indefinido e meramente complementar pronome sem rosto individual. Mesmo assim, a parte que seria relativa a desenvolver os personagens como seres humanos, além de ávidos Wall Street Men deixou a desejar. Talvez porque eles tenham se focado nos acontecimentos, muito mais do que construir camadas para os espertinhos da bolha.

Pitacos: De modo geral, o filme funciona de forma coesa em toda a sua complexidade, com ótimos atores, excelente roteiro, edição muito interessante e, claro, uma história próxima dos norte-americanos. Elementos que a Academia costuma curtir bastante, logo acho que se trata de um forte concorrente nas categorias de: Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado. 
A Grande aposta concorre nas categorias de: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição.

Blogagem Coletiva: Séries que eu vou retomar em 2016

Então gente, foi hard, mas eu consegui selecionar as séries que eu vou (e eu vou com certeza, com força, foco e fé) retomar neste ano. Esse blogagem coletiva foi sugerido pelo Blogs que Interagem e por ser o primeiro do ano, eu quis caprichar (até pra mostrar serviço, depois de um mês e pouquinho meio afastada ~férias~) mas vamos lá, segue a minha listinha:


10 - Awkward

Eu falei dessa série aqui no Depois do Piloto 2 e realmente acho ela super divertida. Tem essa vibe High School que eu curto, especialmente para ver algo super leve, tranquilo e que faz bem pra alma (bonito isso). De modo bem geral, acho que a história serve para qualquer época do ano e já me prometi que sempre que tiver um tempinho sobrando, vou assistir.
Sobre o que é? Jenna está no ensino médio e é um verdadeiro para-raios para situações, no mínimo, embaraçosas. Porém, ela tem um senso crítico muito aflorado e é bem mais madura que a maior parte das adolescentes, o que torna tudo ainda mais engraçado, uma vez que essas tais situações embaraçosas só servem para colocá-la de frente com a total necessidade de se reinventar e claro, encarar tudo com bom humor.

09 - Rizzoli & Isles

Adoro essa série e fiquei super chateada quando comecei a ter dificuldade de encontrar os episódios. Acabei parando de assistir no meio da 5a temporada e quero muito saber o que acontece em seguida. Esse ano já vai para a 7a e eu to lá...embromando...
Sobre o que é? Duas melhores amigas que trabalham no departamento de polícia de Boston. Rizzoli é detetive e Isles é legista. Como toda narrativa que se preze, elas são muito diferentes uma da outra, mas como são verdadeiramente amigas, elas se respeitam e tem muito jogo de cintura para solucionar os crimes. O que eu acho mais bacana na série, é o fato dela realmente se aprofundar nas personagens, tratando elas de modo complexo e com várias camadas, sem cair em clichês típicos de séries voltadas para o público feminino e/ou de séries com um viés de investigação.

08 - Game of Thrones

Ok, pode me julgar! Eu realmente abandonei GOT no meio da segunda temporada e não foi por falta de vontade de assistir tudo no final de semana. Não...na verdade, foi justamente pela vontade incessante de ver TUDO de uma vez só. Eu tava no meio de um período academicamente complicado e precisava me afastar de coisas que me viciassem...logo...
Sobre o que é? Mentira que eu tenho que explicar sobre o que é!

07 - Orange is the new black

"Cara, tipo assim, cê ta de sacanagem!", não tô não! Ainda não assisti a terceira temporada e fiquei ainda mais desistimulada depois de ler que a S3 ficou bem chatinha e só melhorou no final. Não sei se tenho paciência para isso, mas decidi que vou retomar e vou assistir!
Sobre o que é? Piper é uma burguesinha que ao se deparar com a possibilidade de ser denunciada em um esquema de tráfico de drogas, decide se entregar para a polícia, na esperança que a sua pena seja curta e que em menos de um ano ela retorne para a sua antiga vida. Claro que as coisas não saem exatamente assim, tão simples, principalmente porque a sua ex e a causa do seu envolvimento no esquema todo, também está presa...

06 - Bates Motel

Eu comecei a ver o Bates Motel há uns dois anos, mas acabei parando de acompanhar quando a série entrou de férias, entre a segunda e a terceira temporada. Não assisti mais, só que é uma série realmente arrebatadora.
Sobre o que é? A série acompanha o desenvolvimento psicopático (não sei se essa palavra existe, rss) de Norman Bates, o personagem psicopata de Psicose (1960 de Alfred Hitchcock), desde a intensa relação com a sua mãe, até o momento em que ele começa a desenvolver esse lado mais sombrio.

05 - Doctor Who

Então.....outra série que eu vou ser castigada por não ter conseguido acompanhar como deveria. Acontece que realmente não tive fôlego pra tanto episódio de Sci-Fi, não naquele momento que comecei a ver. Logo, acabei abadonando a série no meio da segunda temporada...mas vou retornar...afinal, o ano tem 365 dias...
Sobre o que é? Uma das mais clássicas narrativas de Sci-Fi contemporâneas, Doctor Who é a mais longa série de ficção científica da história, porque começou na década de 60 e continuou na produção com gás total. Ela é constituída de narrativas imaginativas e que remetem muito aos Space Operas. 

04 - Grimm

Quando eu tava fazendo meu TCC, eu tava na vibe das séries baseadas em contos de fada, mas acabou que Grimm foi deixada de lado depois da segunda tempora (eu tenho uma coisa com segundas temporadas....), mais porque achei que a série ficou um pouco perdida, maaaassss li que ela se encontrou de novo, então fiquei curiosa pra ver como fizeram isso!
Sobre o que é? Nick Burkhardt é o último de uma linhagem especial, os Grimm. Pessoas que são dotadas de conhecimentos sobrenaturais inatos e que são capazes de ver os seres encantados, mesmo quando eles estão infiltrados e vivendo como pessoas comuns. Nick usa a sua habilidade para solucionar crimes que podem ter tido o dedo de algum ser mágico.

03 - Black Mirror

Eu vi a primeira temporada dessa série num tapa, ficando viciada e falando dela o tempo todo. Resolvi dar um tempo, não voltei e nem vi a 2a temporada. Segundo me disseram, o tema que norteia a S2 é tecnologias e terror/suspense. Fiquei com medinho, porque sou dessas, mas vou encarar mesmo assim! 
Sobre o que é? Black Mirror é uma série de histórias independentes entre si, mas que tem um tema em comum: a tecnologia no cotidiano humano. Eles fazem curtas metragens, relacionando os artefatos, os hábitos e o comportamento das pessoas, frente à tecnologias, como o smartphone, as redes sociais e até chips. 

02 - Gotham

Amo a estética de Gotham! Foi por isso que comecei a ver a série. Também fiquei surpresa que eles realmente se aventuraram a deixar a cidade como protagonista e como moldadora do caráter dos personngens. Acabei não pegando a segunda temporada para assistir, e daqui a pouco estreia a terceira e eu to aqui...chupando dedo!
Sobre o que é? Algumas pessoas dizem que Gotham é sobre a origem dos vilões e do próprio Batman, pra mim não é o caso. Gotham fala sobre degradação, criminalidade, corrupção e como tudo isso estar presente num lugar, é capaz de influenciar diretamente como as pessoas vivem e como elas se moldam. 

01 - Mad Men 

Eu vivo falando dessa série aqui, no entanto poucas pessoas sabem que eu não cheguei a ver a última temporada. Sim...o negócio foi que a última temporada se dividiu em duas e teve um hiato meio grande entre uma parte e outra, logo eu decidi que, para não sofrer, eu ia ver a última temporada inteira depois de rever toda a série. Aham...quem disse que eu tive tempo? Não fiz uma coisa, nem outra =P acabei parando de rever na 4a temporada. Mas esse ano eu termino. Tanto de rever, quanto de ver o final da história de Don Draper.
Sobre o que é? Mad Men se passa entre o final dos anos 50 e o início dos anos 60, contando a história dos homens e mulheres da propaganda. Com episódios escritos por Keith Huff (saiba mais sobre ele aqui), essa série é intensa, dramática, tem muito whisky (nhami!) e vai te envolvendo sem você perceber. Fora que os figurinos, criados por Janie Byant são de tirar o fôlego (já falei sobre isso aqui) e os personagens são todos lindos e complexos. Amor na certa!

Mas Aninha, como você vai conseguir ter tempo de ver tudo isso? 
Sabe-se lá, mas o desafio está lançado, no final do ano eu conto pra vocês se consegui. Torçam aí e enquanto isso aproveitem para conferir as listas do Blogueiros que Interagem:
E das parceiras de Café: Lady Salieri e Monique

Linguagem Corporal

Sendo, para mim, o Foxcatcher da temporada, Carol chegou recheada de expectativas e atendeu poucas delas.

Através de uma atmosfera escurecida, de um pós segunda guerra mundial, Carol se desenrola contando a história de um romance homossexual entre Carol (Cate Blanchett) e Therese (Rooney Mara). Vindas de passados diferentes, as duas se sentem imediatamente atraídas uma pela outra, mesmo que por razões distintas, à princípio. O grande trunfo do filme, ao meu ver, é justamente como ele é construído em torno da noção da evolução de um sentimento, até a entrega total a ele.
Bom, o filme é, basicamente, dividido em planos abertos e planos detalhes, sempre organizados numa tela 3/3, ou seja, em que os elementos e as personagens não ficam necessariamente centralizados na cena. De um modo interessante, isso traz mais riqueza para o filme, em termos estéticos, uma vez que a história em si não tem grandes atrativos. 

Digo isto, porque com um roteiro baseado no romance homônimo de Patricia Highsmith, pouca coisa realmente se sobressai nos diálogos e no caminhar da narrativa. Eu não poderia dizer que isto é algo que está presente na história original, mas fica evidente a falta de diálogos contundentes, algo que, normalmente, se destaca em produções baseadas na literatura. 
Os olhares e as interpretações são as verdadeiras estrelas.
E que estrelas! Cate Blanchett é a elegância em pessoa! Ela olha para Therese como se tivesse algo para ensiná-la, passando uma forte segurança, mesmo sendo triste e solitária. Esta sobreposição de camadas de Carol, é o que a torna apelativa e interessante, tanto para a jovem Therese, quanto para nós. Rooney me lembra Carey Mulligan em Educação, mas sem a malícia de Jenny, o brilho de Carey e com muito mais problemas em descobrir sua própria independência e seus próprios sonhos. Como fica claro, Carol tem muito a mostrar para Therese e Therese quer muito conhecer tudo.

É graças à bela interpretação das personagens, juntadas à uma excelente organização de câmera e enquadramentos, que podemos perceber as sutilezas que figuram as mudanças de sentimentos e até a ampliação deles, seja na cena do carro, na do piano, ou mesmo a noite em que Therese e Carol dividem a cama. Essa evolução de sentimentos é um ponto muito interessante na narrativa, pois deixa claro que se trata de algo mais forte que o simples desejo.
Particularmente, achei a relação das duas adulta, porém bem menos arrebatadora que de Emma e Adèle em Azul é a cor mais quente. Talvez tenha sido pelo passo do filme, talvez tenha sido pelas expectativas frustradas, mas mesmo com a ótima trilha sonora e a fotografia significativa, Carol está entre os últimos na minha lista de favoritos ao Oscar deste ano.

Carol concorre às estatuetas de Melhor atriz, Melhor atriz coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor fotografia, Melhor figurino e melhor trilha sonora. Não é meu favorito em nenhuma das categorias, mas pode ser que surpreenda levando Melhor Atriz para Cate Blanchett

‮ ‮o menino que encanta pelo mundo*

É num mundo onde todos falam o contrário, que conhecemos O Menino. Mais um, entre tantos outros que se despedem de um pai que procura algo que não tem, enquanto cresce em meio às lembranças musicais e coloridas. Esse é o O Menino, então, que se joga em busca desse mesmo pai. Joga por dentro de um Mundo de infinitos detalhes, sutilezas, cores, pessoas e sons, que são desvelados para nós, através de diversas técnicas de uma bela animação brasileira.

Está certo, eu to aproveitando a vibe Oscar para falar de O Menino e o Mundo, mas não sem antes ressaltar a sua presença na minha lista de filmes nacionais favoritos e, também, não sem antes dizer pra vocês que faz um tempo que vi o filme, e quis escrever sobre ele assim mesmo, apenas com as lembranças dos traços e tracejos mais importantes desse longa, fazenod jus muito mais aos sentimentos que ele me traz a mente, que a detalhes fílmicos.
Dirigido por Alê Abreu, o longa demorou alguns anos para ficar pronto e entre as técnicas de sobreposição, colagem, gravura e muitas outras, a animação é uma demonstração da completa arte de fazer o inanimado ganhar vida. E que vida ganha, recheado de intenções profundas e sentimentos relacionáveis, O Menino da história encontra um Mundo todo a ser vivido e explorado, inclusive nos dando a impressão de uma constante mistura entre o que realmente está acontecendo e o que é sonho e ilusão, de modo a nos envolver na atmosfera da fértil imaginação infantil.

Além da doçura infantil, o filme trata de questões críticas, como poder, ganância, avareza e a constante cobrança de que se seja real, cada vez mais hiperreal e intensamente racional, de forma que são detalhes bastante pertinentes ao redor dO Menino, fora, é claro, da ânsia pelo desconhecido, aliada à necessidade do familiar.
Com uma trilha sonora belíssima e que realmente dá o tom do filme (significando muito mais do que as falas, que como já dito, são faladas de trás para frente), melodias musicais misturadas à efeitos sonoros, surpreendem constantemente, enquanto somos criticados por sermos blasé em relação ao Mundo ao nosso redor, que é forte personagem e construtor de nosso caráter, assim como foi dO Menino. 

E daí, lembro de quando Teo do filme Her explica a sua paixão por Samantha dizendo que é raro conhecer pessoas que não perderam a capacidade de se encantar com o mundo e talvez, nesta mesma medida, O Menino que se lança nessa aventura a contínua vontade de se encantar com o que tem ao seu redor, já que acreditar nesse mundo é uma forma de fazer a diferença nele.

O Menino e Mundo tem a minha torcida na categoria de Melhor Longa de Animação, apesar de ser bastante improvável que consiga bater o queridão Divertidamente.
Veja os concorrentes em todas as categorias.

*O Título do post está invertido: O Menino que encanta pelo Mundo

Indicados ao Oscar 2016


Tá, a lista saiu na quinta feira passada, mas como eu ainda estava de férias só deu para postar esta semana. Bom, correndo pela estatueta este ano, temos aqueles que parecem ser os favoritos: O Regresso, Spotlight, A Grande Aposta e O quarto de Jack. Com filmes de temáticas polêmicas, o Oscar desse ano parece estar na linha da crítica, escândalo e, claro, confusão.
E filmes como A Garota Dinamarquesa, O Filho de Saul, Brooklyn e Carol, prometem chamar atenção pelas interpretações, pelos roteiros e claro, pelo fato de sairem um pouco do âmbito norte-americano ufanista. Correndo por fora estão aqueles que costumam concorrer e vencer nas categorias técnicas, como Star Wars, Mad Max e Ex Machina
Tiveram alguns filmes que eu senti falta, como O Bom Dinossauro (longa metragem de animação), Que horas ela volta? (Filme Estrangeiro), Kreuzweg (Filme Estrangeiro)  e Beasts of no nation (Documentário em Longa Metragem). Mas ok, to feliz da minha vida, porque O Menino e o Mundo foi indicado à Melhor Animação em Longa Metragem, mesmo que as chances sejam bastante baixas. 
Para as novidades do Pitacos do Oscar deste ano, vamos ter a participação da Colunista Cafecólatra Amanda Mota, que vai falar pra gente um pouco sobre a relação desses filmes todos com a Ciência. Para quem não viu o post dela sobre a ciência por trás do telessequestro de Peeta em Jogos Vorazes, não sabe o que tá perdendo ;) Então clica aqui pra ver.

Então vamos lá, seguem os indicados:

Melhor Filme

Mad Max - Estrada da Fúria 
O Quarto de Jack
Spotlight - Segredos Revelados 
Ponte dos Espiões 
Perdido em Marte

Melhor Diretor

Tom McCarthy - Spotlight - Segredos Revelados
George Miller - Mad Max: Estrada da Fúria 
Lenny Abrahamson - O Quarto de Jack

Melhor Atriz

Brie Larson - O Quarto de Jack
Charlotte Rampling - 45 Anos
Jennifer Lawrence - Joy - o Nome do Sucesso

Melhor Ator

Bryan Cranston - Trumbo
Michael Fassbender - Steve Jobs
Matt Damon - Perdido em Marte

Melhor Ator Coadjuvante

Mark Ruffalo - Spotlight - Segredos Revelados
Mark Rylance - Ponte dos Espiões
Sylvester Stallone - Creed - Nascido para Lutar

Melhor Atriz Coadjuvante

Jennifer Jason Leigh - Os 8 Odiados
Rachel McAdams - Spotlight - Segredos Revelados
Kate Winslet - Steve Jobs

Melhor Roteiro Original

Matt Charman - Ponte dos Espiões
Alex Garland - Ex Machina
Josh Singer, Tom McCarthy - Spotlight - Segredos Revelados
Jonathan Herman, Andrea Berloff - Straigh Outta Comptom

Melhor Roteiro Adaptado

Drew Goddard - Perdido em Marte
Emma Donoghue - O Quarto de Jack

Melhor  Animação

Anomalisa
Shaun, o Carneiro
As Memórias de Marnie

Melhor Documentário em Curta-Metragem

Body Team 12
Chau, Beyond The Lines
Claude Lanzmann: Spectres Of The Shoah
A Girl In The River: The Price Of Forgiveness
Last Day Of Freedom

Melhor Documentário em Longa-Metragem

Amy
Cartel Land
O Peso do Silêncio
What Happened, Miss Simone?
Winter on Fire: Ukraine's Fight fo Freedom

Melhor Longa Estrangeiro

Theeb - Jordânia
A War - Dinamarca
Mustang - França
Saul Fia (Son Of Saul) - Hungria
Embrace Of The Serpent - Colombia

Melhor Curta-Metragem

Ave Maria
Day One
Everything Will Be Okay (Alles Wird Gut)
Shok
Stutterer

Melhor Curta em Animação

Bear Story
Prologue
Os Heróis de Sanjay
We Can't Live Without Cosmos
World of Tomorrow

Melhor Canção Original

"Earned It" - The Weeknd - Cinquenta Tons de Cinza
"Manta Ray" - J. Ralph & Anthony - Racing Extinction
"Simple Song #3" - Sumi Jo- Youth
"Writing's On The Wall" - Sam Smith - 007 Contra Spectre
"Til It Happens To You" - Lady Gaga e Diane Warren- The Hunting Ground

Melhor Fotografia

Mad Max: Estrada da Fúria
Sicario: Terra de Ninguém
Os 8 Odiados

Melhor Figurino

Mad Max: Estrada da Fúria

Melhor Maquiagem e Cabelo

The 100-Year-Old Man Who Climbed out The Window And Disappeared
Mad Max: Estrada da Fúria

Melhor Mixagem de Som

Ponte dos Espiões
Mad Max: Estrada da Fúria 
Perdido em Marte
Star Wars - O Despertar da Força 

Melhor Edição de Som

Sicario: Terra de Ninguém
Mad Max: Estrada da Fúria 
Perdido em Marte
Star Wars - O Despertar da Força 

Melhores Efeitos Visuais

Star Wars: O Despertar da Força
Mad Max: Estrada da Fúria
Perdido em Marte
Ex Machina

Melhor Design de Produção

Ponte dos Espiões
Mad Max: Estrada da Fúria
Perdido em Marte

Melhor Edição

Mad Max: Estrada da Fúria 
Spotlight - Segredos Revelados
Star Wars: O Despertar da Força

Melhor Trilha Sonora

Ennio Morricone - Os 8 Odiados
Jóhann Jóhannsson - Sicario: Terra de Ninguém
Thomas Newman - Ponte dos Espiões
John Williams - Star Wars: O Despertar da Força 

Recomendando dos Parceiros #4

Demorou, mas como prometido, a minha visita mensal aos meus blogueiros parceiros e do coração. Para acessar aos posts indicados, basta clicar na palavra 'post' de cada seção, ou na imagem referente ao mesmo ;)

No blog da Mariana eu me deparei com uma ideia super legal, seguinte: ela admitiu que sempre foi musical e montou uma playlist de vários momentos da vida dela, o mais bacana, Mari, é que eu tive a certeza de que tava olhando para uma OST de um filme super divertido e bem humorado sobre a sua própria vida. Adorei o Post!


No "Visão Periférica", blog da querida Salieri, ela embarcou numa vibe de desabafo de sumida e enrolada na carreira acadêmica (ah, como eu te entendo!), voltando firme e forte num post sobre os projetos que vai retomar em 2016, inclusive falando sobre os projetinhos do Blogs que Interagem que, bem, eu também ando meio away, mas juro que concluirei os 24 filmes para 2016!

Assim como eu, a parceira Tayane Sabádo é louca com cinema o/\o (tamo junto!) e como tal, não poderia deixar de dar os seus próprios pitacos relativos à possíveis escolhas da academia. Alguns dos que ela analisou estão na disputa, outros não, mas claro que vale saber o que ela achou nesse post aqui.

O jornalista Enderson, que também participou da produção do documentário Fisionomia Belém, fez um post especial sobre a exibição do doc na capital paraense. Nada mais justo, em vias de comemorações a cerca dos 400 anos da cidade, o documentário dá conta de mostrar uma Belém um pouco "fora do circuito" turístico, mas que não deixa de ser menos apaixonante por isso.

Eu não sou lá muito fã de youtuber (vai ver essa foi uma das razões que me levou a demorar tanto para criar um canal para o Mesa), mas resolvi conferir a indicação da Jhenni e não é que achei bacana! Ficou curioso? Confere no post d' A Escrita e Eu.

Nada fala mais de janeiro do que colocar as metas para o ano num start e refletir sobre os 365 dias que passaram. Nessa mesma viba, a Sarah Lynn do blog Seis Mil Milhas, contou pra gente as 15 coisas mais legais que aconteceram com ela em 2015. Somos colegas de profissão, gata! 

Eita que o "Recomendando" deste mês tá retrô demais, gente! Inclusive o post recomendado do Reporter E (é) justamente uma retrospectiva de 2015, mas diferente da Sarah, o Gustavo faz uma reflexão mais em termos de acontecimentos nacionais e mundiais.

Mas vamos falar de coisas atuais (ou nem tanto)? No Inverno de 1996, a Monique já começou fervendo num post da Blogagem Coletiva do BQI, falando das séries que ela vai retomar em 2016. Força na peruca e muito Netflix na veia!

Rata de Brechó e DIY, que nem esta que vos fala, a Valéria ahaza sempre que fala em looks feitos com orçamentos apertados, mas esse aqui foi um dos meus favoritos e ainda foi pro Carnaval! Vem ver tudo no post!

Gabi, amei o seu post sobre o Ano Novo Cigano! Sabe que eu sempre achei uma cultura fascinante e acho até  que se trata de um assunto pouco explorado com dignidade. Fiquei super curiosa para ver o doc completo, não deixa de postar depois que apresentarem o TCC ;)

Autor da primeira biografia sobre Jânio Quadros, Bernardo é um pesquisador de mão cheia! Nesta compilação da página oficial do livro, o autor conta mais detalhes sobre as viagens de campanha do ex presidente em 1960. Post imperdível para quem adora História do Brasil!

Gostou do post? Que tal se tornar um parceiro também? Saiba mais aqui.

Férias II

Oi gente,

como o título altamente elaborado sugere, estou de férias até o próximo dia 16. Quero aproveitar essas próximas duas semanas para preparar algumas novidades, inclusive para os meus adorados parceiros, agilizar algumas coisinhas dos meus romances e, claro, voltar para a realidade pós-temporada na casa dos pais.
Como vocês viram, no mês de dezembro não tivemos os "Recomendando dos parceiros" e não foi por esquecimento, foi porque este é um dos posts que eu gosto de fazer no dia de postar e como estava viajando não pude entrar para fazê-lo, mas prometo que este mês de janeiro, será o primeiro post.
Também estamos entrando na temporada de Oscar e como vocês sabem, este será o principal tópico a ser tratado quando voltar, então se você está interessando em saber os meus pitacos deste ano, fica ligado, que jaja postarei os reviews dos principais concorrentes.
Enquanto isso, te convido a conhecer o Por Ana C. A. Souza, um site que, apesar de ainda estar em construção, está servindo de repositório para os meus livros e trabalhos da literatura. Se você curte histórias fantásticas, que tem inspirações na mitologia e em narrativas ancestrais, dá uma olhadinha. Você pode se surpreender!

Então é isso, gente! 
Nos vemos em 10 dias e, claro, responderei a todos os comentários com muito carinho nesta data!
Beijão!