Hey mamma, welcome to the 60s!

O conceito de juventude é tão jovem quanto o que ele significa, na verdade até meados dos anos 50 a ideia de que os jovens poderiam ser diferentes dos seus pais era considerada extravagante e até uma espécie de afronta. Essa tal de independência da juventude, foi realmente modificando-se conforme shows, moda, musicas e filmes foram direcionados para esse público em particular. Ou seja, só quanto as indústrias começaram a se apagar à esse público específico, que esse público passou a acreditar que poderia ter gostos próprios. Mesmo assim, seguir tendências, se inspirar em artistas e gostar de James Dean ainda era considerado complicado, principalmente nas famílias mais tradicionais. 
Loucura pensar em como tudo isso mudou e como muitas coisas ainda se permanecem, não é verdade?

Bom, toda essa volta (risos) para compartilhar que o filme Hairspray é do vez aqui no Mesa, justamente porque inspirou essa reflexão sobre a condição de juventude ali no final dos anos 50, início dos anos 60. O longa foi baseada no show homônimo da Broadway e nessa versão cinematográfica dirigido por Adam Shankman, um diretor e coreográfo de mão cheia, nesse estilo de filme. Sim, porque como um tapa de cores fortes, piruetas, saltos e saias rodadas, o filme é uma ode a cultura pop saturada e um pouco caricaturada daquele período, especialmente relacionada à moda, dança e música. 
Além das referências diretas aos estilos existentes naquele período e o tema da juventude, o filme toca na delicada questão do racismo nos anos 50/60 que ainda era muito forte nos Estados Unidos (ainda é forte, mas isso é outra discussão), sendo especialmente consistente e difícil de superar em cidades como Baltimore.

É perceptível a referência que o filme faz em torno da celebrização dos artistas de TV, de modo a criar imaginários em torno deles, quase como uma espécie de mundo mágico, em que apenas aquelas pessoas vivem. Logo, a busca pela fama é o que motiva os personagens, sempre na expectativa de entrar nesse mundo e, mais ainda, poder fazer parte de um grupo 'seleto' de pessoas que tem direito à diversas regalias. Para quebrar um pouco com a ideia de que tudo eram flores temos personagens prepotentes, um backstage repleto de competições internas, a evidente exclusão dos que são diferentes também norteia o filme, mesmo que de forma quase cômica, a crítica existe.
Palmas para Zac Efron, em seu primeiro filme em que ele realmente canta, encarando um galã, meio afetado e que claramente cresceu entre os holofotes, mas que tem uma boa índole. Palmas também para John Travolta, que assina o seu perfil musical e mostra versatilidade em saias e cenas românticas. Apesar do flopado Grease 2, Michelle Pfeiffer está fabulosa e mostra que sabe dançar e cantar excelentemente bem, assim como a protagonista Nikki Blonsky, que não perde em nada para as magrinhas. E o que dizer da sempre Rainha Queen?!
Vale aqui acrescentar que a trilha sonora é deliciosa! Com músicas super chicletes e interpretadas muito bem pelos atores, tais como "Lady's choice", "Nicest kids in Town", "Without Love" e "You can't stop the beat". Como um filme baseado na Broadway, que se preze, definitivamente é um filme para ouvir e, mais ainda, um super filme para querer aprender as coreografias e dançar junto! 
Para esta que vos fala, é um filme para querer copiar os figurinos também, especialmente os vestidos que Lou Ann (Kelly Fletcher) usa, mesmo que ela seja uma figurante, rss. É de tirar o chapéu como eles usaram a saturação das cores, a altura dos cabelos, de tal forma que fica até difícil acreditarmos que as pessoas tinham tempo para cuidar desses detalhes todo o santo dia!
Com menções diretas ao florescimento sexual, Hairspray é mesmo um filme para toda a família se divertir. A não ser que alguém da família não curta musicais, aí...

Hairspray faz parte da minha lista de 24 filmes para 2015, proposta pelo Blogs que Interagem, na categoria Dança.

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