Mirou no Jagger, acabou ligando a cobrar

Normalmente quando uma banda lança o primeiro single de um novo cd, tem a intenção de mostrar ao seu público o que esperar do album. Ou seja, dá o tom do que vem por aí e é neste momento que a maioria dos fãs começam a criar a sua expectativa diante do que está para ser lançado.
Depois do lançamento do cd, com o propósito de mostrar que ainda tem algo há mais na obra, eles lançam a música que se destaca (normalmente aquela que ousa de alguma maneira, saindo um pouco do estilo da banda, ou que mostra um amadurecimento e desenvolvimento do trabalho dos artistas), envolta numa espécie de mística publicitária de estouro e hit. Sem contar que normalmente essa música é aquela que toca em todo o canto, tem milhões de interpretações e consegue mostrar que a banda tem algo para oferecer.
Bom, não estou tentando desvendar as técnicas de venda da indústria fonográfica, ou mesmo dizer que a regra é assim impreterivelmente, o que coloquei nesses parágrafos iniciais é apenas uma observação. Com isto claro, continuo.

Recentemente notei um exemplo de como esta observação pode ser diferente. O cd do Maroon 5, "Overexposed", teve o caminho inverso quando lançou o sucessão Moves Like Jagger como o primeiro single. O que eles não contavam (ou talvez contassem) era que a música ia ser um sucesso tão grande, que todas as viessem depois ficariam meio apagadinhas.
A ideia que a música passa sobre o albúm, sendo a primeira, é que ele seria uma coletânea de hits, a maioria dançante, com parcerias brilhantes e uma sonoridade eletrônica e meio experimental.
Porém, quando "Overexposed" foi lançado nos deparamos com "mais do mesmo". Temos a voz do Adam à lá xavecada, entoando as canções com interpretações de duplo/triplo sentidos; o eletrônico dançante comandando boa parte das melodias e o tema relacionamentos (bons, ruins, baseados no sexo, desastrosos, infiéis...) ainda predominando em tudo.

Clique na capa para ouvir o cd
O segundo single, "Payphone" é a verdadeira demonstração do que esperar no novo cd e, apesar de se tratar de Maroon 5, penso que se as faixas fossem mais parecidas com "Jagger" o cd seria mais interessante e muito mais indispensável na playlist de todos.
Nada disso é ruim e o cd é bom. Mas é esperadamente bom. Não tem nada demais. Senti que faltou músicas como "Harder to Breathe", "Kiwi", "Makes me wonder" e "Misery", aquelas que te tiram o folêgo, dão ideias 'danadinhas' e te fazem parar o que estiver fazendo para ouvir e imaginar mil e uma coisas...
Da tracklist vale a pena escutar: "Lucky Strike", "Lady Killer", "Fortune Teller" e "Tickets".

Sobre amizade, amor e ternos

Com 7 temporadas nas costas, 1 meme, 4 videoclipes, mais de 100 atores convidados e muitas piadas sobre um cara que está contando para os seus filhos como conheceu a mãe deles. Essa matemática gerou uma série de sucesso que conquista em cada temporada mais fãs, por seu tema simples e relacionável, mas principalmente pela forma como ele é abordado.

No ano de 2025 Ted conta aos seus filhos a história de como conheceu a esposa, porém para chegar neste ponto ele precisa passar por uma série de outras histórias que têm início em 2006, quando seus dois melhores amigos resolvem se casar e ele conhece Robin, uma aspirante a âncora, canadense e que logo se torna uma de suas melhores amigas. Robin, Marshall, Lily e Barney acompanham Ted na busca pelo amor, enquanto vivem as mais diversas confusões que um pessoal de 20 e tantos anos poderia viver na cidade de Nova York.
Contada ao contrário, How I Met Your Mother é uma daquelas séries que você não consegue parar de assistir, tanto pela linguagem simples e engraçada, quanto pelos próprios episódios, que são curtinhos (em torno de 25 minutos cada). E como um bom sitcom, os episódios não são necessariamente linkados, de forma que é possível assistir um sem ter visto o outro, sem enormes prejuizos.
Alguns acreditam que HIMYM é o descendente de Friends, por se tratar de uma série com personagens amigos, vivendo em Nova York sob a perspectiva de encontrarem a felicidade. Talvez até seja, se fizermos uma rápida comparação vamos perceber que tem muitas similaridades, porém o que How I Met your Mother tem de especial é a expectativa. Todos querem saber quem é a mãe dos filhos de Ted e como eles se conheceram.
Sem contar que os personagens são interessantes e bastante peculiares. Ted, provavelmente, é o personagem mais normal da trama, já que Robin foi criada pelo pai como se fosse um homem, foi uma estrela pop canadense e ainda por cima é jornalista; Marshal e Lily estão juntos desde a faculdades, mas tem uma relação de amizade extraordinária, Marshal é um advogado que quer trabalhar com o meio ambiente, é louco por macacos e tem mais manias do que um cara com TOC; Lily é professora do jardim de infância, mas queria ser artista, é desbocada e as vezes parece "um dos caras". Barney provavelmente é o personagem mais anormal, além de um womanizer, o cara só veste terno, tem uma série interminável de cantadas e jargões (leia-se "true story" e "it's gonna be legen...wait for it...dary!") e ninguém sabe, afinal, qual o seu trabalho.

Além dos ótimos personagens e roteiro cativante, HIMYM ganhou muito por ter investido em atores não TÃO conhecidos assim. Alyson Hannigan e Neil Patrick Harris talvez sejam os nomes mais conhecidos, mas Jason Segel, Josh Radnor e Cobie Smulders eram artistas que ainda não tinham tido os seus nomes vinculados a grandes produções. Com a série Cobie pode participar de "Os Vingadores" como Agente Hill; Jason participou de filmes como "As Aventuras de Gulliver", "Ressaca de Amor" e "Os Muppets". 
De fato muitas portas se abriram, mas o que vale mesmo é conferir (e rir muito) de todos eles em How I Met Your Mother.

Animações em Cartaz

Um dos mitos que, com o passar dos anos, tem conseguido se acabar é que o filme de animação é o mesmo de desenho animado, ou seja filmes (curtas ou longas) direcionados para o público infantil e que nada de "real" consegue ter. Apesar de ser um pensamento predominante, principalmente até Branca de Neve e os Sete Anões, o cinema de animação há muito tempo se emancipou do "bonitinho", "bobinho" e "extra-fantasioso".
A verdade é que o gênero de animação está cada vez mais forte, não só pela possibilidade de fazê-lo por computador, mas por que é uma alternativa livre de amarras e limitações humanas. Glenn Kane, ex desenhista da Walt Disney Animations Studio e um dos nomes mais significativos (foi o desenhista de personagens como a Fera, Pocahontas, Rapunzel...) ressalta que as animações são muito mais do que desenho que se movem. São desenhos capazes de mover as pessoas.
E de fato o é, pois as animações não só transmitem mensagens de superação e força, mas também conseguem dialogar com todos os públicos, trazendo uma linguagem à lá Charlie Chaplin, ou seja, compreensível para crianças e adultos.
Hoje estão passando no cinema 3 longa-metragens de animação, que eu vou ter o prazer de falar um pouquinho para vocês e tentar levá-los a querer assistir a essas demonstrações de tudo isso que foi dito aqui:

1 - Valente

O longa metragem da parceria Disney/Pixar tem os elementos que a maioria dos fanáticos por Disney mais gostam: superação e família. A história acontece em uma sociedade viking medieval, em que 4 famílias dividem o poder. Merida é a princesa e primogenita de uma dessas famílias e para manter a paz ela precisa se casar com o filho de uma das outras 3 famílias. O problema é que Merida não está preparada e muito menos acha certo um casamento arranjado, prefere mesmo ter a sua liberdade e escrever a sua própria história. Por causa de sua personalidade, entra em conflito com a sua mãe e ainda fragiliza ainda mais os laços de sua família, ao fazer um acordo com uma bruxa e a sua mãe acabar transformada em um urso.
Merida é daquelas personagens arrebatadoras. Mesmo que você não concorde com a forma como ela age, com certeza vai torcer profundamente por esta princesinha. Por falar em princesa, Merida é a primeira princesa de Disney que a sua história não gira em torno de um romance, de forma que foi possível se visitar outros valores, principalmente o da família (tão querido pelos criadores da Pixar).
Além do visual tradicionalmente belo (reconstruindo lugares da Escórcia medieval) e finamente acabado, a história é muito bem construída e tensa em alguns momentos, mas relacionável e muito bem linkada. 
Valente é um daqueles filmes que você nem sente o tempo passar e principalmente te dá algo para refletir.

2 - A Era do Gelo 4

Mais uma animação da manada incomum de Manny e companhia. Não mais assinada pelo brasileiro Carlos Saldanha e rodada pela Blue Sky, A Era do Gelo 4 tinha tudo para se perder, já que para muitos a história já estaria saturada (principalmente depois de uma terceira parte que pareceu não agradar muito). Porém, nem os personagens se apagam e nem o filme tem menor qualidade técnica que os outros da série. Talvez a história seja um pouco mais fraca, já que desta vez eles apostaram em uma aventura um pouco mais mansa.
Na história, Diego, Manny e Sid se separam do resto de seus amigos (Ellie, Amora e os gambás) quando a Pangeia começa a se dividir. Em meio a isso os amigos são atacados pelo mal tempo e por um grupo de piratas, liderado por um macaco nada simpático, que oferece uma grande ameaça, tanto aos herois, quanto aos seus entes queridos. Falando em entes queridos, entre os personagens novos a avó de Sid se junta à manada e ainda é a responsável por salvá-los.
Cheios de piadas de duplos, triplos e até quartos sentidos, A Era do Gelo 4 é diversão na certa.

3 - Madagascar 3 - Os procurados

Madagascar melhora como um vinho, a cada longa metragem a história fica mais rica e os personagens mais cativantes. A animação da DreamWorks começou como uma historinha legal sobre um grupo de animais do zoológico que acabam perdidos na Ilha de Madagascar, onde conhecem o Rei Julian e com a ajuda do pinguins na continuação vão parar na África. Como eles são chiques e adora viajar no 3º filme eles circulam por Monte Carlo, Paris, Roma, Inglaterra e...finalmente Nova York. 
Para conseguirem escapar de uma guarda do departamento de animais francesa eles se passam por animais de circo, até que resolvem comprá-lo para ter uma chance de voltar para Nova York. Acabam descobrindo que o espetáculo deles é terrível, então montam um novo e melhorado show.
Além de ter um roteiro cativante, os animadores investiram em cores fortes para ressaltar o ambiente circense e ainda por cima foram capazes de reabordar os temas de amizade, confiança, coragem e comédia pastelão, muita comédia pastelão.
  

Aranha com estilo


A história já conhecida (e até batida) de Peter Parker, Mary Jane e companhia parecia não precisar de mais nada. Todo mundo já conhecia a saga, torcia pelo casal de mocinhos, queria que Peter pudesse ter impedido a morte de Tio Ben e ainda torcia para que o melhor amigo de Peter não fique com raiva dele e todas essas coisas, que, para quem curte heróis, já viu nos quadrinhos e nos desenhos mais clássicos. Com uma nova pegada inteligente, o diretor de 500 dias com ela nos surpreende mais uma vez ao pegar uma história que estava escrita e reescrevê-la de uma forma, se o trocadilho for permitido, espetacular.
As diferenças já começam com o estilo de Parker. Nos primeiros 3 filmes Peter era um bobalhão. Nerd convicto e estilo loner, Peter não tinha nenhum amigo e muito menos era alguém interessante. Estas características ainda se mantinham mesmo depois da picada (até hoje me pergunto como ele conseguiu a Mary Jane); o Peter de Andrew Garfield é espontâneo, amigável e, sim, nerd, mas é aquele nerd que todo mundo quer ser amigo. Sem contar que Peter se diverte sendo Homem Aranha. Ele tira sarro dos bandidos e ainda por cima dialoga com eles de maneira irônica, sem perder o estilo 'heroi'. Até em seu momento mais sombrio (depois da morte de Tio Ben) ele nos cativa e literalmente compramos a briga dele.
A segunda diferença marcante está na personagem que se torna sua parceira. Quem leu os quadrinhos ou assistiu aos desenhos antigos, conheceu Gwen, mas quem limitou o seu vocabulário aracnídeo aos filmes anteriores ficou imaginando quem seria a loirinha bonitinha? Bom, de um modo ou de outro, uma coisa é certa: Gwen conquista a todos pela sua personalidade carismática e meio nerd também. O mais importante é que Gwen é uma daquelas personagens que não precisam de muito para se tornaram memoráveis, até bem mais do que a superficial Mary Jane.
A história ainda gira em torno da transformação de Peter em Homem Aranha, mas tem uns toques mais misteriosos no roteiro, que nos deixam perguntando o que virá em seguida. Exemplo disto é a morte dos pais de Parker. Este mistério parece que só será explorado no desenrolar dos dois próximos filmes, mas todos temos a impressão de que foi uma morte encomendada e tem até gente achando que eles não morreram. Certo de que a abordagem da história dos pais de Peter marca outra grande diferença com os filmes anteriores, a nós só resta esperar para ver o que vai acontecer.
É bem verdade que o filme deixa a desejar em algumas coisas, a exemplo do prof. Curtis Connors que acaba sendo mais visto como um louco, do que realmente um cientista engajado em melhorar o mundo, mas esse detalhe é tão "pequeno" que o resto do filme (principalmente os seus personagens) compensam tudo isso.
Fato é, a Marvel tem tentado investir em filmes com histórias que não exigem um enorme conhecimento de quadrinhos ou dos desenhos animados antigos para entender a trama. Tudo é bem apresentado e os personagens são todos bem construídos. Assim, mesmo que você não seja um quadrinhopedia ambulante, vai curtir a beça o filme e desprocupadamente.
A única coisa que eu senti muita falta foi a clássica fala de Tio Ben "Com grandes poderes veem grandes responsabilidades" e penso que não fui a única a sentir que faltou esse elemento na trama.

Clássico


Muitas vezes você pergunta para alguém qual o seu estilo e essa pessoa responde: "clássico". Mas pessoalmente, eu sempre quis saber o que é exatamente ser clássico. Quero dizer, clássico é uma daquelas palavras que ninguém sabe um sinônimo verdadeiro, então descreve como tentativa de explicar: 'atemporal', 'nunca fora de moda' e até mesmo 'necessário'.
Bom, de fato todas estas definições não estão erradas, clássicos são tudo isso, porém para muitos o clássico é algo antigo, algo que simplesmente é ultrapassado e que se diz 'atemporal' como uma desculpa para usar sem ser considerado fora de moda.
Sim, o clássico pode ter essa definição, mas apenas se você achar que o clássico não faz o seu estilo, agora, isso é pessoal de cada um e (em alguns casos, infelizmente) não tem nada que possamos fazer para reverter, a não ser apontar as belezas dos clássicos.
O clássico é aquela peça que está no seu guarda-roupa e consegue complementar muitas outras, como a calça jeans de corte reto, a camisa branca, o vestidinho preto e o cardigã. Estas peças são impecáveis, pois conseguem ser chiques e também casuais, tudo depende de como você as usa. E por incrível que pareça, a revista Glamour me ensinou que outras peças já são consideradas clássicas, como os óculos de sol gigantes, animal prints, estampas pucci e a regata canelada
Então, ter peças chaves no guarda-roupas, acaba sendo mais interessante do que tentar compor diversos looks de forma meio bagunçada, Carolina Herrera, a estilista, usa camisa branca há anos e está sempre fabulosa e atual. A mesma coisa Audrey Herpburn, que abusava do pretinho e colocava uma sapatilha bicolor da Chanel para complementar o estilo. 
E o mais interessante é que: mesmo quando não são necessariamente Chanel ou Givenchy, as peças clássicas são belas, por que conseguem manter o ar de duradouro e discreto, sem perder o charme.
De modelo impecável, algo digno de ser imitado, o clássico tambpem pode ser representado por DIVAS como Kate Middleton, Audrey Hepburn, Jackie-O, Natalie Portman e Grace Kelly, por que muito mais do que clássicas nas peças que utiliza(va)m, estas mulheres são(eram) clássicas na forma de se portar. 
Conclusão: além de moda, o clássico seria uma forma de vida, pois como Coco Chanel dizia: "a moda passa, o estilo fica".

Destino une Disney e Dalí

Buscando algum texto marcante que já tinha publicado no Livros e Afins, encontrei este, que além de ser um dos melhores temas que eu já abordei, marcou a minha entrada como colaboradora deste site.

Em 1946, Disney ouviu uma canção chamada Destino (uma canção mexicana composta por Armando Domiguez) e teve uma ideia parecida com a concretizada em Fantasia. Walt resolveu que queria atrelar música erundita, animação e artes plásticas. 
Se em Fantasia (1940) Disney ousou com a pintura abstratas e as pinceladas fortes do expressionismo, nesta nova obra ele queria algo ha mais. Ele queria o Surrealismo. Então, convidou Salvador Dalí para um projeto caro e arriscado. Desenhar quadros surrealistas para compor um curta de 7 minutos em cima da canção escolhida. Os dois ficaram debruçados sobre o projeto por 9 meses, mas infelizmente tiveram abortar a missão, uma vez que a empresa de Disney estava se recuperando do pós-guerra e Dalí não tinha condições de tocar o projeto sozinho.Assim, Destino foi engavetado. 
Felizmente, o projeto foi retomado em 2003 pelo sobrinho de Disney, Roy Disney Jr. sob os atentos olhos da 1ª dama de Dalí, Gala. O projeto, desta vez não levou tanto tempo para ser finalizado, até por que tinha o envolvimento de 25 cabeças geniais e empenhadas em terminar. Quando finalmente o curta saiu, foi premiadíssimo pelas críticas de festivais de cinema, ganhando destaque no gênero e também premiações na Austrália e nos EUA, sendo considerado o melhor curta-metragem de 2003. O curta também concorreu ao Oscar como melhor curta de animação. 
O curta conta a história de amor entre Chronos – Deus do tempo na Mitologia Grega – e uma mortal. Os personagens dançam em um ritmo que parece balé e se chocam em momentos de pura magia e surrealismo. É impossível não enxergar os “dedos” de cada um dos artistas, basta reparar nos traços característicos de Dalí e Disney. Ambos artistas deram seus toques pessoais, tornando o curta uma obra prima de duas mentes obstinadas e ousadas.

Glamour com conteúdo


Você olha para essa revista e pensa: "mais uma DAQUELAS revistas". Onde 'daquelas' você pode entender como clichê, ruinzinha, mal escrita, cheia de besteiras e até mesmo como o 'enlatamento' dos gostos femininos. É, de fato as revistas direcionadas ao público feminino se restringiu a 2 tipos: a) o que fala de moda, cabelo, beleza, celebridade, horóscopo e homem, normalmente mensais; e b) as que falam de fofoca, celebridade, horóscopo, receitas e dieta, normalmente semanais; muitas vezes esses tipos se encontram e "conseguem" se encontrar numa revista (cheia) só.
Fato é que a revista em questão, que vos falo nesse post me deixou muito animada de diversas maneiras e talvez outras revistas (até as que não são direcionadas para o público feminino) possam aprender com ela.
Falo da revista Glamour, da editora Globo. Não sei quantos de vocês já viram esta revista nas bancas (até porque ela é bem recente - está no nº 4), mas como falei antes olhando, parece farinha do mesmo saco, mas um olhar mais prolongado pode surpreender você.
Tirando pela capa e pelo layout (um pouco cheio de coisa demais para o meu gosto) a revista parece ser uma bagunça. Tem muita imagem, muita colagem, muita cor e muita informação junta, mas é aí que vem o X da questão, é muita informação, mas tudo passada com um tom diferente (que foge da fofoquinhas meia-boca ou de auto-ajuda de quinta), até um pouco jornalístico mesmo.
É claro, como qualquer outra revista do tipo, a Glamour fala de moda, beleza, cabelo, maquiagem, horóscopo, homem, celebridade e todas essas coisas que conseguem dialogar com a maior parte do público, porém ela consegue trazer algumas coisas muito únicas, como uma verdadeira sessão de artes, com cinema, literatura, artes plásticas, exposições e novidades em geral. Além disso, as entrevistas são deliciosas e não ficam na mesmice de sempre com perguntas como: "o que te inspira?", "porque você decidiu seguir por esse caminho?" e "qual a sua cor favorita?".
As sessões "Ei, é Ok!", "G Crônica" e "GRelacionamento" deste mês estão sensacionais. Dou uma ênfase especial a terceira, pois aborda o assunto: amor + dinheiro de uma forma inteligente e nem um pouco preconceituosa, falando de como o dinheiro pode sim influenciar nos relacionamentos, sem cair em discurso moralista.
A sessão "GEspecial" com Kelly Osbourne foi a minha queridinha, já que sou fanzoca de carteirinha dela. Adorei a ênfase (não afetada) que eles deram na auto-estima e nos problemas (que todos passam) de imagem. E a matéria que fizeram sobre os clássicos me deu arrepio de tanta ideia pipocando na minha cabeça para alimentar este blog.
Afirmo para vocês, queridos bebedores de café, que a Glamour não se trata de uma novidade, porém se trata de qualidade. E há tempos não víamos algo assim nas bancas.

Antes do videoclipe: os soundies

Em 1940, no Estados Unidos surgiam os soundies. Antecessores dos videoclipes (e até mesmo das televisões), os soundies marcaram época e ainda puderam disseminar a imagem associada ao som, que por muito tempo tinham trabalhado de formas distintas, já que se acreditava que a imagem (principalmente no cinema) não necessitava de som como ferramenta principal, e sim como uma coadjuvante.
Agora para se ter uma ideia do que seriam os soundies é interessante tentar visualizar a seguinte descrição: imagine uma jukeboxe, daquelas bem antigas e largas, só que ao invés do vidro para ver os discos, você tem uma tela na parte de cima e um alto-falante na parte de baixo. Você coloca uma moeda, escolhe uma canção e na tela um "filme" começa a ser exibido, mostrando o cantor fazendo uma apresentação daquela música.
De fato hoje esse sistema nem parece tão interessante assim, porém na época isto foi um estrondo! Todas as lanchonetes e lugares badalados tinham uma soundie a disposição de quem quisesse colocar uma moeda, além disto os soundies foram importantíssimos para marcar a transição do cinema mudo para o falado, pois mostrou que era possível gravar em um mesmo rolo som e imagem e também foram um avanço tecnológico significativo para a época (lembre-se que as tvs ainda não existiam).
Porém como o custo de manuntenção e de criação das peças dos soundies eram muito caras para serem produzidas, essa máquina teve um período muito curto de vida e enfrentando uma série de problemas, até que morreu definitivamente em 1946. Vale aqui ressaltar que os soundies, apesar de não serem exatamente um cinema, acabaram representando um tipo de concorrência mais barata e acessível, sendo desprezados pela comunidade filmíca da época.
Sem contar que o sindicato nacional dos músicos ficaram temerosos que os soundies pudessem esvaziar as salas de espetáculos ao vivo e em 1942 decide não permitir que nenhum de seus associados seja filmado para os soundies, o que restou para os produtores da maquina investirem em cantores não conhecidos e por vezes de gosto não popular.
O golpe de misericórdia aos soundies foi o surgimento da televisão, que vai concorrer com ele em seu próprio terreno, investindo em performances musicais e tomando conta dos espaços em lanchonetes e bares, já que nesta, os clientes não precisariam gastar um centavo se quer.
A televisão toma para si essa coisa de ser o fonográfico visual, já que seu estilo (quando começa) remete muito às transmissões radiofônicas, mas ela consegue também se diferenciar criando estilos próprios e genuinamente televisivos como a transmissão de espetáculos musicais ao vivo e o telejornalismo, sem contar que com o surgimento do vídeo gravado, surgiram as novelas e os videoclipes, este segundo sendo uma alternativa de difusão musical, independente do disco e dos shows.
Saiba mais sobre os soundies: aqui e aqui

Cheias de Cliques


Com um bom disfarce de popular, a novela da rede Globo "Cheia de Charme" ganha cada vez mais espaço e também adoradores.
Focando na amizade e na carreira musical das três personagens principais, a novela tem um enredo um pouco diferente, que quebra com a mesmice dos amores de casais fofos exageradamente bonzinhos e ainda ganha destaque pela qualidade do seu texto, incorporando elementos que o torna leve e de fácil associação com o nosso cotidiano, mesmo que não sejamos empreguetes. Além disso, é interessante se parar para notar a questão da oralidade (ou forma e estilo de falar) de cada um, mostrando alguns pontos da variedade que existe em um só lugar. 
É fato que todos estes personagens são escraixados e caricaturas de seres reais até certo ponto, porém "Cheias de Charme" acaba ganhando espaço, por não simular seus personagens, e sim utilizar disso para fazer uma espécie de ironia com "tipos" cada vez mais comuns no mundo da música (não só dela); como a cantora cheia de brilhos, paetês, leds e apliques; ou o cantor cheio de manias e que é seguido e idolatrado por milhares de pessoas que se autodenominam "fanáticas". Falando nas fanáticas, esta é outra questão muito bem explorada pela novela, mostrando que em alguns casos esse fanatismo toma conta da vida da pessoa, fazendo com que ela viva a vida (midiática, por sinal) do ídolo e não mais a sua.
E nesse meio, a novela ainda fala de aparições astronômicas, porém fugazes, quando mostra a carreira dos cantores que conseguem fama e reconhecimento através de vídeos no youtube e envolvimento nas redes sociais, que é bem como começa a carreira das Empreguetes. A partir daí a novela conseguiu o que, pessoalmente acho, foi um dos seus maiores ganhos: a habilidade de colocar tudo em feed.
Da forma como a trama se linkou com a internet, várias pessoas passaram a acompanhar esta história pelo pc, nas redes sociais e até mesmo comentar sobre ela por aí em blogs, faces e twitters. Como exemplo posso citar o mistério que se instalou ao redor do tal Clipe das Empreguetes: aconteceu que a rede segurou o clipe até o sábado, mostrando alguns trechos apenas e enquanto os personagens "postavam" o vídeo e o divulgavam na internet, entrava no ar um site onde era possível se ver o clipe. No final do episódio, extremamente curiosas, milhares de pessoas acessaram o site para ver, e o resultado é que na trama, acontecia o que estava acontecendo de fato no site das Empreguetes.
Com esta integração multimídia, inclusive ainda mantida (vide o concurso das empreguetes do Brasil promovido pelo Fantástico), a Globo também conseguiu prender a atenação de um público que há algum tempo não pára mais na frente da TV para assistí-la. Se a jogada vai ser continuada, acho muito provavél, por isso não duvide que logo logo teremos outras manifestações dessa conexão, através de twitters, apps/androides e afins. 
A verdade é que o céu deixou de ser o limite para quem investe (e sabe investir) no multimídia 2.0.