Tudo Colorido

O Festival Osga de Vídeos Universitários reservou uma série de momentos interessantíssimos para quem gosta de audiovisual. É bem verdade que ninguém espera de alunos de graduação, que ainda estão aprendendo a mexer com algumas ferramentas, um resultado tão profissional, mas foi o que pudemos ver em sua maioria entre os curta-metragens participantes.
Não é difícil saber o motivo do Festival ter conseguido transbordar os muros da Universidade em que nasceu e ter podido abrir tantas portas (até mesmo a porta do cinema centenário), basta prestar atenção no envolvimento e comprometimento dos alunos, professores e apoios, que fazem com que a premiação fique imensa e que os trabalhos fiquem, realmente, dignos de aplausos.
Mas vamos ao festival (clique nos nomes para ver os curtas): o tema deste ano foi "O ano em que fizemos contato" e assim como grande parte dessas temáticas, lidamos com as mais diversas formas de interpretação. Alguns pensaram em um contato de 3º grau, outros no contato com a família, no contato com outros mundos e até mesmo no contato com a sociedade.
Várias abordagens criativas encheram a telona do Cinema Olympia e muito merecidamente, as premiações foram variadas e bem distribuidas. Dou um destaque especial para o curta "5 minutos" que além da equipe ter conseguido parar a Doca para gravar uma cena (o que lhes valeu o prêmio de melhor produção), também trataram do "Fim do Mundo" de uma forma bem interessante, partindo da premissa de que "Será que o mundo precisa acabar para que entremos em contato?".
"Paralelo" da galera do Ver-o-take também fez as honras, levando boas premiações, como figurino, edição, fotografia e atriz. O curta abordou o tema de maneira mais fragmentada, mostrando a confusão na mente da protagonista, ao tentar juntar as peças do que tinha acontecido consigo. No final, uma figura que parece ser a morte, finalmente faz contato.
Outro curta que levou muitos prêmios para casa foi o "Pappilon" que, pessoalmente, pela divulgação feita acreditava que seria um dos melhores. A ideia de fazer contato a partir da entrada em um mundo a parte foi bem interessante, assim como os efeitos visuais utilizados por eles foram bem profissionais. A temática foi pesada, mas acho que eles conseguiram fazer com que não ficasse tão sério ou até sem sentido. Penso que algumas pessoas vão ficar com muito medo de borboletas a partir de agora...
Uma grata surpresa, no entanto, esperava por todos no último curta exibido no Festival e também grande vencedor, "Tecnicolor" (veja o curta abaixo). Digo grata surpresa, pois eles conseguiram, de maneira simples, contar uma história 'banal', usando recursos inteligentes e divertidos, além de um roteiro cativante. Falar do contato no momento em que duas pessoas se encontram e de repente descobrem que a vida pode ser colorida foi uma sacada bem inteligente, mostrando que as histórias que conquistam, não precisam ser super elaboradas, psicológicas ou artísticas.
Levando várias premiações, inclusive de divulgação (foi a equipe responsável pelo outdoor da BR), Tecnicolor deixou a noite de sábado mais colorida e sinceramente, não acredito que tenha tido alguém que depois de assistir ao curta não tenha aberto um lindo sorriso.
No final de tudo isso, só tenho a dar os parabéns para todas as equipes que participaram do festival e desejar longa vida a essa lagartixa tão querida!

Voando em 1ª Classe

Sonho de consumo dos rapazes dos anos 60 e sonho de profissão da moças da mesma época, as comissárias de bordo da empresa Pan Americana eram tratadas como celebridades por onde passavam e bastava dizerem uma palavra para terem seus pedidos atendidos.
Neste período voar de avião ainda era muito caro, então os serviços oferecidos pelas companhias aéreas normalmente eram top e mesmo que não houvessem muitas, nenhuma se comparava ao sucesso da Pan Am, que abriu em 1927, mas faliu em 1990.
Pensando sobre essa história e também no contexto histórico-social que o mundo vivia na década de 60, a ABC apostou em uma série refinada e cuidadosa, em que 4 comissárias e 2 pilotos da Pan Am são os protagonistas, contando como os seus dia a dias se entrelaçam com o que está acontecendo no mundo e como elas coinciliavam suas vidas pessoais e seu trabalho.
Entre as personalidades diferentes é interessante ressaltar os tipos que foram escolhidos pela série, como forma de simbolisar o que aquele período era: Temos Maggie, uma comissária à frente do seu tempo. Engajada politicamente e  de opinião forte, é também a mais determinada de todas em conseguir o que quer, capaz de mentir e até trapassear para não perder sua chance de viajar pelo mundo.
Temos Colette, uma naturalizada norte-americana, mas naturalmente alemã. Sofreu com a 2ª Guerra Mundial e por causa dela acabou refugiada na França, onde foi criada por outra família e se mudou para os Estados Unidos na adolescência.
Símbolo da mulher sofrendo com a modificação do mundo, Laura é uma típica boa menina norte-americana. Cheia de pudores e valores de sua mãe, faz a única loucura de sua vida ao fugir no dia do seu casamento para se tornar uma comissária.
Já o oposto de Laura é sua irmã Kate. Além de ser independente e não ligar para convenções, ela também é uma espiã do Governo Norte-Americano e mesmo que não saiba atirar ou lutar como profissional, Kate tem garra e graça, usando do seu uniforme da Pan Am para realizar algumas de suas missões.
Cada personagem tem o seu conflito pessoal e paralelo que só parecem se encontrar enquanto elas estão voando. Falando em voando, boa parte dos episódios correspondem a ida dos personagens para algum lugar no mundo, enquanto eles voam ficamos sabendo do que está acontecendo com cada um deles e suas histórias se alinham com a viagem.
Revisitar um passado contextualizado com fatos reais pode ser perigoso, mas os produtores e criadores tiveram muitos cuidados para não fazer tudo ficar artificial demais, trazendo elementos da cultura pop, também, como referências à artistas famosos da época e à objetos, como certa marca de bombom e um tipo específico de hot dog. 
Além de uma cenografia detalhada e referências meticulosas, os figurinos, maquiagens e roteiro são tratados de forma primorosa, de maneira que somos realmente transportados para os anos 60 e todo aquele clima de Guerra Fria, preconceito racial e de transições identitárias. No fundo Pan Am não é uma daquelas grandes séries que vai virar clássico algum dia, mas ela tem um quê interessante que estava faltando nas séries de hoje, ela tem classe.

Especial Bonequinha de Luxo - parte IV

E tem um pouco de teatro, cinema e literatura



Era muito comum nos anos 'dourados' do cinema a adaptação cinematográfica de obras literárias e/ou teatrais. Muitas delas eram a forma encontrada pelos estúdios hollywoodianos para garantia que as salas de cinema estariam lotadas e que as histórias seriam bem recebidas.
Mesmo que com o tempo os roteiros para cinema tenham se diferenciado dos roteiros teatrais e dos romances de várias maneiras, a inspiração ainda continua, de forma que não é incomum vemos filmes que ainda seguem esta tendência.
Agora será que o inverso é possível?
Guardando suas devidas proporções, o West End procura trazer para os palcos grandes blockbusters hollywoodianos, transformando-os em releituras de filmes famosos e fazendo isto de maneira grandiosa, com estréias dignas de tapete vermelho e atores que já tenham convivido com os palcos e com as telas.
Parece que o perigo dessas adaptações esteja na expectativa. Quem vai assistir Dirty Dancing anseia veemente pela cena em que "I've had the time of my life" vai acontecer e ela precisa ser exatamente o que eles esperam, de outra forma saem desacreditando a obra. O mesmo acontece com Grease e começou a acontecer com Bonequinha de Luxo.
Bonequinha de Luxo foi originalmente um livro que virou filme e que do filme, virou peça. Foi um movimento um pouco diferente de algumas das obras, mas que no entanto pareceu fazer sentido. Em uma matéria de 2009 do Guardian sobre a estréia de Bonequinha no Theatre Royal na Inglaterra, o repórter comenta a ansiedade da atriz Anna Friel em interpretar Holly Golightly no teatro, já que a sua personagem tinha ficado eternizada pela interpretação de Audrey Hepburn.
Estabelecer novas expressões e novos trajeitos na personagem foi praticamente impossível, já que Audrey teria batizado a personagem.

Vale aqui lembrar, que Bonequinha de Luxo já tinha sido adaptada uma vez para a Broadway, mas acabou não durando, justamente pela referência fortíssima de Audrey Hepburn. 
Mas foi dito praticamente impossível e não de fato impossível.
Anna tinha ao seu lado um grande diretor: Mathias. Este que foi taxativo em dizer: “Precisamos refazer no palco algo que teve tanto sucesso no cinema? Meu primeiro instinto foi ‘não, não precisamos!’ Por melhor que tenha sido o filme, há muitos elementos do romance que são diferentes”. Então eis que surge a idéia. Um mashup. Algo que remetesse tanto ao cinema, quanto ao livro, mas que não fosse exatamente igual nem a um, nem a outro.
Bom, então como fazer este tal de mashup?Simples: mistura-se uma Holly loira, cantando "Moon River"e que apareceria nua. Holly seria mais sexy que Audrey foi no filme, mas também seria menos ousada que a loira do livro. Paul seria realmente gay e tudo isso seria uma mistura contemporânea e retrô.
O resultado foram 4 meses de críticas massivas, tanto positivas, daqueles que viam Anna como uma nova e deslumbrante Holly; quanto negativas, daqueles que enxergavam a peça como uma clara tentativa frustrada de ser original e da atuação de Anna como fraca e improvável de atingir o espírito de carisma e selvageria que a personagem originalmente teria.
Fato é que a coragem não faltou nestes que investiram muito na hora de recriar Holly e as suas mais sinceras características. Anna não quis ser Audrey em nenhum momento, ela quis ser Holly e fazer o público ver Holly de uma maneira diferente, não necessariamente melhor ou pior, do que a retratada por Audrey em 1961. Então talvez esta tenha sido uma das grandes contribuições de Mathias e Anna, ultrapassar aquela fina linha que tira algumas pessoas dos teatros, picotando elementos tradicionais e indo além das expectativas preconcebidas de uma audiência de visão viciada.

Afinal de contas, esta não é a essencia original de Holly?

Fonte de inspiração do Post: O Patativa por Bernardo Schmidt

Mesa no Arara

Jornal Laboratório da Universidade da Amazônia me entrevistou sobre ter um blog. O Mesa acabou tendo destaque na edição de Março.
Confira.
Visualise aqui

"I'm too sexy for this shirt..."

Bom, depois do sucesso das versões de princesas que eu falei na matéria "O 'era uma vez' reinterpretado", acabei descobrindo um artista que resolveu apostar nos príncipes.
A idéia do israelense David Kawena era a de fazer os príncipes e heróis da Disney em uma versão sedutora, sexy e digna de GQ (e também de algumas risadas).
Fico feliz que alguém tenha lembrado dos príncipes, mas é bem chato saber que quase não tem trabalhos dando ênfase neles. =/
Bom, não posso colocar todas as imagens aqui, por que são muitas, mas vou colocar as minhas favoritas. Para ver os desenhos todos acesse o http://davidkawena.deviantart.com/gallery/89102 e divirta-se.
Será que você consegue identificar todos que estão neste post?

Porque Contos de Fadas?


Normalmente algumas questões aparecem quando falo que pesquiso contos de fadas e Disney. Algumas pessoas duvidam da sua relevância, outras de sua importância, outras tantas do motivo de eu pesquisar isto, achando até que sofro de algum tipo de distúrbio de Peter Pan, ligada a uma infância que parece nunca ir embora.
Da última possível justificativa, talvez tenha algo a ver com quem eu sou como pessoa. De gostar de desenhos animados até hoje, de gostar de ver aquelas histórias com óbvios finais felizes e achar que sim, o mundo pode ser um bom lugar para viver e para sonhar.
Mas as questões intrísecas dentro da minha escolha de pesquisa, perpassam por muito mais do que estes gostos e sonhos infantis. Pesquiso Contos de Fadas por que são narrativas com significados. Significados que nos remetem a costumes passados, contextos diferentes do nosso e sentidos dúbios, que podem ser interpretados como o bom entendedor quiser.
Falar desses sentidos múltiplos é ter certeza de que nem mesmo quando éramos positivistas, as coisas eram exatamente o que pareciam ser e isso não desqualifica nenhuma dessas histórias, muito pelo contrário dá a elas um aspecto atemporal.
Sim, pois estas narrativas, sendo as tradicionais contadas por seus escritores, seja as transpostas por Walt Disney em suas animações incríveis, continuam trazendo entre as suas entre-linhas questões emocionais, sexuais, familiares e, dentro de suas devidas proporções, universais, que podem ser reveladoras e acrescentar algo, tanto para quem já perdeu o medo do lobo mal, quanto para quem ainda acredita em príncipes encantados.

Mesa no Face



Demorou um pouco, mas eu finalmente criei a página do Mesa de Café da Manhã no Facebook.
Algumas pessoas já tinham me aconselhado fazer isso, mas eu nunca tinha conseguido parar na frente do pc para colocar em prática. E agora que o blog está todo montadinho e que a identidade visual dele está dentro do que eu queria, pude colocar as mãos na massa e fazer a página do jeito que eu queria.
Aqui no Mesa você tem as mais diversas possibilidades de "curtir" a página, mas se quiser conferir o conteúdo que sai por lá, acesse http://facebook.com/mesadecafedamanha.
Curtam ^^

Sparks e o Cinema

Com 18 romances publicados (13 traduzidos em Português), Nicholas Sparks é o mago dos livros que foram adaptados para o cinema, mas o que será que torna seus livros tão passíveis de se tornarem blockbusters?
Bom, a receita que Sparks usa parece ser muito similar a que os escritores de gerações depois de gerações utilizaram: o amor, acima de todas as coisas. Sparks constroi personagens bem redondos, de características humanistas e que em sua maioria passaram por algum tormento na vida. Além disto, o clima de constante drama se instala em toda a trama, para que se crie um ambiente em que a todo o momento o amor possa ser testado e também a fé e a crença que eles tem.
Mas, na minha opinião o que torna Sparks um verdadeiro sucesso é, acima de tudo isso, a sua forma de conduzir os dramas melosos. É dificil você conhecer alguem que não tenha se emocionado ao ler/assistir "Um amor para Recordar" ou "Diário de uma paixão" e isso poderia até ser chamado de uma maestrosa demonstração do que o kitsch pode conseguir, porém os dramas tratados por este escritor conseguem se sobrepor ao simples fato de serem apenas dramas e causarem emoção. Quero dizer que com cada situação que é posta em seus romances, Sparks pretende atingir outra.
Por exemplo, quando Jaime morre em "Um amor para recordar" ela consegue ajudar Landon a se tornar uma pessoa melhor; mesmo que John ainda ame Savannah, não poderia viver com ela sem tentar ajudar Tim melhorar, em "Querido John"; e o que se falar do amor que existe entre Allie e James em "Diario de uma Paixão", capaz de trazer lucidez à personagem que sofre com Azheimer.
Morte, amor, paixão, perdão, solidariedade, pena e fé. Estes são temas constantemente revisitados por Nicholas e todos eles são conduzidos de forma emotiva, as vezes até mesmo melosa, mas a forma como seus personagens são trazidos a nós não parece nada muito extraordinário, pois eles são extremamente humanos e conseguimos nos identificarmos com eles de alguma forma.
O novo romance deste escritor a virar filme é "Um homem de sorte", drama que conta de história de Logan e Beth, um casal que acaba junto por uma situação, no mínimo surpreendente. O rapaz encontra uma fotografia de Beth enquanto estava no Iraque como combatente, por sorte esta foto o salva e ele promete que vai encontrar a moça que aparece na foto, para agradecer. Quando se conhecem eles se apaixonam, mas Logan acaba se encontrando em uma situação bastante complicada ao ter que lidar com o filho de Beth e também seu ex marido, um cara bastante turrão e dificil de lidar.

O sucesso é quase certo nas bilheterias, assim como vai transformar o livro em um best-seller rapidinho, mas o melhor é esperar um pouquinho para ver o que realmente vais acontecer, mas uma coisa é certa, "Um homem de sorte" vai se juntar as histórias já tão famosas de Nicholas que dão as empresas softy's, kiss e klenex motivos para comemorarem.

Romances de Nicholas que viraram filmes:
"Diários de uma paixão" // "Uma carta de amor" // "Um amor para recordar" // "Noites de Tormenta" // "Querido John" // "A última música" // "Um homem de sorte".
P.S: A música tema do filme é uma beleza! Confira: The Fray - You found me

Especial Bonequinha de Luxo - Parte III

Dar uma festa para filmar uma festa

"Vocês fazem parte da vida de Holly. Não é uma festa doméstica, é uma típica festa Golightly, então não deixem que nada surpreenda vocês. Aconteça o que acontecer, não saiam do seu personagem e fiquem em cena". (Blake para o elenco de figuração antes de começarem a gravar a cena da festa. Citação tirada do livro 5ª Avenida, 5 da manhã de Sam Wasson)



No roteiro de Axelrood constava uma festa, mas em nenhum momento esta festa era descrita com detalhes, então Blake teve uma ideia. A ideia era fazer algo que ainda não tinha sido feito (nem mesmo parecido) no cinema: dar uma festa de verdade, para que se filmasse uma festa.
Figurantes foram contratados, comidas foram de fato servidas, bebidas foram distribuidas e 20 mil doláres foram gastos em sete dias de festa. Todo o desenho da cena foi criado para que parecesse uma baita festa, cheia de loucura, bebida e claro: o melhor estilo Bonequinha de Luxo.
Outra novidade foi usar, ao invés de playback quando a cena estivesse montada, música no momento da gravação, para que ela ficasse inserida na cena corretamente e para que os figurantes pudessem agir como se, de fato estivessem em uma festa, se divertindo e dançando.
Assim, espalhados por todos os cantos, os figurantes esperavam instruções para saber o que deveriam saber. Sam Wasson conta que o diretor criava as cenas na hora. Olhava para os figurantes e de repente parecia ter um insight, depois ia até a sua fonte de inspiração e lhe dava algumas orientações. A maioria das cenas da festa nasceram assim, como o telefone na mala, Holly ateando fogo no chapeu de sua convidada e o beijo de Martin Balssam com uma desconhecida dentro de uma banheira.
"Blake estava dando uma festa para filmar uma festa, de forma que do casual - ou, pode-se dizer, da realidade - ele podia selecionar detalhes do leque de pequenas histórias que estavam acontecendo naturalmnte a sua volta. "(p. 182)
Uma das figurantes, Joyce Meadows, conta que foi surpreendida com um beliscão na bunda. A cena não tinha sido combinada com ela, apenas com George Peppard, então o grito alto e a fala "Isso foi realmente necessário" não estavam no combinado. Este depoimento mostra que Blake estava testando coisas, inserido novas ideias em uma cena que poderia ser simplesmente coreografada. A festa filmada foi então trechos de misturas entre o que tinha sido combinado e o que tinha sido surpreendentemente bom. A cena da festa foi tão emblemática, que no ano seguinte o filme "Um convidado bem trapalhão" foi lançado e adivinhe só, o filme foi todo gravado a partir de uma 'festa real'.
O que poucas pessoas percebem, no entanto, é o alto teor crítico que a cena possui. ela foi toda desenhada para que mostrasse que as coisas não são exatamente o que parecem ser. "Cada efeito - do tapa-olho, passando pelo telefone na mala, o casal no choveiro - era propositalmente tirado do tema principal de Holly: (...) então mais do que piadas, as gags da festa envolvem todo mundo na charada, caçoando de quem é moderno de mais, bêbado demais ou elegantemente blasé demais para notar o que é óbvio para Paul Varjak: que aqueles malucos pdem ser glamurosos, mas nem fazem ideia disso. É a fachada cosmpolita reduzida a seu devido tamanho. (...)Afinal de contas, como diz O.J Berman, agente de Holly, 'ela é uma impostora, mas é uma impostora de verdade!'. " (ps. 187 e 188)
Estes elementos tão interessantes e que poucas pessoas se quer sabem, dão o tom de comédia a trama, mas principalmente, são capazes de dar um tom de bom gosto, transformando a história de Holly em uma comédia sofisticada, assim como seu vestidinho preto e sua intérprete, Audrey Hepburn.

Veja a cena completa abaixo. O único vídeo que eu achei 'inteiro' na verdade está dividido em 2, mas assitam é bem interessante para ver tudo o que foi dito neste post.